Ao cruzar as portas do hospital no plantão seguinte, Mariana sentiu os olhares de alguns colegas se voltarem discretamente na sua direção, seguidos de sussurros abafados. Tentou manter a postura firme, como se aquilo não a afetasse, mas o nó em seu estômago só apertava. Aproximou-se do balcão da enfermagem, onde Clara, sua colega de plantão, a esperava com um olhar de preocupação.
— Como você está? — perguntou Clara em voz baixa, tentando oferecer um sorriso de apoio.
— Sobrevivendo, eu acho — respondeu Mariana, forçando um sorriso que não alcançou os olhos. — Mas parece que todo mundo tem uma opinião sobre a minha vida agora.
Clara suspirou, lançando um olhar de reprovação na direção de alguns colegas que cochichavam do outro lado do corredor.
— As pessoas adoram um escândalo. Mas isso vai passar, você sabe como são as coisas aqui. Logo, alguém faz outra besteira e todos esquecem.
— Tomara que sim. — Mariana pegou a prancheta e começou a revisar os prontuários dos pacientes,