Aquela cena da minha filha, chorando, com a roupa molhada, acabou comigo. Nada do que Miguel e eu conversávamos importava mais. Luce tremia, assustada, agarrada ao meu pescoço. Meu único instinto foi protegê-la.
Levei ela direto para o banheiro.
Abri o chuveiro e deixei a água morna, cuidando para que ficasse na temperatura certinha que ela sempre gostou. Coloquei-a de pé com delicadeza.
“ Papai está aqui, meu amor. Vamos lavar primeiro o cabelinho, está certo? “
falei baixinho.
Enquanto eu massageava o shampoo no couro cabeludo dela, vi a tensão diminuindo aos poucos. Minha filha sempre confiou em mim, e eu sempre fiz questão de honrar essa confiança.
Quando terminei, me abaixei para ficar na altura dela e coloquei o sabonete em sua mãozinha.
“ Agora você cuida do seu corpinho, filha. Papai vai virar de costas. Quando acabar, me chama.
Virei imediatamente, olhando somente para a parede. Porque respeito não é opcional.
Porque ela precisa crescer sabendo que o corpo dela é d