Eduardo estava sentado em uma cafeteria anexa ao Instituto de Arte Contemporânea, esperando um investidor francês que atrasara. A música ambiente suave se misturava ao som dos talheres e do cappuccino sendo servido.
Então, algo tocou seus ouvidos.
Um arranjo de cordas. Violino. Piano discreto. Uma composição elegante, melancólica e... profunda.
Ele parou de digitar no celular.
A música o atingiu de forma estranha. Havia uma beleza nostálgica ali, como se cada nota dissesse algo que ele mesmo não sabia nomear. Um tipo de dor sutil, que carregava amor e saudade, e algo que escapava da lógica.
Que música é essa? ... perguntou ao garçom, apontando discretamente para o som ambiente.
Ah, essa é nova. Do recital instrumental do mês passado no Villa-Lobos. Uma tal de Clara Vianna. Tem encantado bastante gente, senhor.
Clara Vianna.
Nome desconhecido.
Mas Eduardo franziu o cenho.
Algo naquela música o incomodava.
Não como um ruído. Mas como um espelho. Algo familiar, embo