"Nem todo presságio vem em forma de trovão. Às vezes, é apenas um suspiro diferente no ar."
— Yumi
O dia 28 de dezembro amanheceu com aquele tipo de calma que dá a ilusão de que tudo está no lugar. O vento passeava pela serra com delicadeza, e o sol filtrava entre as árvores com um brilho manso. Não parecia haver urgências. Nem sinais.
Na casa dos Duarte, Ayla e Helena montavam pequenas guirlandas com flores brancas. Era uma tradição de final de ano: Helena acreditava que o branco atraía serenidade — e que o ato de preparar cada enfeite era uma forma de agradecer.
— Você acha mesmo que isso muda alguma coisa? — perguntou Ayla, segurando um ramo de jasmins com uma curiosidade estampada nos olhos.
— Muda a gente por dentro. E isso já é bastante — disse, tocando levemente a ponta do nariz da filha.
Rafael observava da varanda, com um jornal esquecido no colo. O riso leve das duas atravessava o quintal como uma melodia de paz. Eram por esses momentos que ele tinha certeza de todas as esc