Dante está ali. Aqui.
Meus olhos se prendem à figura do outro lado da porta.
O sangue martela nos meus ouvidos. Isso não pode estar acontecendo.
Mas está.
Dante Ferreira de Souza está parado no corredor do meu prédio, vestindo uma camisa escura que se ajusta ao seu corpo largo. A luz fraca desenha suas feições marcantes, sombras deslizando por seu rosto. Mas os olhos… os olhos estão fixos na porta.
Como se sentisse minha presença. Como se soubesse que estou aqui.
Meus dedos ainda estão na fechadura. Trêmulos.
Ele passou pela portaria. Como?
A segurança é rígida. Meu prédio não é um lugar onde qualquer um pode entrar sem identificação.
Mas Dante não é qualquer um. Se ele quis estar aqui, encontrou um jeito.
— Isabela, abra a porta. Sei que está aí.
O som da voz dele me faz sobressaltar.
Meu corpo inteiro entra em alerta. Medo? Não.
Ansiedade. Expectativa.
Porque a verdade cruel, aquela que tento afogar dia após dia, é que uma parte de mim queria vê-lo de novo.
Eu só não esperava que fos