Se eu ligasse, Dante saberia.
Isabela
Os dias passam, e eu retorno ao BOPE. Sou recebida com palmas, cumprimentos e palavras de alívio, mas tudo parece distante, como se eu estivesse ali apenas de corpo presente. Sorrisos se abrem ao meu redor, apertos de mão me são oferecidos, e vozes amigas expressam o quanto é bom me ver de volta. Mas nada disso consegue atravessar o muro invisível que ergui dentro de mim. O eco dos últimos acontecimentos ainda me acompanha, me mantendo presa em um lugar que ninguém mais pode alcançar.
No dia em que Ronilson me deu o celular, ele deixou seu número, dizendo que eu poderia ligar caso quisesse saber de Dante, saber se ele estava bem, se estava se recuperando. Desde então, todos os dias segurei o aparelho nas mãos, o polegar pairando sobre a tela, hesitante. Mas nunca tive coragem de ligar. Porque se eu ligasse, Dante saberia.
Tento me ocupar com o trabalho, forço-me a acreditar que posso simplesmente seguir em frente, apagar Dante da minha vida, dos meus pensamentos. Mas a verdade