Leandro passa a mão pelos cabelos curtos, um gesto quase frenético que revela sua frustração.
— Quero que no sábado você invente uma desculpa e desista desse emprego.
Meu coração dispara, e a indignação me faz reagir sem pensar.
— Não! — digo, com firmeza.
Leandro avança na minha direção, os olhos brilhando com algo entre raiva e desespero. Por um momento, penso que ele vai me tocar, mas ele para a poucos centímetros de mim, sua presença intimidante como sempre.
— Você não percebe que está tirando minha paz de espírito?
Dou um passo à frente, diminuindo a distância entre nós, e fito seus olhos com uma tentativa de suavidade. Seguro sua mão, apertando-a levemente.
— O que você viveu no passado não pode afetar o seu presente. Você ficou traumatizado, Leandro, e eu entendo isso, mas não pode deixar isso controlar tudo.
Ele balança a cabeça, soltando um suspiro pesado. Sua voz sai angustiada, quase cortante.
— Confesso que isso pesa, sim. Mas é muito mais que isso. Você não entende! — Seu