O som da chuva batendo contra a janela de seu apartamento parecia se misturar com os pensamentos caóticos de Isadora. Ela estava sentada na mesa da sala de estar, uma taça de vinho em suas mãos, mas o sabor era amargo demais para ser apreciado. Sua mente estava longe — nas fotos, na carta, nas palavras de Dominic.Ela sabia que o que ele havia feito não podia ser simplesmente ignorado. O que parecia ser uma traição não era algo que ela poderia perdoar facilmente, mas algo em sua consciência a impelia a continuar em busca da verdade. As promessas que ele fizera, o olhar sincero, a paixão que compartilhavam, tudo parecia perdido agora.Isadora suspirou e colocou a taça de vinho de lado, indo até o balcão para pegar seu telefone. A tela ainda mostrava a última mensagem de Dominic, enviada horas atrás: “Eu não posso te deixar, Isadora. Eu te amo, e vou lutar pelo que é nosso.”A confusão aumentava, e a desconfiança tomava conta de seu coração. Ela não sabia mais se as palavras dele eram a
O silêncio entre Isadora e Dominic era espesso como fumaça. Eles estavam na cobertura dele, cada um preso em seus próprios pensamentos, depois da revelação bombástica que abalou tudo: a suposta traição. Mesmo com as explicações dele, mesmo com o instinto de Isadora gritando que havia algo errado naquela história, a ferida estava aberta.— Você quer que eu simplesmente acredite? — ela perguntou, quebrando o silêncio, a voz embargada.Dominic passou as mãos pelos cabelos, visivelmente cansado.— Não quero que você simplesmente acredite. Quero que você me olhe nos olhos e sinta o que sempre sentiu. Eu fui chantageado, Isadora. Não houve traição. Alguém está tentando nos separar.Ela cruzou os braços, os olhos marejados. O peso da desconfiança ainda pairava no ar.— Então quem teria motivos pra isso? — ela sussurrou.Dominic hesitou. Seus olhos se desviaram por um instante.— Meu pai. Ou… talvez sua mãe.— O quê?— Seu pai era contra o nosso envolvimento. E minha família nunca aceitou a i
O vento da noite soprava forte no terraço do prédio da sede da empresa. As luzes da cidade pareciam distantes, quase irreais. Isadora chegou com o coração acelerado, o telefone ainda na mão. Ela subiu até ali sem pensar duas vezes, movida pelo peso da mensagem de Dominic — e pelo desejo desesperado de entender o que viria a seguir.Dominic estava de costas para ela, encarando o horizonte. Quando ouviu os passos, virou-se devagar. O olhar dele estava carregado, tenso, mas havia alívio ao vê-la.— Obrigado por vir — ele disse.Isadora parou a poucos passos, abraçando os próprios braços. — Você disse que precisávamos decidir juntos. Então fala. O que descobriu?Ele entregou o celular a ela. Isadora assistiu ao vídeo em silêncio, sentindo o chão sumir sob seus pés à medida que cada palavra da mãe ecoava pela gravação.— Isso não pode ser real… — ela murmurou. — Minha mãe? E a Helena?Dominic assentiu.— Agora sabemos quem está por trás disso. Por que. E como.Isadora fechou os olhos. Sent
A intimação estava sobre a mesa, como uma sentença fria e impessoal. Isadora encarava o envelope aberto, os olhos fixos nas palavras que pareciam gritar em sua mente: “Processo por quebra de sigilo profissional”. Era uma acusação grave, e pior — falsa.— Isso não pode estar acontecendo… — ela murmurou, passando a mão pelos cabelos, o coração batendo descompassado.Dominic chegou em casa e a encontrou na mesma posição. Ao ver o olhar perdido de Isadora, ele parou imediatamente.— Aconteceu alguma coisa? — perguntou, aproximando-se rapidamente.Ela apenas apontou para o documento.Dominic o leu com atenção, a mandíbula travando conforme avançava. Ao terminar, largou o papel sobre a mesa com força.— Isso é uma armadilha. E eu aposto que sei exatamente quem está por trás.— Helena… — Isadora disse, a voz embargada. — Ou minha mãe. Talvez as duas.— Elas estão desesperadas. Tentaram nos separar emocionalmente. Agora querem destruir sua carreira, seu nome, sua dignidade.— E se conseguirem
A ligação ainda ecoava nos ouvidos de Dominic quando ele desligou o celular. A voz masculina, grave e abafada, havia dito poucas palavras, mas todas carregadas de ameaça:— Ela não agiu sozinha. E o que vem agora… vai destruir tudo o que você conhece.Dominic ficou parado, olhando para o aparelho, tentando absorver o que acabara de acontecer. Ele não reconhecia a voz. Não havia sotaque forte, nem pistas de localização. Mas era claro que a pessoa sabia mais do que havia sido revelado no tribunal.Isadora entrou na sala, sorridente, com um envelope na mão.— Dominic, olha só. O juiz arquivou oficialmente o processo. Meu nome está limpo.O sorriso dela murchou assim que percebeu o semblante dele.— O que aconteceu?— Recebi uma ligação. Uma ameaça. Disseram que Helena não agiu sozinha… e que algo muito pior está para acontecer.Isadora sentiu o estômago revirar.— Você acha que é sério?— Acho que não podemos mais subestimar ninguém.Ela sentou-se ao lado dele, em silêncio. Depois de tud
O salão do hotel cinco estrelas estava tomado por uma atmosfera sofisticada. Lustres de cristal pendiam do teto, refletindo a luz dourada sobre taças de champanhe e risos abafados. O som suave do jazz preenchia o ambiente, enquanto os convidados transitavam entre conversas e olhares discretos.Isadora nunca foi do tipo que se deixava envolver por ambientes luxuosos, mas ali estava ela, sentada no bar do salão principal, observando as pessoas ao redor com um leve toque de desinteresse. Sua taça de vinho descansava entre seus dedos, e ela girava o líquido suavemente, perdida em pensamentos.Aquela noite não era diferente de tantas outras. Eventos de gala, reuniões sofisticadas, festas luxuosas… Tudo fazia parte do mundo empresarial, e ela já estava acostumada. Mas havia algo diferente naquela noite, uma tensão no ar que ela não conseguia ignorar.Foi então que o sentiu.O olhar intenso queimando sobre sua pele.Isadora ergueu os olhos e encontrou os dele.Do outro lado do salão, um home
O cheiro dele ainda estava nos lençóis.Isadora despertou lentamente, sentindo o corpo pesado, relaxado, como se tivesse sido consumida por horas a fio—e foi. Cada músculo pulsava com a lembrança da noite anterior. O calor da pele dele ainda parecia impregnado na dela, como se Dominic tivesse deixado marcas invisíveis que nem o banho mais demorado conseguiria apagar.Ela virou na cama, esticando a mão no lençol amassado ao lado. Frio. Vazio.Abriu os olhos de repente, piscando contra a luz suave que entrava pelas cortinas luxuosas do quarto do hotel. O relógio digital no criado-mudo piscava um número que a fez prender a respiração.8h47.O coração disparou. Merda!Ela sentou-se na cama de uma vez, o lençol deslizando por sua pele nua enquanto olhava ao redor. Onde ele está? Não havia sinal de Dominic. Nenhum barulho no banheiro. Nenhuma peça de roupa dele espalhada pelo chão. Nenhum bilhete deixado no travesseiro. Nada além das memórias febris da noite passada.Uma irritação inesperad
Os dias seguintes foram um verdadeiro teste para Isadora.Ela sempre soube separar a vida pessoal da profissional, mas agora, o universo parecia decidido a desafiá-la. Trabalhar sob a mesma estrutura que Dominic transformava cada instante em um jogo perigoso de controle.A cada passo nos corredores da empresa, sentia o olhar dele sobre si. A cada reunião, a voz grave e firme de Dominic ecoava como uma corrente elétrica por sua pele. Ele não precisava tocar nela para dominá-la—seu simples olhar já fazia isso.Mas Isadora não cederia.Dominic era um desafio, sim, mas não um que ela pudesse se permitir perder.Ela tentou manter-se ocupada. Participou de reuniões importantes, entregou projetos impecáveis e conquistou a confiança de colegas e superiores rapidamente. Era inteligente, ambiciosa e determinada a crescer.Porém, toda vez que sentia que estava recuperando o controle, Dominic surgia para bagunçar tudo novamente.Naquela manhã, ao sair da sala de reuniões, ela sentiu uma presença