O som dos passos apressados ecoava pelos corredores do hospital enquanto Isadora e Dominic atravessavam as portas de vidro. O ar frio do ambiente contrastava com o calor sufocante que tomava conta do peito de Isadora. Ela mal sentia os pés tocarem o chão.Teresa estava na UTI, internada às pressas após um pico de pressão e uma parada respiratória breve, provocada pelo choque das revelações na mídia. Os médicos estavam estabilizando seu quadro, mas a incerteza pairava como uma nuvem negra.— Por favor, preciso ver minha mãe — Isadora disse à recepcionista da UTI, a voz trêmula.— Ela ainda está sedada. O médico virá falar com você em instantes.Dominic a segurou pelos ombros, firme, tentando passar alguma força.— Ela vai ficar bem. Sua mãe é forte. Como você.Mas Isadora não respondeu. O medo era paralisante.⸻Enquanto aguardavam, uma mulher de meia-idade, de cabelos grisalhos e roupas simples, se aproximou com passos lentos. Trazia nos olhos uma mistura de nervosismo e pesar.— Isad
As primeiras luzes da manhã mal tocavam as janelas do apartamento de Dominic quando Isadora acordou. A noite tinha sido um turbilhão — o hospital, as revelações, a carta, o nome do irmão perdido. Nada parecia real, mas tudo era urgente.Sentada no sofá com uma xícara de café esquecida nas mãos, ela observava a cidade ainda adormecida.Dominic surgiu da cozinha com o celular no ouvido.— Sim, Rafael. Verifique todos os registros ligados ao nome da enfermeira Célia e procure por adoções feitas no mesmo período… Isso. Priorize registros com a data de nascimento em setembro daquele ano. Preciso disso ainda hoje. — Ele desligou e sentou-se ao lado de Isadora.— Temos um ponto de partida. O nome da família adotiva que apareceu nos documentos antigos foi “Soares de Mendonça”. Um sobrenome raro. Meu investigador já está cruzando os dados.Isadora assentiu, tensa.— E se ele já souber? E se Helena já tiver o manipulado contra mim?— Se for esse o caso, teremos que mostrar a ele a verdade. A hi
O silêncio que seguiu a declaração de Cael era quase insuportável. Nenhum dos presentes ousava se mover, como se a respiração de todos estivesse suspensa, esperando a próxima explosão.Isadora ainda estava de pé, o olhar preso ao rosto do irmão recém-descoberto. Era como se os anos de dor e perguntas finalmente tivessem um nome, um rosto — e agora, uma escolha.— Cael… — ela sussurrou, dando um passo à frente. — Eu sei que tudo isso é demais. Mas, se me der uma chance… se vier comigo, eu posso te mostrar o que foi tirado de nós.Cael desviou o olhar, os olhos brilhando com raiva contida.— Eu cresci sem saber quem eu era. Me fizeram acreditar que meu passado não importava, que minha família era um empecilho. — Ele olhou diretamente para Helena. — Você me criou para ser uma marionete. E agora espera que eu aceite tudo calado?Helena tentou se recompor.— Eu te criei com tudo o que podia te oferecer. Educação, influência, oportunidades. Você devia me agradecer!Dominic deu um passo à fr
As horas seguintes à ameaça de Roberto Alcântara foram tomadas por movimentações tensas dentro da empresa. O patriarca estava decidido a revidar, e isso significava usar cada conexão, cada segredo e cada influência para retomar o controle absoluto.Isadora, Dominic e Cael se reuniram no apartamento de Dominic. Era a primeira vez que os três se viam como aliados de verdade — unidos não apenas por sangue, mas por algo ainda mais poderoso: o desejo de justiça.— Temos que antecipar o próximo passo do meu pai — Dominic disse, andando de um lado para o outro. — Ele não blefa. Ele vai tentar nos afastar da empresa, difamar você, Isadora, e descredibilizar Cael.— Eu já vivi escondida tempo demais — Isadora respondeu com firmeza. — Não vou mais correr. E não vou deixar que nos derrubem.— Concordo. — Cael falou, encarando o próprio reflexo na janela. — Mas precisamos mais do que palavras. Precisamos de provas, de aliados estratégicos. Precisamos saber exatamente o que ele está escondendo.Is
O salão estava em silêncio absoluto. Nenhum dos presentes ousava interromper o que acabara de acontecer. Roberto Alcântara, outrora o pilar inabalável de um dos maiores grupos empresariais do país, estava diante de todos, desmascarado.Helena tentava manter a postura, mas sua expressão de pânico e fúria revelava o colapso iminente.— Isso é uma conspiração — ela ainda murmurava, a voz falhando, enquanto se afastava do palco.O presidente do conselho, visivelmente abalado, pediu um recesso de trinta minutos. As lideranças se retiraram para uma sala reservada, enquanto o salão fervilhava em comentários e celulares vibravam com notificações.Isadora respirou fundo, apoiando-se na cadeira. Dominic, ao seu lado, apertou sua mão com firmeza.— Acabou — ele disse. Mas ambos sabiam que não era tão simples assim.Cael, do outro lado da mesa, olhava para a porta por onde Roberto havia saído.— Ele não vai aceitar isso calado. Um homem como ele não perde e simplesmente vai embora.Isadora concor
A sede da Alcântara Group amanheceu sob uma névoa de especulações. Manchetes estampavam as bancas e as redes sociais ferviam com opiniões divididas. Enquanto muitos defendiam Isadora, outros questionavam sua ascensão meteórica e insinuavam favorecimento por relações pessoais.Isadora chegou cedo à empresa. O semblante fechado escondia o cansaço da noite mal dormida. Cada passo até sua sala era acompanhado por olhares — alguns de solidariedade, outros de julgamento.Dominic apareceu minutos depois, os olhos sombrios.— Já estamos monitorando os danos. O departamento jurídico entrou com um pedido de retratação formal contra a revista.— Isso vai demorar. E a opinião pública se forma rápido — Isadora disse, sem esconder a frustração.Ela estava acostumada a enfrentar desafios, mas ver seu nome manchado com mentiras era como ter sua alma despida diante do mundo.Dominic se aproximou, abaixando a voz.— Eu tenho uma informação, mas… preciso que esteja preparada.— Diga logo.— Um ex-funcio
O salão do hotel cinco estrelas estava tomado por uma atmosfera sofisticada. Lustres de cristal pendiam do teto, refletindo a luz dourada sobre taças de champanhe e risos abafados. O som suave do jazz preenchia o ambiente, enquanto os convidados transitavam entre conversas e olhares discretos.Isadora nunca foi do tipo que se deixava envolver por ambientes luxuosos, mas ali estava ela, sentada no bar do salão principal, observando as pessoas ao redor com um leve toque de desinteresse. Sua taça de vinho descansava entre seus dedos, e ela girava o líquido suavemente, perdida em pensamentos.Aquela noite não era diferente de tantas outras. Eventos de gala, reuniões sofisticadas, festas luxuosas… Tudo fazia parte do mundo empresarial, e ela já estava acostumada. Mas havia algo diferente naquela noite, uma tensão no ar que ela não conseguia ignorar.Foi então que o sentiu.O olhar intenso queimando sobre sua pele.Isadora ergueu os olhos e encontrou os dele.Do outro lado do salão, um home
O cheiro dele ainda estava nos lençóis.Isadora despertou lentamente, sentindo o corpo pesado, relaxado, como se tivesse sido consumida por horas a fio—e foi. Cada músculo pulsava com a lembrança da noite anterior. O calor da pele dele ainda parecia impregnado na dela, como se Dominic tivesse deixado marcas invisíveis que nem o banho mais demorado conseguiria apagar.Ela virou na cama, esticando a mão no lençol amassado ao lado. Frio. Vazio.Abriu os olhos de repente, piscando contra a luz suave que entrava pelas cortinas luxuosas do quarto do hotel. O relógio digital no criado-mudo piscava um número que a fez prender a respiração.8h47.O coração disparou. Merda!Ela sentou-se na cama de uma vez, o lençol deslizando por sua pele nua enquanto olhava ao redor. Onde ele está? Não havia sinal de Dominic. Nenhum barulho no banheiro. Nenhuma peça de roupa dele espalhada pelo chão. Nenhum bilhete deixado no travesseiro. Nada além das memórias febris da noite passada.Uma irritação inesperad