Felipe Sossmeier, aos 33 anos, é um empresário bem-sucedido em Nova Iorque. Vive um relacionamento indefinido com a modelo Britney Johson e vê seu mundo virar do avesso com a chegada de uma filha não planejada. Liara é jovem brasileira de 21 anos, que não mede esforços para salvar a vida da mãe. Em troca de ajuda para pagar a dívida que fez com pessoas muito perigosas, a moça aceita se mudar para os Estados Unidos, onde será a babá da filha de Felipe, seu grande amor de infância. A humilde e determinada Lia desembarca em solo americano e logo se vê no meio do fogo cruzado entre um bebê fofo, uma mãe relapsa e um pai workaholic. Felipe, por ter lembranças da menina desengonçada, com espinhas no rosto e aparelho nos dentes, fica surpreso ao se deparar com a deslumbrante mulher que Liara se tornou. Ele tenta resistir aos encantos da moça, ela nunca aceitaria se envolver com um homem comprometido, mas ambos são incapazes de resistir ao amor puro e desejos incontroláveis que nasce entre eles.
Leer más*** Nova Iorque***
***Felipe Sossmier***O choro estridente da minha filha reverbera através da babá eletrônica. Levanto-me às pressas e caminho cambaleante pelo corredor até chegar ao quarto da pequena Chloe.— Pronto, pronto, papai está aqui. — falo com carinho ao retirá-la cuidadosamente do berço.Sonolento, confiro e troco a fralda da minha menina. Ela ainda chora sem parar e sei que está com fome.— Britney, pode ficar com a nossa filha pelo menos 5 minutos pra eu fazer a mamadeira? — peço num tom bastante apelativo, ao mesmo tempo que acendo a luz do nosso quarto.Bri não reage, ela está com tampões de ouvido e máscara de dormir, que impedem que a incomode.— Isso só pode ser brincadeira… — resmungo enquanto puxo as cobertas.— Hei, me deixa dormir. — responde mal-humorada.Respiro fundo algumas vezes, buscando manter a calma. Faço tudo para não me alterar na frente de Chloe, não quero assustá-la e fazer ela chorar ainda mais.— Bri, por favor?— Ai, mas que saco! — ela senta na cama irritada e retira os acessórios de dormir — Fala logo, o que você quer?Com o grito da mãe, Chloe chora com mais intensidade.— Shiii, dá pra não gritar? — peço cerrando os dentes — Conseguiu assustar nossa filha.— Ah, mas que merda hei? Não posso dormir, não posso falar… Faz essa criança ficar quieta de uma vez.Conto até dez mentalmente. Definitivamente não tenho mais nenhuma gota de paciência.— Quer saber, Britney, não precisa mais, pode voltar a dormir. Eu desisto, Chloe tem 5 meses e você ainda não acordou pra vida, não se ligou que agora temos uma filha e as necessidades dela vêm em primeiro lugar.— Ah, que drama, Felipe. Só por que sou mãe eu não tenho o direito de dormir?Paro na porta, olho de volta para dentro do quarto e vejo minha namorada com as mãos na cintura me encarando.— Você pode dormir. Poderia também parar de espantar todas as babás que contratamos. Não tenho mais nem moral pra ligar na agência e pedir que mandem outra pessoa.— Mas…— Para, eu ainda não acabei. — interrompo — E na qualidade de mãe, sem uma babá, você deveria ser a primeira a ajudar acalmá-la, mas não precisa mais, eu me viro.A mãe da minha filha revira os olhos e bufa, caminhando até a mim.— Tá bom, não precisa ficar tão bravo, me dá ela aqui.Mesmo com cara de má vontade, pega a bebê do meu colo. Ela é tão desajeitada que tenho até medo de deixá-las sozinhas.No entanto, dou um voto de confiança, confiando nos seus instintos maternos.Corro para a cozinha e preparo a fórmula o mais rápido que consigo. Assim que retorno ao quarto, paro na porta ao me deparar com uma cena inusitada. Bri colocou a filha ao seu lado na nossa cama e está conversando com ela, contando uma história qualquer sobre um desfile na semana da moda em Paris.Não é nenhuma história infantil, porém, Chloe está quietinha, atenta à sua mãe, embora ainda esteja soluçando de tanto que chorou.A cena aquece meu coração e me enche de esperança de que em algum momento Britney aflore seu lado maternal e realmente se interesse pela filha.Desde que deu à luz, minha namorada parece viver em negação, rejeita qualquer aproximação com a menina e só se refere à Chloe como “essa criança”, “a bebê”, nunca como filha ou nossa filha. Isso não me deixa apenas triste, mas também bastante preocupado, pois já li sobre depressão pós-parto e sei o que isso pode acarretar na vida emocional da mãe e também no desenvolvimento da criança.Observo as duas por um tempo, antes de interromper o momento raro.O rostinho da minha filha, encantada olhando para a mãe, me faz sorrir. Afinal, mesmo não sendo planejada, esse pequeno ser é todo meu mundo, é o meu amor e a minha vida.Depois de dar a elas um tempo a sós, me aproximo da cama e estendo a mamadeira.— Aqui, pronto, princesinha do papai, hora de mamar e dormir.Espero para ver se Britney vai se prontificar para dar a mamadeira para a filha, mas ela imediatamente se levanta da cama.— Ai, credo, pensei que não ia mais voltar com essa mamadeira. Foi buscar isso aonde? É por delivery?— Ah, não seja resmungona, vocês até que se deram bem na minha ausência.Pego Chloe no colo e sugiro que a mãe a amamente.— Quer dar a mamadeira pra pequena?Com cara de insatisfação, Britney franze o cenho e põe as mãos na cintura, me olhando como se eu a tivesse ofendido.— Francamente, Lipe, eu tenho mais o que fazer do que ficar brincando de boneca com você a essa hora da madrugada. Aproveita que finalmente esse serzinho calou a boca e vá fazer ela dormir no quarto dela.Todas as minhas esperanças caem por terra ao ouvir um discurso tão desprovido de sentimentos.Vou para o quarto da Chloe evitando entrar em discussão e assustá-la outra vez.Quando volto para o nosso quarto, o dia já está clareando e não consigo mais dormir, logo tenho que ir para a empresa.Deito apenas para pôr as ideias em ordem, pensando que terei de levar Chloe comigo mais uma vez, já que a agência não quer mandar nenhuma babá depois que a quinta funcionária pediu demissão em menos de trinta dias.— Bom dia, amor… — Bri cumprimenta, se esfregando em mim.— Bom dia, Bri. — dou um selinho rápido nos lábios convidativos que ela aproxima dos meus e salto da cama.— Onde você vai? Fica mais um pouco comigo. — faz beicinho.Confesso que se fosse em outra época eu não pensaria duas vezes, já estaria duro por ela e até chegaria atrasado na empresa, pois transaríamos até estarmos exaustos. No entanto, essa indiferença dela com Chloe me deixa bastante cansado e irritado, não sinto tesão algum.— Infelizmente não dá, tenho uma reunião logo cedo, um negócio importante para fechar. — Caminho para o banheiro e ouço ela resmungar.— E quando você não tem um negócio mais importante do que eu?Não dou resposta, apenas tomo banho e vou para o closet separar uma roupa. Bri para na porta, se encosta no batente e me observa enquanto me visto.— Sabe, eu estava pensando, posso ficar com a bebê hoje.Com isso, ela ganha minha atenção e eu a encaro com espanto. É a primeira vez que se oferece para cuidar da filha.— O quê? Por que me olha desse jeito? Eu sou a mãe dela, já vi tudo que as babás fazem, não é nenhum mistério.— Você tem certeza? — questiono desconfiado.— Claro, não tenho nenhum compromisso hoje, eu fico com ela, sem problemas.Algum tempo depois, após repassar com Britney mais de uma vez a lista de horários e atividades da nossa filha, saio para o trabalho sem ter certeza de que fiz a coisa certa ao deixar Chloe sozinha com a mãe."Bom, é a mãe dela, preciso confiar que Bri não fará nada que prejudique a filha."Passo o dia entre uma reunião e outra, resolvendo pendências dos dias que não trabalhei direito por levar Chloe para o escritório.Ligo diversas vezes para saber como as coisas estão e em todas elas Britney garante que está tudo bem.— Ao menos não estou ouvindo o choro da pequena, é um avanço. — digo a mim mesmo.Assim que me libero das atividades mais importantes, corro para casa para encontrar minha princesinha.Do corredor já posso ouvir seu choro estridente. Abro a porta, deixo minhas coisas sobre o aparador e vou tirando o blazer para facilitar o manuseio com ela.Encontro minha filha aos prantos, deitada no berço. Imediatamente a acolho em meus braços.— Pronto, pronto, papai está aqui.O cheiro forte da fralda suja invada minhas narinas e sinto a roupa úmida molhar meu braço.— Essa fralda está cheia, não está? Logo vamos dar um jeito nisso. — falo tentando acalmá-la.Procuro Britney e a encontro em nosso quarto. Ela dorme serenamente com seus tamões de ouvido para abafar o som.Furioso, volto para o quarto de Chloe, minha filha é a minha prioridade no momento.— Sua mãe está bem encrencada, pequena, mas papai vai cuidar primeiro de você.Converso e canto para ela enquanto espero a banheira encher de água morna.Retiro suas roupas sujas, lipo o bumbum dela previamente com toalhas umedecidas e nessa hora a raiva só aumenta. Minha filha está toda assada e pela exaustão da fralda, suspeito que está há muitas horas sem ser trocada.Após o banho, com Chloe em um braço, ainda chorando desesperadamente, vou para a cozinha e preparo a fórmula com a mão livre.Assim que encosto o bico da mamadeira em sua boquinha, minha princesa suga com tanta força que tenho a impressão que ela não mamou o dia todo.Quando finalmente ela se acalma e dorme, Britney aparece na porta da sala, sonolenta.— Ah, você tá aí amor. Tá tudo bem? — ela pergunta e se j**a no sofá ao meu lado, trazendo seus lábios de encontro aos meus, mas viro o rosto.— Me diga, você Britney. Desde que horas você está dormindo?— Ah, não sei… desde a hora que você ligou a última vez, no meio da tarde. Que mal há nisso?— E qual a última vez que deu a mamadeira para Chloe?— Hum… ao meio-dia? É, foi na hora do almoço. — ela fala sem preocupação.— Britney, eu repassei com você toda a lista dos horários de troca e alimentação dela, qual o seu problema?— Ah, mas que saco, você chega já brigando. — ela se levanta indignada e altera o tom de voz — Eu dormi, sim, e daí? É proibido?— Não, não é proibido dormir, mas você assumiu o compromisso de cuidar da sua filha. Porém, cheguei e a encontrei chorando, toda assada e morrendo de fome. Quer que eu diga o quê? Quer que lhe dê um prêmio por irresponsabilidade?Não altero a voz para não acordar a pequena, mas deixo bem clara a decepção que Bri me causou.Sei o quanto é cansativo cuidar de uma criança o dia todo, mas se não tem ninguém por perto, não podemos relaxar e simplesmente largá-la a própria sorte.Com lágrimas nos olhos, Britney volta emburrada para o quarto, enquanto atendo uma chamada de vídeo de minha mãe, que mora no Brasil.— Oi mãe.— Oi, meus amores, como vocês estão? — ela sorri ao ver Chloe adormecida sobre o meu peito.— Estamos bem, mãe. — respondo sem querer dar detalhes de como as coisas estão caóticas — E você, como está o pé?— Recuperando, filho. Não vejo a hora de tirar esse gesso, mas minha dor maior é não poder estar aí para ajudar você a cuidar da minha netinha.— Não se preocupe com isso, dona Miriam, logo encontro uma nova babá e as coisas entram nos eixos.— Então, sobre isso, liguei justamente por que encontrei a babá perfeita para vocês.****LIARA SOSSMEIER****Dois anos passaram desde que nossas vidas finalmente entraram nos eixos. Às vezes, ainda me pego olhando ao redor, sem acreditar que superamos tanto juntos. Felipe está na cozinha com Alexander, nosso pequeno de 1 ano, que já ensaia algumas palavras. Chloe, agora com 4 anos, já me chama de "mami" sem hesitar, algo que derrete meu coração toda vez que escuto. Ela começou a me chamar assim quando preparamos juntas o quarto do irmãozinho, e Felipe, sabendo o quanto eu a amo como se fosse minha, nunca se opôs. Falando no meu marido — sim, agora eu sou a senhora Sossmeier. — Ele me lança um olhar cúmplice enquanto brinca com Alex, me fazendo lembrar de como a vida mudou tão rápido. Nossa família cresceu, e o amor que nos une parece apenas aumentar. A gestação não foi planejada e sei até o dia em que aconteceu. Fazia três meses que eu estava em Paris, foi durante uma das visitas surpresa de Felipe. A saudade era tanta que não nos preocupamos com a proteção. Nos cas
****FELIPE SOSSMEIER****Algumas semanas se passaram desde a prisão de Britney. A primavera já ficou para trás e o calor do verão agora toma conta de Nova York. Mesmo ao cair da noite, o calor persiste, impossibilitando qualquer tentativa de abrir a janela do carro em busca de uma brisa natural e refrescante, como costumo fazer, pois ela simplesmente não existe.A vida com Lia está boa, apesar dela ter voltado para o estúdio e as noites terem se tornado extremamente sem graça sem ela ao meu lado. Nesses últimos dias sinto que tem alguma coisa acontecendo. Decidi que devemos conversar, mas hoje não poderei ir diretamente até ela porque meu assistente resolveu dar uma de misterioso.Mais cedo, quando Liam me alertou sobre uma "urgência" no restaurante principal, fiquei preocupado. Estava prestes a finalizar o trabalho, imerso em uma montanha de relatórios, quando sua mensagem piscou na tela do meu celular. Sugeri resolver a questão amanhã, mas ele insistiu que não podia esperar. Agora es
****LIARA ALMEIDA****Britney parece ter o “time” perfeito para acabar com a nossa paz.— Estamos descendo — Felipe responde à babá enquanto procura o próprio telefone.Com Frank na linha, ele avisa sobre a visita inesperada da ex e o detetive pede para mantermos Britney ocupada até que a polícia chegue. Ele explica que um mandado de prisão já foi expedido contra ela, mas que a megera indomada não tinha sido encontrada em seu endereço de registro.Assim que encerra a ligação, rapidamente nos vestimos e descemos até o saguão. Antes mesmo de sairmos do elevador, já podemos ouvir a voz de Britney, alterada e agressiva.— Eu quero ver minha filha! — grita, com os cabelos despenteados e totalmente descontrolada. — Vocês não podem me impedir! Chloe é minha filha!— Britney, para com isso. Pelo bem da nossa filha, vá embora — Felipe pede com a calma que eu sei que está se esforçando para manter. — Você não tem nenhum direito sobre Chloe. Nunca se interessou por ela. Por que esse escândalo ag
****LIARA ALMEIDA****Os primeiros raios de sol invadem a cobertura, e, mesmo contrariada, abro os olhos devagar. Eu deveria ter aciondo o blackout automático.Ainda não tive coragem de voltar para o estúdio. Há dois dias, fui até lá para arrumar as coisas, mas não consegui dormir sozinha, mesmo com dois seguranças do lado de fora na porta. Estou tentando retomar a rotina aos poucos, mas sabe quando a tempestade passou e o dia continua nublado? Me sinto assim, tenho a sensação de que uma nuvem sombria ainda paira sobre nós.Felipe está adorando me ter aqui e eu confesso que estava sentindo falta de acordar ao lado dele todos os dias. Mesmo em seus sonhos, ele me envolve com seus braços, como se tivesse medo de me perder. Observo por alguns segundos seu rosto sereno e sinto um calor gostoso no peito. Apesar de tudo que passamos, estamos juntos, mais apaixonados do que nunca.— Bom dia, amor… — Felipe murmura, me puxando mais perto dele e beijando minha testa. — Dormiu bem?— Sim, agora
****LIARA ALMEIDA****Estou na cobertura de Felipe há dois dias, praticamente hibernando. Não saí pra nada. A ideia de enfrentar o mundo lá fora me dá calafrios, embora eu saiba que devo enfrentar meus medos de cabeça erguida. Só preciso de um tempo para digerir o que aconteceu.Brian foi um querido, me liberou do trabalho por uma semana, e as aulas, bom… essas eu recupero depois. Só de pensar em retomar a rotina, já me sinto exausta.Felipe tem sido o meu apoio. Ele e Chloe me fazem esquecer, ao menos por alguns instantes, o terror que foi ser presa e ter de passar a noite em uma cela imunda, com mulheres me olhando de um jeito estranho, como se pudessem arrancar meu pescoço fora sem o menor esforço.Vejo Felipe brincando com a filha no tapete da sala, completamente absorvido. A gargalhada dela ilumina o ambiente, e, por um breve momento, sinto como se tudo estivesse bem. Observo o amor que eles compartilham e me pergunto se um dia vamos poder viver sem essa sombra de ameaças.— Ah,
****LIARA ALMEIDA****Felipe desembolsou uma fortuna de cem mil dólares pela minha fiança. Enquanto a tarde avança, aguardo a confirmação do pagamento que me permitirá sair daqui. Fui obrigada a entregar meu passaporte e assinar um termo comprometendo-me a comparecer a todas as audiências para as quais eu for convocada. Mal posso acreditar que estou passando por toda essa confusão, afinal, eu não hesitaria em esclarecer toda essa merda que armaram contra mim.O som metálico da porta se abrindo me tira dos meus pensamentos. Estou sentada, esperando o que parece ser uma eternidade. A policial ao meu lado me observa, mas não digo nada. Dentro de mim, há um turbilhão de emoções que mal consigo processar.— Senhorita Almeida, pode me acompanhar. — A funcionária da corte aparece e eu me levanto, um pouco cambaleante, sentindo o peso de tudo o que passei nas últimas horas.Sigo-a pelo corredor sem dizer uma palavra. A cada passo, minha mente gira entre o alívio de finalmente sair daqui e a ve
Último capítulo