Nascida em uma pequena cidade da Europa medieval, Helena Lewis, filha do General de Village, foi treinada desde criança para sua autodefesa, após, um ataque trágico a qual sobreviveu. Então, ela passou a se dividir entre espadas e a boa educação que toda jovem na sua idade, sendo parte da nobreza, deveria ter. Preparada para se casar e ser uma boa esposa, Helena sempre se sentiu confusa, como se seu destino não fosse este, acreditava que nunca se apaixonaria por um homem, até que ela salva um desconhecido na praia. O Capitão James Winston, arrebata seu coração, mas Helena precisa se empenhar por um propósito muito maior: se vingar da morte de seu irmão. Por isso embarcará escondida num navio afim de ir em busca seu destino e lutar na guerra. Em seu coração valente há uma enorme batalha entre sua missão e seus sentimentos pelo Capitão. Ambos terão que esforçar para não se entregar a esse sentimento, mas será que eles vão conseguir?
Ler maisOito anos antes …
James Winston A viagem de volta a Molavid dura cerca de duas luas, é sempre exaustivo, somos tantos homens cansados das longas horas de batalhas, ansiosos em retornar para nossas casas, nos alimentarmos dignamente, repousar em nosso leito e rever nossas famílias. Entrei para o exército desde que atingi a idade suficiente, mas nunca estive tão ansioso com a volta. Como sub-oficial do exército cumpro todas as ordens do meu capitão Charles Ross, em dispensar a infantaria. Antes de me retirar, faço continência e observo o homem de cerca de quarenta anos, cabelos e barba longas e expressão endurecida, adentrar a residência oficial, sozinho e solitário. Nosso capitão é um homem de longa experiência militar, começou ainda rapazote, possuidor de grande sabedoria, o maior soldado que já conheci em batalha, dono de habilidades extraordinárias. Ao seu lado aprendi técnicas de domínio militar impecáveis e se existe um soldado mais completo que ele, desconheço. Já de costas para sair, ainda ansioso para o retorno ao meu lar, ouvimos de repente um som estridente já bem conhecido, se trata de um alarme soando para comunicar a todos que estamos sendo atacados. É inevitável não me preocupar, afinal estamos acabando de retornar de uma árdua batalha, nossos soldados não estão preparados para mais uma. Logo sons de gritos ecoam por toda parte, o capitão e eu saímos apressadamente e no caminho ele me dá ordens das quais acato imediatamente. Ao lado de fora, ficamos alarmados com o que assistimos, Molavid é incendiada e atacada por milhares de soldados inimigos. Toda nossa guarda-defesa não resiste, há pessoas desesperadas por todos os lados enquanto cavalos saltam carregando homens armados ferindo os nossos. Entro na luta, consigo abater alguns inimigos com bastante dificuldade, mas é nítido que estamos em menor quantidade, uma angústia me invade, temo que o pior aconteça e nossos inimigos alcancem os povoados. Meus olhos e os do capitão se encontram, ele está em uma árdua batalha entre espadas, socos e golpes. Ele reconhece minha aflição. — Soldado, Winston, vá! Ainda resisto por um instante, apesar dos meus temores, existe um juramento militar no qual eu fiz um dia, para lutar e proteger meu povo. — Não posso abandonar a batalha, Capitão! Ainda ouvimos o tilintar das espadas entre gemidos de corpos sendo atravessados por lanças, flechas e espadas. — Soldado James, é uma ordem, vá, não pode desobedecer uma ordem de seu superior! Estou livre por um instante, e ainda consigo lhe auxiliar. Lutamos juntos, entretanto, somos cercados por mais barbaros, tudo fica ainda mais difícil, o capitão se lança a frente e vejo sobre seus os olhos negros e valentes, antes dele ser tomado por uma lança. Respiro fundo e sinto um golpe em minha retaguarda, me defendo e consigo pular caindo sobre a parte inferior do pátio. Me levanto ainda sentindo dores por toda parte do meu corpo pela queda. Golpeio um dos inimigo a postos de um cavalo bem a frente e tomo seu animal após combatê-lo. Subo e carvalgo na velocidade em que meu coração b**e, numa sensação angustiante. Vejo o centro de Molavid ficar para trás, os corpos dos nossos soldados pela estrada, nosso capitão abatido e muitos moradores inocentes e suas famílias também mortos. Me apresso em galopar até chegar em casa, temendo que o pior possa ter acontecido. Noto que por aqui as coisas não são diferentes, as ruas estão desertas, mas há vestígios de que os inimigos passaram por aqui, tem animais soltos e sem direção por toda parte, restos de alimentos saqueados espalhados pela ruas, fogo e sangue, muito sangue. Desço rapidamente do cavalo sentindo um aperto no peito como se algo o comprimisse, ainda fraco pelos temores entro em minha residência, a cena com a qual me deparo mexe completamente com minha estrutura. Tudo dentro da casa está fora do lugar, há muito sangue, minhas pernas fraquejam. O primeiro corpo que vejo é o da senhora Miller, ela cuidou de mim como seu filho após a morte de minha mãe. Sinto uma dor forte no peito. O corpo do senhor Miller está ao lado, é nítido que ele tentou proteger a família. Saio apressadamente, entro nos quartos gritando por ela… — Anne… Abro a porta de seu quarto e não consigo suportar… ela está alí, seu corpo delicado jogado ao chão frio… uma jovem tão bela e inocente… a pele antes rosada está pálida e gélida, seus traços tão delicados foram feridos de forma covarde e brutal. Havíamos feito um juramento de nos casarmos, nos amávamos, um amor inocente e puro. Sinto que minha vida acabou neste exato momento. Me abaixo e seguro seu corpo em meus braços enquanto as lágrimas descem como uma enxurrada. Abraço sua pele que ainda está quente. — Anne , meu amor… A é dor forte e cruel, uma sensação de impotência, fraqueza que jamais imaginei sentir. — James! — a voz de de Hector, nosso General me invade. Ele está acompanhado de alguns soldados. Ele ordena que os soldados façam uma varredura para conferir se tem algum perigo por perto. — Sinto muito… Ainda estou num transe doloroso. — Charles foi abatido. — Sim, eu estava com ele. Dois soldados retornaram e cochicharam algo nos ouvidos de Hector. O vejo engolir seco, seus olhos vem ao encontro do meu em desolação. — James, eu sinto muito mesmo… mas… seu pai e seus irmãos também estão mortos. São muitas emoções de uma vez. Desejo gritar, porém minha voz não sai, resta apenas o desespero e uma escuridão em minha alma que talvez me acompanhe para sempre pois foram muitas perdas em um só golpeHelenaDepois que James avisou minha família que eu havia despertado, foi uma alegria só pela casa toda, ou o restante que tinha sobrado dela. James havia me contado que papai solicitou uma grande quantidade de trabalhadores para reconstruir nossa propriedade. Os Tronteanos haviam destruído quase tudo. Eu havia ficado duas semanas desacordada, Catherine relatou que papai chamou todos os magos e curandeiros da região, no entanto ninguém sabia o que fazer, acreditavam que eu estava como uma "morta viva" foi assim que disseram, pois nunca tinham presenciado algo assim. O padre Gerônimo havia se reunido com todo grupo da igreja e disse a papai que o meu caso se tratava de uma maldição, devido a gravidez fora do matrimônio e que um espírito mau me mantinha respirando, entretanto minha alma já tinha sido levada. Chegaram a cogitar a possibilidade de cortarem minha garganta para terminar de vez com meu estado, e que na ocasião, James acertou o padre com um soco, recebendo uma imensa lista d
HelenaTento abrir meus olhos, mas tenho muita dificuldade, sinto um cansaço incomum. Não se trata de um cansaço causado por esforço físico, ao contrário, é como se meu corpo estivesse na mesma posição por um longo tempo. Praticamente não sinto nada, e isso é estranho, parece que estou presa dentro de mim. Depois de muito esforço finalmente consigo abrir os olhos, aos poucos percebo onde estou, parece ser o meu quarto, as janelas estão fechadas e as cortinas mantém a escuridão. Acho que é dia pois não vejo lamparinas acesas. Então, aos poucos sinto meus braços porém ainda com leve dormência, entretanto, é nítido que aos poucos vou recuperando os movimentos. Tento mover as pontinhas dos meus dedos dos pés, e obtenho sucesso. Como se uma onda de calor e vida me preenchesse, vejo a figura máscula e viril deitada em cima de mim, sobre minha barriga, começo a sentir todo seu peso. Era James, seu rosto perfeito entre os braços deitados confortavelmente, é inconfundível. Parecia exausto, dor
HelenaAs lágrimas descem com violência, sinto meu coração ser esmagado por perder Melin. Ele foi corajoso se colocando à frente da espada de Arthur entregando em prol da minha felicidade, um ato que jamais esquecerei.Nosso reforço invade a casa, são os soldados de Village. Vários deles entram na sala e os sobreviventes de Tronte são minoria, e estão encurralados. O general Adrian, amigo de papai, se aproxima para averiguar a situação. James e Eduard tentam retirar o corpo de Melin para que eu não continue sofrendo. Enxugo meu rosto. Aproveito que estão distraídos e pego minha espada, me ergo, ainda estou em choque, sinto minha cabeça rodopiar, mesmo assim saio andando devagar, apoio nas paredes de pedra tentando me manter de pé. Procuro por Magnus que estava com Arthur em mãos, mas não o vejo, procuro por todas as partes. Me esbarro em um servo que havia lutado bravamente.— Onde está Magnus com o General Arthur?— Ele o levou até a prisão de guerra. James ordenou que o prendessem
Helena— Rendam-se, não há mais como fugir!— um deles grita enquanto os outros nos cercam ainda mais, com suas armas.Vejo a aflição nos olhos de papai e meus irmãos, é inevitável não me sentir culpada, no fundo eu sempre soube que Arthur não havia morrido naquela noite, mas não imaginaria que ele viesse até Village.Abaixamos nossas armas em rendição, James é obrigado a me soltar, não há muito o que fazer.— O general Arthur vai gostar muito disso! — um deles fala olhando para mim.James imediatamente se coloca a frente na tentativa de me defender.— A deixe em paz!Pela primeira vez não me sinto irritada por ser defendida, afinal se trata do homem da minha vida tentando cuidar de mim. E logo penso em nosso filho, o mesmo que está dentro de mim. Meu coração se aperta, pois James nem ao menos sabe sobre ele.O soldado chuta James de forma covarde o levando a cair de joelhos, fico em desespero, entretanto Melin me impede de reagir.— Não, Helena! Mesmo brava com meu amigo, sei que ele
HelenaQuando aproximo de minha casa, vejo todos a postos e bem armados aguardando para nos defender do ataque, são alguns servos, os soldados de James com espadas e escudos e até mesmo os Montierres se colocaram à disposição. Não posso negar que a pequena quantidade em que estamos me preocupa, entretanto preciso acreditar no potencial do nosso treinamento.Passamos por todos e quando desço do cavalo de Magnus vou direto para dentro da minha casa. Na sala principal vejo papai dando algumas ordenanças bastante inquieto para alguns servos que foram treinados para esse tipo de situação, ao me ver é visível o alívio em seu rosto. — Helena, minha filha!Papai se aproxima e me dá um abraço, sinto o quanto ele está tenso, seu corpo rígido aperta o meu, fazia muito tempo que não passávamos por essa situação.Eduard entra nos tirando do transe, ele carrega uma espada e quando me vê, olha surpreso. Edgar vem logo atrás dele.Eduard fala em tom autoritário:— Helena, você não deveria estar aqui
HelenaAinda estou seguindo atrás de James, mas ele nem ao menos olha para trás, chego a beira do riacho o alcançando.— James! — grito. Porém ele não me olha.O vejo aproximar de um carvalho e repousar a testa de forma bruta como se desejasse parti-lo com aquele toque.Diminuo o ritmo da minha caminha quando chego perto dele ainda recuperando o fôlego. James não me olha, ele parece se recusar a me encarar. Ele está bastante nervoso, ouço xingar algumas palavras impróprias em fúria.— James...— Cheguei tarde demais, Helena.Mesmo ainda confusa com suas palavras, me aproximo um pouco mais e toco suas costas.— James, não é o que você está pensando...Sinto o peso de sua respiração, seu corpo sobe e desce continuamente num ritmo acelerado.— Ele foi mais esperto, a pediu em casamento. Eu fui um tolo. Talvez devesse ficar com ele, ainda que isso acabe comigo.— Não o entendo... Você está me deixando confusa, James...Finalmente ele vira pra mim, seu rosto rígidos está a centímetros do
Último capítulo