O carro deslizou pela avenida deserta como se o asfalto fosse vidro. Isabela mantinha os olhos fixos na estrada, mas por dentro o peito era um campo minado — cada batida do coração podia explodir a qualquer segundo. A ligação anônima ainda ecoava: “Venha sozinha. Ele está comigo.”
Lasmih estava no banco ao lado, tensa, mão perto da bolsa onde o peso frio da pistola descansava. Do retrovisor, o motorista trocava olhares rápidos com elas, atento às instruções curtas e secas.
— Já confirmou o endereço? — Isabela perguntou, a voz apertada.
— Três vezes — Lasmih respondeu, sem suavizar o tom. — É um galpão antigo, desativado. Não devia ter movimento… mas não vou apostar nisso.
São Paulo passava em borrões iluminados de neon, e a sensação era de que o mundo inteiro se espreitava nas esquinas.
Quando dobraram a última rua, o prédio surgiu: paredes pichadas, portão de ferro meio aberto, um vulto de sombra na entrada. O carro parou a poucos metros. Lasmih tocou o ombro de Isabela.
— Lembra do