O palácio despertou antes do sol tocar as cúpulas douradas.
Não foi um simples acordar — foi uma coreografia silenciosa, orquestrada por mãos treinadas e olhares atentos. O Baile de Gala, anunciado semanas antes, parecia ter mudado a própria pulsação dos corredores. Criados surgiam e desapareciam em pares, carregando bandejas prateadas, caixas longas com fitas douradas, arranjos de flores tão frescos que ainda guardavam o orvalho da madrugada. O perfume dessas flores subia pelos andares, misturando-se a notas discretas de incenso queimando em pontos estratégicos, como se até o ar precisasse estar preparado para a noite.
O som de talheres sendo polidos ecoava de longe, intercalado pelo estalar suave do tecido quando cortinas eram abertas para deixar entrar a luz. Guardas trocavam de turno com passos sincronizados, e as conversas, mesmo apressadas, mantinham-se em tons baixos, como se o próprio palácio exigisse respeito naquele dia.
Isabela, porém, ficou no quarto por mais tempo do que