Capítulo 226 — O Casamento
A alvorada ainda dobrava a borda do céu quando as damas do palácio vieram, em silêncio, até os aposentos de Isabela. Sobre a mesa baixa, tigelas de prata com óleo de rosas, água de flor de laranjeira e açúcar cristalizado aguardavam o primeiro gesto do dia. Lasmih entrou primeiro, leve como quem não queria acordar os deuses.
— Pronta, Shamsî?
Isabela mostrou as palmas. A hena, agora escura como vinho antigo, desenhava jardins inteiros: folhas, luas, olhos-amuletos e — escondidas num canto que ela jurava ter decorado — duas letras costuradas em arabescos. As damas começaram a raspar, com colherinhas de osso, a camada seca. Cada raspadinha revelava um traço mais vivo, como mapa secreto de um destino que, enfim, aceitara ser lido.
— O deserto pegou em você — disse Lasmih, orgulhosa.
— E eu peguei nele — Isabela sorriu, os olhos brilhando.
Vestiram-na com um farāshah branco-marfim, leve, com bordados em fio de ouro pálido que contornavam a cintura e os ombros; u