O apartamento estava silencioso naquela manhã. Alicia tomava banho, distraída, e o celular dela repousava esquecido sobre a cama, desbloqueado. Uma notificação discreta apareceu na tela: “Não podemos mais fugir disso, você sabe.” A assinatura abaixo — João — foi como um soco seco no estômago de Roberto.
Ele leu e releu a mensagem como se pudesse reinterpretar as palavras, como se houvesse alguma explicação racional que o afastasse da única possibilidade lógica. Mas não havia. O peito dele se encheu de uma mistura indigesta de raiva, incredulidade e vergonha. Seu pai. Sua mulher. Dois dos seres que ele mais amava no mundo trocando mensagens escondidas.
Não havia nada explícito ali. Não havia "encontro", "sexo", "te amo" ou algo que pudesse ser usado como prova definitiva. Mas a intuição falou mais alto que qualquer justificativa. Aquilo não era conversa inocente. Não era sobre trabalho. Não era sobre família.
Era sobre eles dois.
A água do chuveiro continuava caindo enquanto Roberto se