Caíque
— Você está com sono? — Mayara pergunta um tempo depois.
— Eu não. E você?
— Também não.
Mayara sai sem falar nada, me deixando confuso por um momento. Até retornar com travesseiro e cobertor que usei anteriormente. Coloca no sofá e sai de novo, indo até a cozinha e voltando com a caneca de chá e uma xícara para ela.
— Vou tomar um chá também, vai que o sono aparece — comenta. — Caso queira mais, só pegar.
Aceito sua oferta. Ela senta na minha frente com a postura ereta, os olhos atentos por cima da beirada da xícara enquanto bebe o líquido morno. Ela me encara como se quisesse decifrar cada movimento meu. Como se estivesse esperando que eu dissesse algo que confirmasse suas suspeitas. Mas o que exatamente ela suspeita? Será que vê mais da confusão dentro de mim?
Seguro a minha xícara com força, sentindo a louça contra minha pele. Tomo um gole da bebida, qualquer coisa para me dar tempo. Para não deixar escapar uma verdade que ainda não sei como nomear e que poderia assustá-la