Mundo ficciónIniciar sesiónAlita
Oito meses antes do casamento...
Posso ouvir o som de risadas vindo do outro cômodo. Aproveite seus últimos momentos, maledetto. Espero que ria, que conte aos seus amigos as merdas que fez na sua vida escrota, se vanglorie. Falta pouco. Esta noite farei com que esqueça o que é sorrir.
Hoje ele vai implorar pela vida e pela morte, como todos os outros antes dele.
Planejei algo bem especial para esse alvo. Vamos ver se vai gostar.
Fico olhando pela janela enquanto as cenas do quarto ao lado passam sem som na tela do celular do meu pai.
Cinco homens estavam com ele. Aos poucos um a um foram embora. Bêbados. O outro está sóbrio, disse que é para ver os irmãos, que acham que o maledetto é um santo.
Pacientemente espero o momento certo, que vem quando ele tira a roupa e entra no banheiro.
Facilmente uso meus pequenos equipamentos e abro a porta.
O cara facilita, está com a cara toda suja de espuma. Totalmente desprevenido. Aposto que jamais imaginou o que vai acontecer agora.
— Oi! — digo. Ele dá um pulo para pegar a arma, mas sou mais rápida e atiro em sua perna e depois na outra. Ele cai. Sei que posso me dar mal em um combate corpo a corpo, então sempre atiro nas pernas.
— Por que está fazendo isso, vadia? Sabe quem eu sou? — ele grita as palavras e geme de dor.
— É assim que queria te ver. Caído, sangrando, impotente, como todas as suas vítimas.
— Quem é você, porra? — ele grita. — Os vizinhos vão ouvir e chamar a polícia. Você sabe quem eu sou? — De novo repete a pergunta, como se saber que é um policial vá fazer alguma diferença.
— Quem sou? A última pessoa que você vai ver. Se os vizinhos vão ouvir, sabemos que isso é impossível. — Chuto seu rosto com toda força, fazendo ele cair de costas no chão molhado. Cravo uma lâmina na ferida exposta pelo tiro antes que ele se recupere do tiro. Ele geme de dor. — E sim, sei quem você é. Um bosta que se esconde atras da farda para cometer os piores crimes.
— Eu sou a lei. — Rosna. — Não cometo crimes.
— Sabe, você engana muita gente.
Chuto o meio de suas pernas. Ele solta um palavrão. Quando me aproximo dos seus braços, ele tanta me pegar. É quanto furo seus dois olhos com meus dedos. E antes que desmaie, revelo perto do seu ouvido:
— Eu sou aquela menina cega que você e aquele monstro gostavam de humilhar deixando em um canto do quarto enquanto estupravam outros inocentes.
— Você...
— Eu via tudo. Eu vejo tudo. Vejo que é o seu fim, maledetto. Sua mulher e sua filha estarão bem melhor sem você.
— Eu devia ter fodido você, sua puta.
— Assim como fodia sua mulher depois de espancar e humilhar? Assim como pretendia foder sua filha de dois anos? — Dou uma risada. — Acho que sabe o que acontece agora. Você não fode mais. Espero que seja fodido pelo capeta no inferno.
Como fiz com cada um deles, além de furar os olhos, cortei a língua, o pênis e os dedos. Coloquei tudo na lata de lixo do banheiro, o lugar certo. Tudo que a Alva faria, não posso deixar nem um traço que isso foi pessoal.
Eu guardo uma lembrança de cada um deles. Desse canalha, peguei a aliança que ele tanto exibia, sem sequer saber o significado do objeto; que seria amar e proteger a sua família.
Depois de tudo pronto, saio do lugar. Não me preocupo com câmeras. Homens como ele gostam de ter seus podres escondidos. Aqui não é sua casa, é seu abatedouro, só há gravações quando ele decide — melhor, decidia — gravar algum dos seus crimes.
Quando chego a igreja, sou aguardada e seguida até o local secreto. A volta para casa precisa ser rápida, meu tempo “rezando” em isolamento na igreja é contado.
Dias atuais
— Bom diaaaa! — Sinto o cobertor ser puxado de mim, desfarelando o sonho gostoso com a morte daquele maldito estuprador. Resmungo. A claridade das cortinas sendo abertas incomoda os olhos, mas estou acostumada, sei como disfarçar.
— Bom dia!
— Sente esse sol gostoso. O dia amanheceu lindo. E a senhorita vai passar o dia comigo cuidando da beleza para conhecer seu noivo no almoço de hoje.
— Precisa mesmo de tudo isso? Afinal, é apenas um acordo entre meu pai e esse homem que nunca nem sequer me viu.
— Acontece que a minha irmã é linda, e vamos fazer esse homem se apaixonar, cair de quatro como um cãozinho. Vamos lá! O spa nos espera.
Obedeço e não reclamo. Ainda não sei como farei para ver minha irmã depois do casamento, caso o noivo não aceite que a leve comigo.
*
Passo a manhã em spa e salão. Cabelo, unha, uma maquiagem discreta. Tudo que Celeste me obriga a fazer.
— Você está divina. Uma rainha. — A cabeleira toca as mechas do meu cabelo. — Até é doloroso que não possa ver essa sua beleza.
Dou um sorriso gentil. Realmente é um ótimo resultado. Meus cabelos estão longos e escuros. A hidratação faz os fios brilharem. A maquiagem também deixa meus olhos mortos até com uma certa vida.
— O que acha de colocar uma lente, irmã?
Nego com a cabeça.
— Quero que ele me veja como sou.
— Você está certa. E seus olhos são lindos assim. — Ela ia dizer mais alguma coisa, mas seu celular toca. — É o papai.
Ela atende em um canto e volta.
— Ele nos quer de volta. O seu noivo já chegou.
— Que horas são?
— Apenas onze.
— Acho que tem alguém ansioso. — A cabelereira acompanha a risadinha da minha irmã.
— Vamos matar a curiosidade dele. — Ela me ajuda a sair da cadeira. Seguimos até o carro e logo depois estamos chegando em casa.
Celeste me guia até a sala, onde o homem está. Terno preto sem gravata, calça da mesma cor, um charuto do meu pai. É lindo. O homem mais lindo que já vi.
Seu olhar desvia na minha direção, sou analisada da cabeça aos pés, e há malicia no gesto. Mas o que mais incomoda é como meu corpo reage a isso... Não. Eu não senti nada. Deve ser coisa da minha cabeça.
— Finalmente chegaram. — O senhor Bernardi fala. — Desculpe a falta de cortesia da minha filha, senhor Wayne. — Ele está com aquela cara de quem vai me castigar por isso.
— Estávamos no salão nos arrumando para o almoço, papai. Foi minha culpa. Eu arrastei a minha irmã. — Celeste tenta me proteger da ira dele.
— Se o atraso foi para ficar tão lindas assim, está perdoado. — O Wayne dá um sorriso torto. E charmoso.
Engulo minha vontade de dizer que estamos no horário, que ele que chegou antes. Acabaria com meu disfarce de menina cega e ingênua.
— Lamento pelo atraso — digo.
— Poderá se desculpar enquanto damos uma volta no jardim. O que acha?
Acho que não quero. Mas escolha não é algo que me pertença agora. Então apenas sorrio e espero a permissão do senhor Bernardi.







