Capítulo 5

Malrik

— E então? É amanhã o grande dia, certo? — Dominic coloca o copo vazio sobre a mesa. Esse está beirando o alcoolismo. Graças a vadia da sua ex que fez de tudo para engravidar na surdina e agora usa sua filhinha como moeda de troca para tudo, quase não deixa meu irmão ver a garotinha e sempre a envenena sobre o pai a ter abandonado. Ele está por um triz de arrancar a cabeça da vaca.

— É. O velho preparou um almoço para me entregar a encomenda.

— Credo! Não chame a moça de encomenda.

— Mulheres como ela são moedas de troca. É o preço por se nascer na máfia italiana.

— Só que você me disse que a dona da porra toda é ela, que ela só não sabe.

Assinto e bebo meu café.

É verdade. Quando o velho veio me propor, ele contou que o testamento da esposa estava claro que ele administraria o dinheiro sem grandes movimentações, até que a filha se casar por amor. Pois é, a mulher era tola. No final das contas, o pai comprou o advogado para que não contasse para garota cega e comprou o marido — que serei eu — logo que a garota completou vinte e um. Temos um acordo. Parte da herança será administrada por mim e terei a posição de Don. Em troca dou a ele livre acesso a meu terreno beira mar com docas, para que ele faça seu contrabando e ele fica com a posição de Subchefe. Meu terreno é bem disputado. E mesmo que ele quisesse a posição de Don, achava arriscado, pois com a morte da dona do sobrenome, poderia perder para algum familiar dos Bernardi, família de sua mulher morta, da qual até o sobrenome ele se apossou.

Enfim, são só negócios. Ele tinha seus “rolos” com os Bernardi e agora teremos os nossos.

Passo algum tempo conversando com meu irmão, até que ele recebe uma ligação da ex sai praticamente correndo, mesmo sabendo que é mentira a febre da garota, só para arrancar alguma coisa dele.

Vou dormir pouco antes da meia noite.

Na manhã seguinte, resolvo algumas questões e decido ir de uma vez para casa do meu “sogro”. Sou recebido com charutos e pedidos de desculpas pela ausência da filha, mas logo ela surge. É muito bonita. Os cabelos escuros, a pele clara e os olhos esbranquiçados e sem vida. É como nas fotos, porém mais bonita. Tem curvas suaves e delicadas. Em forma.

— Posso? — toco o braço dela, me oferecendo para guiá-la até o jardim de sua casa, depois que seu pai permite nosso passeio pela propriedade.

Ela assente. Seguro seu braço levemente e caminho devagar. Quando saímos da casa, digo:

— Tenho uma pergunta. Você está de acordo com esse casamento?

— Eu cresci sabendo que seria assim. Mas confesso que é assustador — responde sem rodeios.

— O que mais te assusta?

— Não saber que tipo de pessoa você é. Já ouvi muitas histórias de mulheres da famiglia que apanham dos maridos, coisas bem ruins.

— Isso eu posso te prometer.

— O que?

— Jamais tocá-la com violência. — Sorrio e me curvo um pouco para falar ao seu ouvido. — Talvez só um pouquinho, mas se isso te der prazer.

Ela se arrepia toda, mas tenta disfarçar. É uma graça.

— Uma outra pergunta. — Estamos andando devagar pela propriedade. — Você ama alguém? Se vamos fazer isso, não quero nenhum moleque rondando minha esposa, muito menos aceito traição.

— Eu não tenho ninguém que ame. Só a minha irmã.

— Isso é ótimo. — Levo ela até o banco de madeira perto de uma fonte e nos sentamos. — Me diga, quer fazer alguma pergunta?

Ela torce a mão no colo, como se quisesse perguntar algo e tivesse receio da resposta.

— Eu gostaria de saber se posso levar a minha irmã comigo quando nos casarmos. — Antes que eu responda, ela começa a explicar. — Pode ser trabalhoso lidar com alguém cego em um ambiente desconhecido. Celeste conhece meus hábitos, pode me ajudar.

— Podemos contratar uma acompanhante se esse for o caso. Assim sua irmã pode fazer companhia ao pai de vocês. — Essa resposta faz sua expressão mudar. — Agora se o caso é querer ter uma presença conhecida em um ambiente desconhecido... e se seu pai não tiver nada contra...

— Ele vai permitir. Obrigada! — Olha só, ela sabe sorrir, e surgem covinhas quando o faz.

— Disponha. — Coloco a mão na sua perna, só para ver a reação. Ela se retrai na hora. — Você parece bem ingênua. Sabe o que é a vida de um casal?

Suas bochechas ficam rosadas.

— Eu sei o que é sexo, se é isso que quer dizer. Apenas não tive contatos com homens.

— Já beijou ao menos? — Ela nega com a cabeça. Não resisto. Seguro seu queixo e coloco seus lábios grossos aos meus em um selinho demorado. — Isso é um beijo. — Toco seu peito. — E esse coração acelerado é a adrenalina que o beijo causa.

Ela fica imóvel. Seu coração acelera mais. Dessa vez é medo. Sei muito bem quando causo medo em alguém.

— Eu... Eu ... — Tenta levantar, mas puxo sua cintura, o que a faz cair no meu colo e a bengala cair no chão. Ao tentar sair, o movimento deixa meu corpo em alerta.

— Pare de se mexer. Está me deixando duro.

— Oh! — ela para na hora. Solto uma gargalhada gostosa.

— Irei te soltar. Levanta com cuidado para não cair, combinado? — Ela assente. Afasto minhas mãos do seu corpo pequeno e permito que se levante.

Ela fica completamente perdida, parada no mesmo lugar depois de levantar.

— Vamos voltar e resolver as coisas com seu pai. Teremos tempo para mais momentos como esse.

— Sim, senhor.

— E não me chame de senhor. Não sou seu pai.

— Sim, se... — Ela trava, o que me faz rir. — Como devo chamá-lo?

— Por enquanto, Malrik. Depois pensaremos em um apelido digno. Agora vamos, passarinho.

Seguro seu braço e a levo para dentro da casa, onde conversamos sobre o casamento. O velho e eu, porque ela só respondia quando lhe perguntava diretamente.

Acho que vai dar trabalho. Esse passarinho não parece ter asas. Ainda preciso decidir se isso é bom ou não.

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