Desejo Proibido

Diana

Estava afundada no meu sofá há horas. Duas, talvez três. O tempo parecia ter parado enquanto a minha cabeça girava como uma montanha-russa desgovernada. Eu não conseguia pensar direito. Tinha um buraco no meu peito, uma mistura de culpa, excitação e puro caos emocional.

O Ethan.

O meu chefe.

O homem que sempre foi meu fetiche proibido, meu crush silencioso, meu pecado não confessado.

Dois anos me corroendo por dentro, cheia de pensamentos indecentes, noites suadas e fantasias sujas… e agora? Agora a gente tinha transado. Real, oficial.

Era pra eu estar feliz, né? Realizada, pulando de alegria. Mas tudo parecia errado. Ou certo demais pra ser real. Era o tipo de coisa que a gente guarda na imaginação. Que se vive só com os olhos fechados, no escuro do quarto. Nunca pensei que isso pudesse, de fato, sair da minha cabeça e virar carne. Pele. Tesão bruto.

A parte mais louca? Foi perfeito. Quente, intenso, dominador do jeito que eu sempre imaginei. E mesmo assim... eu queria fugir.

E se minha mãe souber?

A mulher que deu a vida pra me tirar do nada, que me criou sozinha quando meu pai fez o favor de sumir no mundo. Ela ralou como uma condenada pra me ver chegar aqui — num emprego decente, numa cidade grande, tentando construir uma vida.

E agora eu vou botar tudo a perder? Jogar no lixo tudo o que ela fez por mim… por causa de uma transa?

Ok, não foi uma transa qualquer. Foi uma foda daquelas que viram lenda. Mas mesmo assim...

Talvez tenha sido um erro.

O problema é: como eu vou resistir ao Ethan agora?

Depois de sentir como é delicioso ser tocada por ele, ser usada, ser fodida duramente. Depois de ouvir a voz dele rouca enquanto goza dentro de mim…

Como é que eu volto a agir normalmente?

O barulho da campainha me arrancou do transe. Dei um pulo no sofá, achando que finalmente era o entregador com meu pedido.

— Já vai! — gritei, tentando parecer mais animada do que realmente estava.

Enquanto corria pelo apartamento, vesti o primeiro roupão que encontrei pendurado na cadeira. Não dava pra atender a porta usando só uma camiseta surrada do Legião Urbana e uma calcinha minúscula. Era tudo que tinha limpo no momento — o resto das roupas estavam entre a máquina de lavar e a secadora, em algum estágio de sobrevivência.

Girei a maçaneta sem nem olhar direito. E quase tive um infarto.

— Ethan?! — a voz saiu falhada, tropeçando nas sílabas. — O que você tá fazendo aqui?

Ele estava ali. Em carne, osso e um terno perfeitamente engomado, como se tivesse saído direto de um ensaio de uma revista de moda masculina. E o pior: segurando duas sacolas com o nome do meu restaurante chinês favorito.

— É assim que você cumprimenta seu chefe? — ele disse, estendendo as sacolas como se nada estivesse fora do normal.

Peguei a comida num gesto automático e fui direto pra mesinha da sala, tentando esconder meu colapso mental.

— O que você quer, Ethan? — Perguntei tentando esconder o tremor na minha voz.

— Primeiro: é senhor Alencar — ele respondeu, entrando atrás de mim como se o apartamento fosse dele. — Segundo: vim conversar com você.

— Meu turno acaba às dezoito e trinta. Se quiser falar comigo, mande um e-mail. Prometo que respondo amanhã, às oito em ponto.

Entrei, esperando que ele parasse na porta. Mas claro que não. Ele veio atrás. Fechou a porta com uma calma irritante e ficou me olhando como se eu fosse uma equação que ele estava prestes a resolver.

— Isso não é sobre trabalho, Diana.

O ar ficou denso. Minhas pernas tremeram um pouco, e não foi de fome.

Ele não estava ali por causa de planilhas. E eu sabia muito bem disso.

— Tudo bem, te dou cinco minutos. — falei com a voz firme, mesmo sabendo que já tinha perdido essa batalha no segundo em que abri a porta pra ele.

Eu não devia nem ter deixado o Ethan entrar na minha casa. Sabia muito bem o que estava fazendo. E pior: sabia exatamente onde isso podia acabar. Mas mesmo assim, deixei.

— Posso me sentar? — ele perguntou, apontando com a cabeça para o sofá da sala.

— Claro... senta aí. — suspirei, entregando os pontos. Não fazia mais sentido fingir resistência.

Ele se acomodou com a naturalidade de quem sabia que minha resistência era fachada. Me sentei ao lado dele, mantendo uma distância segura. Ou pelo menos tentando.

— Diana, eu vou ser direto com você. — ele disse, virando o corpo um pouco em minha direção.

— É bom mesmo. Seus cinco minutos já estão correndo. — cruzei os braços, tentando esconder o frio na barriga.

— O que aconteceu entre a gente… no último sábado… — ele hesitou por um segundo. — Aquilo não foi um erro. Aquilo foi real. Entre nós, naquela casa…

— Ethan… — interrompi, abaixando o olhar. — Eu não acho que seja uma boa ideia falar sobre isso.

— Por que não? — ele se levantou de repente, com aquela energia intensa que me fazia perder o ar.

— Porque foi um erro, Ethan. — minha voz saiu baixa, quase um sussurro. Mas doeu dizer.

— Que erro, Diana? Por que você insiste tanto em chamar de erro o melhor momento da sua vida?

— Porque eu sou sua secretária, Ethan. Isso não é certo.

Também me levantei, talvez para contê-lo, talvez porque meu corpo já não respondia à lógica. Ele parecia dividido entre indignado e… magoado?

E então, ele me beijou.

Sem pedir. Sem cerimônia.

E eu… deixei. Como sempre.

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