Daniel acordou com a luz suave filtrando pelas cortinas do seu quarto no andar superior. A primeira manhã fora do improvisado quarto-escritório parecia carregar um significado especial. Ele não sentia mais a pressão dos monitores, nem o cheiro constante de álcool hospitalar que impregnara a casa por semanas. Apenas o aroma leve do café vindo da cozinha e o som distante de vozes familiares.Clara entrou com passos silenciosos, carregando uma bandeja com frutas, chá morno e os comprimidos da manhã.— Bom dia, doutor Avelar — disse ela com um sorriso leve. — Primeira manhã no topo da colina. Sensações?Daniel sorriu de volta, sentando-se com mais firmeza na cama.— Sensação de que estou, finalmente, voltando a ser eu. Mesmo que ainda me falte fôlego.Ela se aproximou e posicionou a bandeja na mesinha ao lado.— Aos poucos, tudo volta. Inclusive sua agenda lotada.— Você cuidou disso melhor do que eu — respondeu ele com sinceridade. — Aliás, muito obrigado por manter a clínica funcionando
Eveline saiu do quarto de Daniel com os olhos marejados e o coração pulsando forte. A conversa que acabara de acontecer ficaria para sempre marcada em sua memória como uma das mais intensas e amorosas de sua vida. Não por promessas ou declarações românticas, mas pela forma como dois corações se despediram com respeito, acolhimento e profunda verdade.Ela desceu as escadas com passos lentos, sentindo o peso e a leveza daquele momento se alternando dentro dela. Ao chegar à sala, sentou-se no sofá e pegou o celular. Respirou fundo antes de discar.— Oi, Marcus? — disse com a voz suave. — Podemos conversar um pouco?Do outro lado, a voz dele foi imediata e calorosa.— Claro. Está tudo bem?— Está sim... ou vai ficar. Daniel e eu conversamos. Ele quer te receber para um jantar aqui em casa. Ele pediu isso. Disse que quer falar com você pessoalmente.Marcus ficou em silêncio por alguns segundos.— Então é isso? Vocês terminaram?— Sim. Com respeito, com gratidão... mas sim. Eu precisava te
Eveline saiu do quarto de Daniel com os olhos marejados e o coração pulsando forte. A conversa que acabara de acontecer ficaria para sempre marcada em sua memória como uma das mais intensas e amorosas de sua vida. Não por promessas ou declarações românticas, mas pela forma como dois corações se despediram com respeito, acolhimento e profunda verdade.Ela desceu as escadas com passos lentos, sentindo o peso e a leveza daquele momento se alternando dentro dela. Ao chegar à sala, sentou-se no sofá e pegou o celular. Respirou fundo antes de discar.— Oi, Marcus? — disse com a voz suave. — Podemos conversar um pouco?Do outro lado, a voz dele foi imediata e calorosa.— Claro. Está tudo bem?— Está sim... ou vai ficar. Daniel e eu conversamos. Ele quer te receber para um jantar aqui em casa. Ele pediu isso. Disse que quer falar com você pessoalmente.Marcus ficou em silêncio por alguns segundos.— Então é isso? Vocês terminaram?— Sim. Com respeito, com gratidão... mas sim. Eu precisava te
A noite ainda envolvia a mansão Avelar com seu silêncio elegante, quando Daniel se despediu de Eveline e Marcus na porta. Clara, que também ajudava a organizar os últimos detalhes da mesa já vazia, preparava-se para sair quando Daniel se aproximou.— Clara, espere um instante — disse ele, a voz mais baixa, quase um sussurro. — Já está tarde. Não acho seguro você dirigir sozinha agora.Ela hesitou por um momento, surpresa com a proposta.— Posso chamar um carro de aplicativo, não se preocupe...— Não é isso — Daniel interrompeu, gentilmente. — Se quiser, pode dormir aqui. O quarto de hóspedes está pronto e você já é quase da casa.Clara sorriu com doçura. O vestido bordô que usava ainda balançava com suavidade quando ela se virou para ele.— Tudo bem. Obrigada por se importar.Daniel assentiu, mas seus olhos permaneceram nela por alguns segundos a mais. Havia algo novo ali. Uma consciência mais clara do que ela representava em sua vida.Após terminar de guardar a louça com a ajuda de M
Na manhã de sexta-feira, o celular de Eveline vibrou com uma chamada de Marcus. Ela atendeu com um sorriso discreto, sentindo o coração acelerar sutilmente ao ouvir a voz dele.— Oi, Eve. Pensei em algo... diferente. Queria saber se você e o Gabriel gostariam de passar o fim de semana comigo. Meus pais estão animados, e eu... bom, queria um tempo com vocês dois. Aluguei uma cabana nas montanhas. Sossego, natureza e nós.Eveline ficou em silêncio por um instante. A ideia a pegou de surpresa, mas também despertou um calor gostoso em seu peito.— Parece maravilhoso, Marcus... Mas preciso organizar tudo aqui.— Claro. Fala com Daniel, com as crianças... Me avisa. Não tem pressa, mas eu adoraria.Naquela tarde, enquanto Daniel lia no jardim com Clara por perto, Eveline se aproximou calmamente. Gabriel dormia em seu colo.— Daniel, preciso conversar com você.Ele fechou o livro imediatamente e lhe ofereceu um olhar calmo.— Pode falar.— Marcus ligou. Ele nos convidou, a mim e ao Gabriel, p
Marcus acendeu algumas velas, deixando que a luz suave criasse sombras dançantes nas paredes. Eveline estava de pé, em frente à lareira, quando ele se aproximou por trás e beijou sua nuca com delicadeza. Seus dedos deslizaram devagar pelo tecido leve do vestido até soltarem o laço em sua cintura.Ela sentiu o vestido deslizar por seu corpo, deixando-a apenas com a lingerie. O calor da lareira que tinha dentro do quarto contrastava com a brisa fria que escapava pelas frestas da janela.Marcus passou os dedos pela linha de seu rosto, pela clavícula, e então se ajoelhou diante dela.Com reverência e cuidado, ele começou a beijar suas coxas, explorando-a com seus dedos, despertando nela, sensações quase esquecidas. __ humm como você está molhadinha! ___ Eveline gemeu baixo. ____Marcus, como eu estava com saudades desse seu lado safado. Com os olhos fechados, as mãos entrelaçadas nos cabelos dele, fechando os olhos. ___ Eu estava com saudades de provar você, meu amor, disse Marcus. O praz
O fim de semana seguia calmo na mansão Avelar. Com Eveline fora com Gabriel, a casa estava mais silenciosa, mas nem por isso menos viva. Daniel, agora em recuperação avançada, já caminhava com segurança pelos corredores e passava boa parte do tempo no jardim, em leitura ou assistindo ao noticiário ao lado de Clara.Naquela noite, Clara decidiu preparar algo especial. Fez uma massa ao molho pesto, serviu com vinho suave e ajudou Marta a organizar a mesa na sala de jantar principal. Daniel ficou tocado pela atenção aos detalhes. Lucas e Beatriz correram pela casa em expectativa, animados com a ideia de um jantar especial com o pai e Clara.— Hoje vai ser um jantar importante — disse Daniel, ajeitando os cabelos de Beatriz. — Vocês dois se comportem como verdadeiros pequenos anfitriões.— A gente promete! — respondeu Lucas, empolgado.Durante o jantar, as risadas das crianças enchiam o ambiente. Clara servia os pratos com leveza, enquanto Daniel contava pequenas histórias do tempo em que
A caneta escorregava entre os dedos finos de Eveline Rocha. O papel à sua frente tremia como se denunciasse o que ela não podia dizer em voz alta. Aquela não era uma assinatura de amor. Era um contrato de resgate. Resgate financeiro — não emocional.Sentada à mesa da sala de jantar, Eveline parecia pequena demais para a gravidade daquela decisão. A jovem de pele alva e cabelos negros como a noite encarava o documento com os olhos cor de mel marejados. Seu coração batia tão alto que podia jurar que os outros escutavam.Mas ninguém escutava nada naquela casa.Seu pai, Júlio Rocha, estava de pé ao lado da lareira, com os braços cruzados e a expressão fria como mármore. Desde que a fábrica da família — uma tradicional tecelagem herdada do avô de Eveline — começara a falir, ele já não a olhava como filha. Era uma moeda de troca, e nada mais.— Assine de uma vez, Eveline. Não temos o dia todo — disse ele com voz áspera, sem tirar os olhos do relógio de bolso que herdara como um troféu de te