Capítulo 06

Guilhermo (Gui)

*Aí, patrão, o morro tá sussa, os canas já levaram o dinheiro.* – Rak me avisou e o mandei ir para uma biqueira fazer a cobrança. 

As pessoas acham que ser dono de um morro e líder de uma facção criminosa é fácil, mas isso é fácil. Há quem me estereotipe pensando que sou um criminoso que não sabe falar português, mas, ao contrário do que pensam, sou alguém que estudou muito. No começo, tentei não me envolver com essas coisas, mas quando um morro rival matou covardemente meu pai, soube que esse era o meu destino.

Meu pai batalhou muito por este morro, e eu não posso simplesmente deixá-lo para qualquer filho da puta tomar. Minha mãe era uma vadia qualquer que nos abandonou a mim e a minha irmã sem pensar duas vezes. Meu pai, mesmo sendo traficante, cuidou de nós e foi um pai bom e presente. Ele amava este morro mais do que a própria vida.

Estudei, fiz cursos, faculdade. Enfim, sou alguém bem preparado. Hoje estou animado, pois minha irmã finalmente está voltando após dois anos fora. O curso dela finalmente terminou, e ela decidiu que era hora de voltar. Para lavar o dinheiro do tráfico, abriu uma empresa que, mesmo tendo esse intuito, até que está indo bem.

— E aí, mano, que horas você vai buscar a baixinha? – D.L perguntou, ele é meu amigo e braço direito.

— Daqui a pouco. Primeiro, preciso passar na joalheria e pegar o colar que encomendei.

— Hum! Finalmente, a Julia vai voltar, e você vai parar de ficar com cara amarrada. – Ele começou a rir, parecendo um porco morrendo.

— Vai trabalhar, filho da puta. – Joguei um pino de pó nele, que agarrou e saiu.

Apesar de ser bandido, eu não uso drogas. Meu pai sempre dizia que um bandido inteligente é aquele que não apenas vende, mas também não se vicia.

Na entrada da joalheria, esbarrei em uma morena linda. Nossos olhos se cruzaram, e ela logo se foi. Fiz o que tinha que fazer e voltei para casa, uma mansão no morro com muita segurança. Alguns dias depois, estava no aeroporto indo encontrar minha irmã, e mais uma vez esbarrei com a mesma morena. Trocamos algumas palavras, e logo fui encontrar minha "pestinha".

— Maninho! – Minha irmã gritou e me abraçou. — Estava com tanta saudade de você.

— O que aconteceu com a minha pestinha? – Disse analisando-a e notando o quanto ela cresceu nesses últimos dois anos.

— Fiquei uma gata, pode falar. – Ela disse sorridente.

— Definitivamente, minha 9 milímetros vai trabalhar bastante.

— Pare com isso e me leve para casa. Estou cansada e faminta.

Levei Júlia para casa e pensei em fazer uma festa para ela, mas à noite recebi uma mensagem dizendo que precisaria viajar por alguns dias. Porra! Justo agora que minha irmã chegou. Avisei a ela que precisaria me ausentar por um tempo, e Ju apenas concordou, dizendo que sabia cuidar de si mesma. Mesmo assim, por precaução, ordenei que a segurança a acompanhasse.

Fui para a viagem, e o que pensei que levaria dois dias acabou demorando quase quinze. Depois de resolver tudo, finalmente estava voltando para casa. Quando cheguei, peguei minha irmã em uma conversa animada com um vapor, e logo cortei o assunto. O cara, quando me viu, ficou branco como papel, enquanto minha irmã revirava os olhos.

— Já falei que você não precisa se preocupar comigo.

— Não quero você paparicando os vapores daqui, entendeu? Você merece um cara muito melhor do que esses filhos da puta.

— Não estou interessada em vapor, só estava conversando com eles.

— Espero que seja só isso mesmo. – Disse a ela, que revirou os olhos e entrou em casa.

Na manhã seguinte, resolvi todos os meus assuntos na boca de fumo e na empresa e finalmente fui à padaria comprar alguns pães doces. Ao chegar lá, esbarrei novamente na morena gostosa. Tentei puxar conversa com ela, mas a garota estava tão desanimada que desisti. Ao entrar, Giovanna sorriu para mim e perguntou o que eu queria.

— Se você encontrar o D.L, manda ele ir lá em casa mais tarde.

— Fui rebaixada de dono do morro para moleque de recados? – Perguntei, brincando, e ela revirou os olhos. Giovanna e D.L estão em um relacionamento sério há cinco anos. Fico me perguntando quando eles finalmente vão morar juntos. — Eu dou o recado, sua chata. O que aconteceu com a morena gostosa?

— A Stephanny? Em que planeta você vive? Não sabe quem ela é? – Disse que não.

— Ela é aquela ricaça que perdeu tudo. Você não viu na televisão?

— Pensei que fosse parente do Jarbas e da Carol. – Disse, franzindo o cenho.

— Eles trabalhavam para ela há anos. A Manu me contou que o namorado dela assumiu um compromisso com uma menina rica, sem contar a ela. Para piorar, ela foi afastada da companhia de dança por conta dos escândalos.

Agora entendi por que ela está diferente das outras vezes. Fui para casa e encontrei Larissa discutindo com Ju. Logo tratei de encerrar aquilo.

— Amor, a sua irmã não gosta de mim. – Larissa é um grude, e só fico com ela porque é boa na cama.

— Corta o papo de amor. Você sabe muito bem que não temos nada.

— Por que tu não me assume? – Ela perguntou.

— Porque eu não sou o D.L, para me apegar a uma única mulher. E você, para mim, é apenas uma vadia que chamo pra aplacar meu tesão.

— Um dia você vai me assumir. – Ela disse, sorrindo, e a mandei sair.

À noite, peguei minha moto para dar uma volta e estava me preparando para descer o morro quando uma garota passou correndo por mim. Ela foi descer o morro e acabou caindo. Confesso que foi engraçado a forma como ela tropeçou, e logo percebi que era a morena gostosa. Me aproximei dela e puxei conversa.

— Você é muito engraçado, o Oscar de lá ha ha. – Ela disse, fechando os olhos. Antes que eu pudesse responder, a garota começou a chorar, e isso me desconcertou. Desmontei da moto e a ajudei a sentar no meio-fio.

A garota chorava tão copiosamente que a puxei para os meus braços e a deixei encharcar a minha camiseta com suas lágrimas.

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