Capítulo 05

Já se passou um mês desde o golpe que sofri, e eu permanecia na cama, mal comia, mal dormia. Perdi todas as minhas amizades, exceto Luanna, que queria voltar para ficar comigo, mas eu recusei. Disse a ela que deveria seguir seu sonho, afinal, ela lutou muito para consegui-lo. Carol e Jarbas tentavam me animar, mas nada que eles falavam parecia surtir efeito. Jarbas conseguiu um novo emprego como motorista, e Carol continuava procurando emprego, me sinto tão culpada por tê-los deixado sem emprego, sabe, os dois sempre foram maravilhosos comigo e agora aconteceu isso com eles, minha vida está um verdadeiro caos, tenho vontade de jogar tudo para alto e xingar tudo e a todos, logo mudei meu pensamento, pois lembrei que meus pais diziam que por mais que as coisas estivem difíceis não poderia ser hostil com as pessoas, vocês me fazem tanta falta, tenho certeza que se estivessem aqui nada disso estaria acontecendo. Estava deitada quando Carol tocou meu ombro e pediu para eu buscar pão. Ela me deu duas moedas de um real, o que me fez me levantar e ir até a padaria.

Na padaria, pedi pão à atendente, que sorria animadamente.

— Você é a menina que mora na casa da Manu, não é?  A ex ricaça. – Ela perguntou e eu confirmei. — Só vi você uma vez. Sou amiga da Manuella. Você está com uma cara muito abatida. Deveria sair conosco amanhã. Vamos para o baile funk daqui, o baile do Sapoti, é um dos melhores, você deveria vir conosco. 

— Não danço mais. – Respondi simplesmente e peguei a sacola de pão para sair.

Quando estava saindo, esbarrei em alguém. Levantei a cabeça para pedir desculpas e logo fiquei sem palavras ao perceber que o cara era o mesmo com quem tinha esbarrado na joalheria e no aeroporto.

— Cuidado, linda. – Ele disse, e eu forcei um sorriso. — Essa é a terceira vez que nos esbarramos.

— Pois é, parece que estamos sempre nos mesmos lugares. 

Ele sorriu e entrou na padaria, enquanto eu retornava à casa de Carol. Entreguei a sacola para ela e voltei para o quarto. Um tempo depois, Manuella chegou do seu trabalho de meio período e foi se arrumar para seu curso. Ela me ignorava completamente, e eu achava até melhor assim, Carol fez de tudo para que eu me alimentasse, mas disse a ela que não sentia vontade, tenho certeza que já perdi uns cinco quilos, Carol.

— Meu bem, você precisa se alimentar, daqui a pouco você vai sumir. 

— Obrigada Ca, mas não sinto a menor vontade de fazer nada. 

— Está na hora de se levantar, você sempre foi tão alegre e divertida, não pode ficar assim. 

Apenas sorri e voltei a me cobrir, a noite, Jarbas chegou e me chamou para a sala. Ele me entregou um copo do Starbucks e um donut.

— Sei que esse é o seu favorito. – Ele sorriu, e eu agradeci. 

— Se não fossem você e Carol, não sei o que seria de mim. – Disse, e Jarbas me abraçou. 

Nesse momento, Manuella chegou e me olhou com cara feia.

— Até quando você vai ficar aqui como se fosse uma hóspede? Minha filha, está na hora de arrumar um emprego e começar a contribuir com a casa. Você gera muitas despesas. Meus pais não falam nada, porque te tratam como filha, mas como você não é nada para mim, eu posso dizer. 

— Manuella, pare com isso – Carol repreendeu a filha e saiu da cozinha.

— Se vocês não falam, eu falo. Já estou cansada dessa folgada. Vocês fazem tudo por ela. Está na hora dela ser colocada no lugar. Você não é uma hóspede, é uma pessoa que era rica e, há um mês, é uma falida, sem dinheiro e sem moral. Além de ser uma corna, já que seu namorado nem se deu ao trabalho de terminar com você quando te trocou por outra. Você não é ninguém, então pare de querer ser tratada como alguém especial. Outra coisa: eles são os meus pais, entendeu, meus pais, já que os seus pais estão mortos. 

Jarbas e Carol gritaram com a filha para ela parar de falar aquelas coisas, mas eu estava tão nervosa que dei um tapa em seu rosto. Manuella olhou para mim com ódio e me deu um tapa de volta. Quando dei por mim, já estávamos brigando no chão. Jarbas e Carol nos separaram, e eu corri daquela casa. Eu precisava arrumar um jeito de sair daquele lugar que não me pertencia, então sai correndo pelo morro, acabei tropeçando e rolando, até finalmente parar. Sentei-me toda ralada e chorando. Uma moto apareceu, e era o mesmo moreno que eu havia esbarrado outras vezes.

— Hei! É mais fácil pegar um mototáxi do que rolar pelo morro. 

O moreno sorriu para mim, mas eu o olhei com zero paciência. Eu queria responder, mas não conseguia, devido às lágrimas.

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