Liora
A dor vinha em ondas, como se cada respiração fosse um lembrete cruel de que eu ainda estava viva.
O cheiro de ervas queimadas e pomadas amargas enchia o ar. A casa era simples, mas acolhedora — e o silêncio que pairava ali era quase estranho depois de tantos dias fugindo.
Tentei me mexer, mas o corpo protestou. As costelas doíam, os músculos ardiam, e a ferida no ombro latejava como se o fogo ainda estivesse ali.
A porta rangeu baixinho. O lobo castanho que me trouxera até ali — agora em forma humana — entrou, segurando uma tigela com líquido fumegante.
— Está acordada. — disse James, a voz rouca, grave. — O xamã cuidou dos ferimentos. Vai sentir um pouco de febre, mas vai sobreviver.
— Obrigada. — minha voz saiu fraca, quase um sussurro. — Você poderia ter me deixado na floresta.
Ele pousou a tigela na mesa, me encarando com uma expressão indecifrável.
— Poder, eu podia. Mas não seria certo. — cruzou os braços. — Agora me diga, Liora. É mesmo verdade o que disse ao alfa? Está