Capítulo 2

Hailey SilverStar

Quanto mais me aproximava de Hunter, mais meus instintos afloravam. Minha garganta ficou seca, e a respiração vacilava. Ele podia ser da linhagem de assassinos sanguinários, mas era lindo, de uma forma que tirava o ar de quem o observava.

No auge dos meus vinte anos, já havia me envolvido com alguns caras. Algumas semanas antes do meu sangue mensal, meu corpo exigia prazer; devo admitir que minha loba era insaciável. Uma vez, quase deixei um lobo andarilho me marcar — isso antes de descobrir que ele tinha uma fêmea grávida esperando por ele.

Nenhum dos parceiros que tive se comparava à brutalidade crua e feroz que exalava de Hunter. Cada movimento dele parecia carregado de poder e perigo. Ele usava uma camisa de seda preta, impecavelmente passada, e joias que refletiam as luzes do clube, brilhando como pequenos avisos do tipo: Eu tenho dinheiro pra cacete! Um copo de whisky descansava despreocupadamente em uma das mãos, enquanto os músculos delineados sob a roupa deixavam evidente a força contida em cada gesto.

Eu precisava me controlar. Precisava manter o foco na missão… mas, por dentro, minha loba rugia, exigindo atenção e presença daquele alfa inatingível.

Me aproximei devagar, tentando controlar cada passo, cada batida do meu coração. A música alta do clube parecia diminuir diante da presença dele; era como se o ar ao redor de Hunter pulsasse com uma energia própria, capaz de atrair e intimidar ao mesmo tempo.

Ele riu com um dos amigos, inclinando-se levemente, e o movimento deixou à mostra o contorno dos ombros e braços. Minha loba rosnou baixinho, quase inaudível, e eu sabia que não era só instinto, era conexão, um chamado que eu não podia ignorar.

Cada fibra do meu corpo gritava para me aproximar mais, mas o lado racional me lembrava do que estava ali para fazer. Vingança. Era isso que eu devia sentir, não desejo.

Hunter finalmente ergueu os olhos na minha direção, e por um instante, o mundo inteiro pareceu congelar. O tempo desacelerou, e eu senti algo atravessar meu peito, algo que nunca tinha sentido com nenhum outro lobo.

Ele sorriu — um sorriso perigoso e bonito, cheio de charme, e mesmo à distância, era impossível não notar a intensidade de seu olhar. Meu corpo reagiu antes da minha mente: a respiração falhou, meus músculos se tensionaram, e minha loba dentro de mim rugiu, mais forte do que jamais fizera.

—Alfa Hunter, essa é Hailey Nightfall — me apresentou James, a voz cheia de pompa e educação exagerada.

Eu engoli em seco, lutando contra o turbilhão que se formava dentro de mim. Precisava manter a fachada, precisava parecer confiante.

—Nightfall?  

Repetiu Hunter. Ele franziu as sobrancelhas escuras li um momento. A expressão fechou.  

Ele se inclinou ligeiramente para frente, estudando meu rosto como se pudesse ler meus pensamentos. Cada segundo que ele passava olhando para mim aumentava a tensão que me consumia. Minha loba estava quase insuportável, exigindo que eu me entregasse àquilo que meu corpo ansiava, mas eu sabia que não podia, não... deveria.

E então, aconteceu. Um choque súbito, inexplicável. Algo em Hunter, algo em mim… nossa ligação, viva e pulsante, se revelou. Um arrepio percorreu minha espinha, profundo e feroz.

Parceiro.

A palavra ecoou na minha mente, e meu corpo congelou. Um rugido baixo escapou da minha loba, e eu soube, com uma certeza aterrorizante e fascinante ao mesmo tempo, que meu inimigo — o alfa que destruíra meu clã — era agora a razão de tudo dentro de mim se agitar.

Respirei fundo, tentando organizar os pensamentos, tentando separar o dever da atração, mas sabia que estava perdida. Tudo havia mudado em um instante.

E ali, no meio do clube, entre luzes e música, eu finalmente compreendi: a vingança seria muito mais complicada do que eu jamais imaginara.

Senti meu corpo tremer involuntariamente quando Hunter se aproximou um passo, quase imperceptível, mas suficiente para que o cheiro dele atingisse minhas narinas. Um aroma forte, selvagem e inebriante, tão distinto quanto mortal. Minha loba uivou silenciosamente dentro de mim, reclamando, exigindo, lembrando que estávamos ligados por algo que ia muito além da raiva ou do sangue.

Ele parou a poucos metros, olhos verdes fixos nos meus, estudando cada detalhe. Havia curiosidade ali, interesse… talvez reconhecimento, algo que fazia meu estômago se apertar e meus instintos vibrarem.

— Hailey Nightfall… — murmurou, a voz baixa, grave, carregada de força e autoridade. — Interessante.

Meu coração disparou, e tentei recuar, mas cada movimento parecia me atrair ainda mais para ele, como se o ar entre nós fosse magnético.

— Prazer… Hunter — disse, engolindo em seco, mantendo a postura firme apesar do calor que subia pelo meu corpo.

Ele inclinou a cabeça, estudando meu rosto, e então se inclinou um pouco mais, como se pudesse sentir algo que só os lobos destinados conseguem captar. Eu percebi o leve estremecimento em seus músculos, a tensão contida em cada gesto.

E então, nosso primeiro contato aconteceu: nossos olhares se cruzaram de uma forma que não podia ser ignorada. Um arrepio percorreu minha espinha, profundo, visceral, como se eu tivesse sido beijada pelo vendo gélido de um mal agouro.

Minha loba rosnou baixinho, e Hunter sorriu de canto, como se tivesse ouvido. Um sorriso perigoso, confiante, que fez meu sangue pulsar mais rápido.

Naquele instante, entendi: nada na minha vida me preparou para isso. Nem a sede de vingança, nem os anos de fuga e solidão. Hunter Blood Moon não era apenas o alfa inimigo que eu tinha que destruir ele era um passo em falso. Era lindo, perigoso e parecia que o destino estava zoando com a minha cara.

Deusa Lua, não podia ser...

— E como está seu avô, Hailey? Imagino que o velho esteja bem de saúde. Na última reunião dos clãs ele estava tão adorável quanto sempre foi. — disse Hunter, aproximando-se ainda mais. Passou o braço pelo meu pescoço e começou a me guiar em direção à área VIP.

Deixei-me ser conduzida, mesmo com o coração martelando no peito em um ritmo quase audível. Aquilo tinha cara de armadilha. Não havia como Hunter conhecer um Nightfall vivo — eles tinham sido dizimados.

— Deve estar me confundindo, Alfa Hunter. Meu avô está morto há décadas. Minha alcateia é do Vale Norte, e só tem umas vinte pessoas. Eles são toda a minha família.

— Mesmo? — ele arqueou as sobrancelhas, estudando-me com um brilho intrigante nos olhos.

— Sim. — forcei um sorriso. — Olha só… acho que minha amiga não vai aparecer. Ela me mandou mensagem dizendo que talvez fosse encontrar o namorado.

Hunter riu, mas não havia humor em seu sorriso. Era um som baixo, rouco, carregado de algo que arrepiou cada pelo da minha pele.

— Ótimo. Então você será minha convidada. — Sua voz se tornou um sussurro quando ele se inclinou, os lábios roçando em meu ouvido. O hálito fresco acariciou minha pele como um toque proibido. — Não posso deixar uma loba tão bonita sozinha numa festa dessas. Tem muitos lobos aqui que devorariam uma lobinha como você.

Um arrepio percorreu meu corpo, e quando nossos olhares se encontraram novamente, foi como se o chão tivesse desaparecido.

Minha loba quase uivou, exigindo que eu me rendesse, e precisei ordenar mentalmente que se aquietasse. Mas a tensão estava insuportável. Será que Hunter já havia sentido? Será que o lobo dele também percebia o vínculo?

Se fosse o caso, por que ele estava perdendo tempo com joguinhos? Pelo que todos diziam, Hunter nunca esperava para ter o que queria. Ele apenas tomava.

E a forma como seus olhos me devoravam não deixava dúvidas: era exatamente isso que ele planejava fazer comigo.

Se fosse o caso, por que ele estava perdendo tempo com joguinhos? Pelo que todos diziam, Hunter nunca esperava para ter o que queria. Ele apenas tomava.

— Não posso. — murmurei, me desvencilhando de seu braço com firmeza. — Tenho outras coisas para fazer.

— Qual é? — sua voz soou rouca, carregada de ameaça e desejo. — Você já está aqui, usando esse vestido lindo… que eu pretendo tirar até o final da noite. — o rosnado em meu ouvido fez meus pelos arrepiarem.

Eu o encarei, fria e dura.

— Pode esquecer.

Virei-me para sair, mas o som que veio de Hunter me congelou.

Um rosnado grave e baixo vibrou pelo ambiente, e em um instante, o clube inteiro mergulhou em silêncio. O ar pareceu pesar. Nenhuma risada, nenhum murmúrio — apenas o eco da autoridade de um alfa. Todos os olhares se voltaram para nós.

— Fêmea. — a voz dele cortou o espaço como uma lâmina. — Você vai ficar.

Me girei nos calcanhares e o encarei de frente. Meu corpo tremia, mas não de medo. Uma vez que eu era a última Silverstar, mesmo nascida ômega, o título de alfa me cabia por direito. Não sei se Hunter sentia isso conscientemente, mas instinto reconhece instinto.

E naquele instante, ele não estava apenas me ordenando. Ele estava me desafiando.

Se eu aceitasse aquela ordem, estaria me submetendo diante de toda a sua alcateia. Mas se respondesse… a briga poderia ser feia. A julgar pelo tamanho dele, mesmo com todos os meus anos de treino, eu não tinha certeza se daria conta.

Ainda assim, ergui o queixo.

— Não.

Foi tudo o que disse. Simples, seco, definitivo.

Então me virei novamente e caminhei. Cada passo marcado pelo estalar dos saltos contra o chão ecoava pelo silêncio carregado. O som parecia mais alto que a própria música, como um desafio.

Foi nesse momento que senti.

Uma onda fria, feroz, atravessou o salão e me atingiu como um trovão. Não era apenas o poder de um alfa comum. Era algo muito mais primitivo, mais profundo.

Hunter estava liberando a essência de seu lobo. E ele a estava direcionando para mim.

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