POV AURORA.
O vento tinha voz.
Sussurrava meu nome como se me conhecesse há séculos.
Aurora...
Mas não era o vento comum que passava pelas janelas do quarto. Era quente, denso, cheio de murmúrios que soavam como preces antigas.
Eu estava em um lugar que não reconhecia.
O chão era feito de pedra e folhas, o céu tinha a cor do sangue derramado sob a lua. E ao meu redor, mulheres, dezenas delas formavam um círculo.
Seus rostos eram diferentes, mas havia algo familiar em cada uma. Como se em cada olhar eu visse um fragmento meu.
No centro, uma fogueira ardia alto, dançando em chamas azuis.
A fumaça formava símbolos no ar runas que eu não compreendia, mas que, de algum modo, faziam sentido dentro de mim.
Meus pés estavam descalços.
Minhas mãos… sujas de terra e sangue.
Uma das mulheres se aproximou.
Tinha cabelos tão escuros quanto o breu e olhos dourados como âmbar. Sua voz era firme, mas doce e ecoava dentro de mim.
— Você sonhou por tempo demais, criança da luz. Está na hora de lembrar