Só pode ser castigo

Só pode ser brincadeira, o que esse garoto está fazendo aqui? O que ele quer comigo? Será que vai me machucar? Ou abusar de mim? Tem tantos boatos sobre ele. Não faço ideia do que seja real ou não, mas tenho que arrumar uma forma de fugir dele.

— Não tem ninguém vindo. Pode me seguir. Vem. — Danilo disso ao olhar ao redor e notar que não havia ninguém passando, mas para onde diabos ele quer ir? E porque eu tenho que o seguir?

— Com licença, não estou entendendo, porque me trouxe aqui? — Perguntei ao notar que estávamos em uma praça bastante abandonada. Será que ele vai me ferir?

— Encontrei um cachorro, deixei ele aqui, achei que seria mais seguro para ele. — Danilo explicou se agachando em um canto da praça.

— Um cachorro? Você falou mesmo cachorro? — Eu não podia acreditar no que ouvi. Deveria está aliviada, mas aquele garoto era a própria definição de inconstância. Ele me ameaçou para vir aqui com ele ver um cachorro?

— Na verdade, estou preocupado com ele. Parece bastante fraco. Acho que está doente ou ferido. — Danilo explicou.

Não gosto de animais. Na verdade, não foi exatamente isso que quis dizer, eu apenas tenho medo dos sentimentos que os animais podem despertar. Sempre preferi evitar, me manter distante, diziam que se pode amar e ser amado de todo coração por um animal. Não parecia fazer sentido para mim. Ainda mais, se apegar a algo que morre tão rápido. É uma distração inútil.

— Olha! Achei ele. — Danilo disse apontando para um cachorro que era do tamanho de um cavalo. Seus pelos eram lindos. Lembrei do filme "Marley e Eu". Não era apenas bem cuidado, mas estava com coleira. Não tinha nada de ferido ou doente naquele cachorro.

— Você sabe que esse cachorro tem dono, certo? Ele não está doente, mas perdido. Deve sentir falta do dono e procurando por ele. — gritei ao notar a confusão. Danilo me olhou surpreso e na mesma hora se deu conta da coleira do cachorro.

— Oh! Você está certa. Tem o número do dono aqui. Vou ligar para ele. — Danilo disse antes de fazer a ligação do seu celular.

Não podia acreditar que estava novamente envolvida com aquele cara. Por sorte, conseguimos devolver o cachorro rapidamente. Como forma de agradecimento, Danilo insistiu muito para pagar um lanche. Eu tinha que almoçar de qualquer forma, acabei aceitando, já estava atrasada para estudar. Tudo bem, não fiz qualquer objeção de onde comeriamos, mas o que diabos é esse lugar e quem são essas pessoas do nosso lado?

— Danilo, me empresta algum dinheiro? — Um loiro dos olhos azuis pediu.

— Está por acaso achando que sou um banco ou sei lá? — Danilo perguntou sem sequer olhar para o garoto.

— Que isso, cara. Pensei que éramos amigos. — O loiro sorria vitorioso. Danilo apenas sorriu e deu um dinheiro. Ele é mesmo um idiota.

— Me diz, como foi a escola hoje? — Danilo perguntou com um tom grosseiro.

— Sei lá, o mesmo de sempre. Divertido? Normal. Sei lá. — que tipo de pergunta era essa?

— É...a escola... Se parar para pensar, não parece que saímos da escola e fomos passear um pouco? Como amigos da escola fazem? — Danilo era realmente uma pessoa no mínimo estranha.

— Danilo, deixa eu te perguntar uma coisa, você está sentindo falta de ir para escola? Por isso me sequestrou e insistiu para lanchar comigo? Você apenas queria saber da escola? — Perguntei surpresa. Danilo tinha seus momentos, às vezes, parecia um deliquente e outras, um cabeça de vento, mas nenhuma das sua personalidade parecia se encaixar bem com alguém que gosta da escola. — Se você se interessa tanto pelo colégio, deveria apenas voltar a frequentar. Sua suspensão já acabou e os professores querem sua volta. Não faz sentido não ir.

— Eu gosto da escola, mas não gosto das pessoas que frequentam elas. A maior parte é preconceituosa. Todos cheios de julgamentos e preparados para apontar o dedo antes mesmo de ouvir o que temos a dizer. Todos parecem ter medo de mim e me evitar. A escola parece divertida para os outros, mas para mim... Não. — Danilo confessou. Tenho certeza que ele não faz ideia dos rumores que correm na escola sobre ele. Ele não tem mesmo autoconsciência. Que idiota. — Você foi a primeira pessoa que veio na minha casa me procurar. Aqueles que saíram a pouco, assim como você, eles não me evitaram. Na verdade, foram os primeiros a serem amigáveis comigo. Então, mesmo que eu não possa ir a escola, não importa realmente. Está tudo bem.

— Quer a real? Você está iludido. É bem claro que você é o único que pensa na relação de vocês como uma amizade. — Parece tão lógico. Como ele não percebe? — Não sou a melhor pessoa para falar sobre amigos, não tenho interesse nisso, na verdade, prefiro não ter. Entretanto, se aquelas pessoas fossem mesmo seus amigos, não estariam tirando dinheiro de você. Pelo menos, até onde eu sei, amigos não devem fazer isso. Definitivamente, você ficaria melhor sem eles.

— Você é o tipo de garota que todos odeiam. Não é que você não tenha amigos. Ninguém quer ser amigo de uma pessoa amarga e cruel como você. — Danilo disse antes de sair da lanchonete.

A raiva tomou conta de mim, peguei o milkshake que estava tomando, corri até Danilo e joguei a bebida com toda raiva do mundo nele. Quem ele pensa que é para dizer quem eu sou ou o que os outros pensam sobre mim? Eu só não esperava que ele se virasse e corresse até mim. Não sei como, mas consegui fugir dele. O que há com ele? Eu estava apenas o alertando. Foi uma boa ação da minha parte. Disse nada mais do que a verdade. Porque ficou com tanta raiva?

Alguns dias se passaram depois que basicamente, fugi daquele deliquente maldito. Tudo voltou ao normal. Nunca mais tive que lidar com as inconstância dele. Voltei a me dedicar totalmente aos meus estudos.

— Gabriela? — A professora me chamou. Não. Certeza que era problema. Ela vai me colocar em outra arapuca.

— Oi — respondi sem parar de andar.

— Você viu Danilo depois daquele dia? — A professora questionou.

— Graças a Deus não. Aquele cara é o extrato do problema. Não inventa de me mandar fazer nada que envolva ele novamente. — Deixei claro. Tinha perdido horas de estudo semana passada por conta dele. Não posso deixar ele me distrair mais.

— Ah. Bem. Ele não tem atendido meus telefonas, pensei que estisse com algum contato com ele. Se ele continuar dessa forma, será expulso da escola. A direção já está decidida. — A professora disse parecendo triste. O que ela quer que eu faça? Ele odeia as pessoas da escola. Já eu, sou o contrário, não me importo com ninguém.

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