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A manhã já ia alta quando Helena decidiu sair da cama, estava livre, inclusive, para decidir seu destino. Livre, como jamais esteve antes. Uma nova realidade se desenhava: não haviam expectativas sobre ela, nem cobranças, ou objetivos, não havia superiores e nem subordinados, não tinha filhos, nem responsabilidades financeiras ou pessoais, estava por si e apenas aquilo. Havia um imenso hiato, um vazio existencial de quem, simplesmente, existia e não existia e aquilo era assustador. As refeições não foram servidas, aquele dia, e nem ninguém entrou em seu quarto. Ela, também, não se sentia à vontade para pedir nada e nem dar ordens, não se sentia parte do contexto. Não era alguém, não tinha sequer sua existência documentada mais, era um fantasma, uma sombra de ninguém na escuridão. Um desespero, fluente e profundo, começava a inundar seu coração, exigente, pesado. Para si, era um absoluto desperdício de recursos. Ela havia se afastado de tudo, abandonado todos.

Devagar, saiu da cama e
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