— Helena. - Gregory rosnou, suavemente, beijando o pescoço dela, a mão que acariciava o busto, em toques e quase toques enlouquecedores. Aquele homem tinha seu manual na mente. Os lábios, gentilmente, lhe tocavam a pele. Helena se perdia, rolou o homem para baixo de si. Dominadora, exigente. Tinha o beijo feroz, intenso. Arrancava, dele, gemidos baixos e roucos, entre beijos e mordiscadas. Gregory subiu as mãos pela lateral das pernas dela, uma amazona voraz, que se impunha. "Selvagem. É essa a sensação." A pele dela contra a sua era levemente febril. Ela avançava, contendo-se. Hesitava.Helena era de uma espécie rara de mulher, forte, imponente, exigia dele seu melhor. Ela arrancou a camiseta dele, beijava o peito nu do homem, acariciando a pele quente, do peitoral musculoso, de ombros largos. Ela lhe vendou os olhos, ainda que fosse menor, sabia dominar, lhe segurava os pulsos, desvendava a pele dele, a língua corria, em toques delicados e beijos ferozes. Gregory aceitava o domínio.
— Eu me casaria com você antes do almoço, inclusive. - Gregory respondeu, mais sério. - Aliás, por que não se defendeu ou, sei lá, procurou a polícia? — Querido, entenda: nós somos da polícia. - Ela sorriu, afável. - Eu preciso voltar por esse motivo simples. Treinar, voltar para o campo. Sabemos que temos duas hipóteses possíveis: ou Renard está sendo chantageado ou está envolvido nisso. - Ela deu de ombros. - De qualquer forma, isso vai cair no esquecimento em algum momento. Se ainda não fui exonerada, isso não passou de ameaça ou as identidades foram preservadas. Sou um tipo comum. - Ela concluía. - Pode ser qualquer mulher naquelas imagens. De qualquer forma, eu avisei a pessoa que não deveria fazer as publicações. Haveriam consequências. - Ela terminou seu café. - No resto, não conheço toda sua família e a que conheço me odeia. Nada além do lógico. Ainda assim, tem pouco tempo do seu divórcio e de namoro. - Ela disse divertia. — Está me enrolando, futura senhora Stuart. - Ele
Sara viu Helena se acomodar, dona da situação. Gregory recebia, de suas mãos, o tablet com a agenda, relatórios e alguns documentos para decisões. — Greg, vou sair. - Helena anunciou. — Cuide-se, querida. Gostaria de almoçar comigo hoje? - Ele pediu, esperançoso. — Farei meu melhor. A que horas devo estar disponível? - Helena perguntou, tranquila. - Dresscode? - Sara estranhava a pergunta. Aquela não era uma jovem inexperiente. — Você realmente se preocupa com isso, não é? - Ele riu, surpreendendo a secretária, com quem era sempre sisudo, ainda que fosse gentil. Àquela mulher, ele dedicava um raio de sol que Sara daria de tudo para sentir. — Pois sim. Imagine ficar com fome por causa de um pedaço de pano, Major! - Helena respondeu, ácida. — Pois bem, Tenente! Mall não tem Dresscode. - Sara se surpreendia, ambos eram militares e ambos oficiais. Isso explicava a cordialidade agressiva deles. "Tenente? Então não é uma qualquer?" Sara investigava a mulher que selou os lábios de G
— Ei, vovô. Tem câmeras aqui, não tem? - Helena perguntou, ainda ressabiada. "Estou ficando paranóica?" Ela se questionava. — E o que isso interessa? - O indiano perguntou. — Põe na conta de favor para sua nova amiga especial da Migra. - Ela respondeu, vigiando a porta, ostensivamente. — O que prova o que diz, garota? - O velho se interessava. — Aqui. - Ela jogou a identificação no pé do balcão. O velho pegou a carteira. Era, para além da Imigração, militar de patente. Tenente Brown, H. J. Ele fechou a carteira. — Vira a placa de "Fechado", Tenente. - O velho instruiu. - Vira e dá um passo atrás. - Helena o obedeceu. Pesadas portas desciam entre os vidros blindados, malhas de metal e cerâmica. Ela se surpreendia com o grau de segurança daquele lugar. Era bastante incomum. A loja de penhores era pequena, com prateleiras abarrotadas de objetos que pareciam carregar histórias esquecidas, tinha o ar, pesado, misturado ao aroma de madeira envelhecida e incenso. A mulher tinha o o
— Querida. - Gregory se abaixou a frente dela, amoroso e gentil. Sara estava em choque. "Ele realmente gosta desse monstro? Que fala tão abertamente de assassinato?" Ela presenciava eventos assombrosos. - São ossos da sua profissão. Algum suspeito? - Helena negou, em um gesto suave, piscando preguiçosamente, em uma paz que Sara não entendia. - Nem Peter? — Greg, ele certamente está envolvido em alguma coisa para abrir minha cova, mas não. Peter é um burocrata. Covarde, essencialmente. Aponta armas com facilidade, mas não tem marcação de munição livre como eu. - Ela se endireitou. Tinha a postura de uma rainha, elegante, esguia. Tinha dignidade, ainda que fosse condenável de tantas formas. - Por isso me pergunto se estarão seguros comigo aqui. Se não seria mais sábio eu manter distância? Especialmente, de suas princesas. - Ela disse, com o sorriso suave, levando a mão ao rosto dele e o afagando, ternamente. "Demônios amam?" Sara sentia as entranhas se retrairem. — Meu amor, veja:
— Me conta mais desse namoro? Já se conheciam? - Dario fazia Helena tagarelar. Gregory, o médico que ele havia conhecido na casa dela, era seu instrutor. Ela tinha uma queda por ele e, com aquele jeito adorável dela, conquistou sua amizade, mas foi como conhecer o homem de seus sonhos e a perfeita esposa. Depois disso, ela se casou e ficou viúva. Havia um ou outro namorinho antes, mas nada durava. Ele nunca a deixou desamparada, especialmente, depois da viuvez. Foi seu médico, seu amigo. Agora é seu chefe e namorado.Dario ouvia a história. De fato, pelo que se lembrava, dos vídeos dela, Gregory era mais recorrente que os outros amigos. — Me explica isso de "Encontro de viagem"? - Helena tinha o brilho curioso no olhar. Chegavam ao Mall, a pé. — Você marca com alguém para se conhecerem e compartilharem a viagem, não é nada demais. - Dario explicou, superficialmente. Parou na loja de chás. - Frutas vermelhas? - Ele ofereceu, fingindo adivinhar sua preferência.— Sim, senhor. - Ela co
A intuição de Helena exigia um estado de alerta exaustivo. Gregory havia saído sem lhe dizer nada. Ela sequer o viu pela manhã. As pequenas seguiam pesadas rotinas com Martha lhes tutoriando. Isso confortava Helena. — Tem um minuto, Helena? - A voz de Scarlet surgia atrás dela. — Todo o tempo que quiser, Scar. Fala comigo, bebê. - Ela respondeu. — Como faço para tirar? - A mulher via a moça comovida. — Tenho meus meios. Pegue uma bagagem, pequena. - A oportunidade se desenhava. - Somente o essencial. Vou providenciar um carro para a gente. Tenho um amigo que vai nos auxiliar. - A moça foi para seu quarto. Helena ligou para Dario. - Preciso de você. Sem questionamentos. Pode fazer isso por mim? — Quando? - Ele respondeu, de pronto. — Agora. Preciso chegar a Pueblo, no Colorado. Vamos em três motoristas. - Ela definiu, objetiva. — Chego em vinte minutos. - Dario disse, interrompendo a ligação. Helena pegou o essencial e ajudou Scarlet. — Celulares, tablets, qualquer meio d
Nem Scarlet e nem Dario se conformavam com a serenidade e, menos ainda, com os abusos a que Helena foi sujeita. — Você matou ele? - Scarlet perguntou, curiosa, melhorava de humor. — Aí é que está. Quando fiquei licenciada por causa do luto, ele foi promovido no meu lugar e acabou virando meu chefe, não sei porquê cargas d'água. - Helena seguia o relato. O sangue de Dario já fervia. - Quando seu pai passou a dividir comigo, logo que ele e sua mãe se divorciaram, seu pai virou meu chefe. - Helena deixou um riso escapar. - Preciso parar com esse negócio de me envolver com meus chefes. Hebert também foi meu superior. Enfim, esse cara se fingiu de policial e entrou em casa, me atacou e dizem que me estuprou, mas não sei, ele me estrangulou e se algo aconteceu, eu não estava consciente. Como meus ovários foram tirados, era cirurgia recente e, bom, seu pai quem me socorreu. - Dario lembrava das manchas de sangue e, agora, sabia que Helena era completamente estéril. - Assim que tive alta, v