Scarlet estava chocada. Com um olhar mais atencioso e aquela víbora da Helena ameaçava seu segredo. Aquela mulher, de olhar de gelo, via o que não devia. — Vou conversar com ela. - Gregory disse, fazendo Scarlet congelar. — Não faça, Greg. - Helena a defendia, mesmo depois de tudo. - Se ela achou por bem não contar, pode estar considerando aborto ou doação para adoção. Isso, partindo da ideia de que, não só, não seja mais virgem, como que, também, esteja grávida. Não a force e nem pressione. Ela tem seus motivos e isso tem que bastar. Ela pode estar procurando o próprio norte, as próprias convicções. Se a gente não for porto seguro, em quem ela vai confiar? Katrina é, para mim, perfeita, mas, hoje, pode ser que eu me desiluda e ela está seguindo adiante. Será que a Scarlet quer mesmo ir com a mãe para onde for? Será que alguém perguntou o que ela quer? Do que precisa para ter paz? - Gregory considerava. Scarlet se emocionava. Nem sua mãe havia lhe dado tanto respaldo. - Seja discre
— Você está, realmente, grávida? - Helena perguntou a Scarlet.— Acho que sim. Eu..... - A menina se encabulava. - Eu fiz o teste de farmácia. — Não é um indicativo preciso, você não tem menstruado? - Helena era aberta. Parecia não julgar. Scarlet negou. - Tudo bem. Vamos partir de algum lugar. Você contou ao pai? - Scar negava outra vez a pergunta. - Quer contar? - Outra negativa. - Quer tirar? - Scar parou com a pergunta. — Isso é ilegal no Texas! - Ela se espantava.— Scarlet, é ilegal em todo lugar onde a decisão sobre o direito reprodutivo de uma mulher não pertence a ela, de fato. - Helena disse. - No Colorado, é absolutamente legal. Essa é a questão. Você quer ter um filho ou não? É o seu momento ou não? Entende isso? O fato de gerar um feto não quer dizer que gere um filho, querida. Isso é uma decisão sua. Você está preparada para a maternidade? - Ela era direta. — Não. - Scarlet tinha uma certeza. — Então, decida. Seu pai vai saber, de alguma forma. Mesmo que ele surte, s
— Helena. - Gregory rosnou, suavemente, beijando o pescoço dela, a mão que acariciava o busto, em toques e quase toques enlouquecedores. Aquele homem tinha seu manual na mente. Os lábios, gentilmente, lhe tocavam a pele. Helena se perdia, rolou o homem para baixo de si. Dominadora, exigente. Tinha o beijo feroz, intenso. Arrancava, dele, gemidos baixos e roucos, entre beijos e mordiscadas. Gregory subiu as mãos pela lateral das pernas dela, uma amazona voraz, que se impunha. "Selvagem. É essa a sensação." A pele dela contra a sua era levemente febril. Ela avançava, contendo-se. Hesitava.Helena era de uma espécie rara de mulher, forte, imponente, exigia dele seu melhor. Ela arrancou a camiseta dele, beijava o peito nu do homem, acariciando a pele quente, do peitoral musculoso, de ombros largos. Ela lhe vendou os olhos, ainda que fosse menor, sabia dominar, lhe segurava os pulsos, desvendava a pele dele, a língua corria, em toques delicados e beijos ferozes. Gregory aceitava o domínio.
— Eu me casaria com você antes do almoço, inclusive. - Gregory respondeu, mais sério. - Aliás, por que não se defendeu ou, sei lá, procurou a polícia? — Querido, entenda: nós somos da polícia. - Ela sorriu, afável. - Eu preciso voltar por esse motivo simples. Treinar, voltar para o campo. Sabemos que temos duas hipóteses possíveis: ou Renard está sendo chantageado ou está envolvido nisso. - Ela deu de ombros. - De qualquer forma, isso vai cair no esquecimento em algum momento. Se ainda não fui exonerada, isso não passou de ameaça ou as identidades foram preservadas. Sou um tipo comum. - Ela concluía. - Pode ser qualquer mulher naquelas imagens. De qualquer forma, eu avisei a pessoa que não deveria fazer as publicações. Haveriam consequências. - Ela terminou seu café. - No resto, não conheço toda sua família e a que conheço me odeia. Nada além do lógico. Ainda assim, tem pouco tempo do seu divórcio e de namoro. - Ela disse divertia. — Está me enrolando, futura senhora Stuart. - Ele
Sara viu Helena se acomodar, dona da situação. Gregory recebia, de suas mãos, o tablet com a agenda, relatórios e alguns documentos para decisões. — Greg, vou sair. - Helena anunciou. — Cuide-se, querida. Gostaria de almoçar comigo hoje? - Ele pediu, esperançoso. — Farei meu melhor. A que horas devo estar disponível? - Helena perguntou, tranquila. - Dresscode? - Sara estranhava a pergunta. Aquela não era uma jovem inexperiente. — Você realmente se preocupa com isso, não é? - Ele riu, surpreendendo a secretária, com quem era sempre sisudo, ainda que fosse gentil. Àquela mulher, ele dedicava um raio de sol que Sara daria de tudo para sentir. — Pois sim. Imagine ficar com fome por causa de um pedaço de pano, Major! - Helena respondeu, ácida. — Pois bem, Tenente! Mall não tem Dresscode. - Sara se surpreendia, ambos eram militares e ambos oficiais. Isso explicava a cordialidade agressiva deles. "Tenente? Então não é uma qualquer?" Sara investigava a mulher que selou os lábios de G
— Ei, vovô. Tem câmeras aqui, não tem? - Helena perguntou, ainda ressabiada. "Estou ficando paranóica?" Ela se questionava. — E o que isso interessa? - O indiano perguntou. — Põe na conta de favor para sua nova amiga especial da Migra. - Ela respondeu, vigiando a porta, ostensivamente. — O que prova o que diz, garota? - O velho se interessava. — Aqui. - Ela jogou a identificação no pé do balcão. O velho pegou a carteira. Era, para além da Imigração, militar de patente. Tenente Brown, H. J. Ele fechou a carteira. — Vira a placa de "Fechado", Tenente. - O velho instruiu. - Vira e dá um passo atrás. - Helena o obedeceu. Pesadas portas desciam entre os vidros blindados, malhas de metal e cerâmica. Ela se surpreendia com o grau de segurança daquele lugar. Era bastante incomum. A loja de penhores era pequena, com prateleiras abarrotadas de objetos que pareciam carregar histórias esquecidas, tinha o ar, pesado, misturado ao aroma de madeira envelhecida e incenso. A mulher tinha o o
— Querida. - Gregory se abaixou a frente dela, amoroso e gentil. Sara estava em choque. "Ele realmente gosta desse monstro? Que fala tão abertamente de assassinato?" Ela presenciava eventos assombrosos. - São ossos da sua profissão. Algum suspeito? - Helena negou, em um gesto suave, piscando preguiçosamente, em uma paz que Sara não entendia. - Nem Peter? — Greg, ele certamente está envolvido em alguma coisa para abrir minha cova, mas não. Peter é um burocrata. Covarde, essencialmente. Aponta armas com facilidade, mas não tem marcação de munição livre como eu. - Ela se endireitou. Tinha a postura de uma rainha, elegante, esguia. Tinha dignidade, ainda que fosse condenável de tantas formas. - Por isso me pergunto se estarão seguros comigo aqui. Se não seria mais sábio eu manter distância? Especialmente, de suas princesas. - Ela disse, com o sorriso suave, levando a mão ao rosto dele e o afagando, ternamente. "Demônios amam?" Sara sentia as entranhas se retrairem. — Meu amor, veja:
— Me conta mais desse namoro? Já se conheciam? - Dario fazia Helena tagarelar. Gregory, o médico que ele havia conhecido na casa dela, era seu instrutor. Ela tinha uma queda por ele e, com aquele jeito adorável dela, conquistou sua amizade, mas foi como conhecer o homem de seus sonhos e a perfeita esposa. Depois disso, ela se casou e ficou viúva. Havia um ou outro namorinho antes, mas nada durava. Ele nunca a deixou desamparada, especialmente, depois da viuvez. Foi seu médico, seu amigo. Agora é seu chefe e namorado.Dario ouvia a história. De fato, pelo que se lembrava, dos vídeos dela, Gregory era mais recorrente que os outros amigos. — Me explica isso de "Encontro de viagem"? - Helena tinha o brilho curioso no olhar. Chegavam ao Mall, a pé. — Você marca com alguém para se conhecerem e compartilharem a viagem, não é nada demais. - Dario explicou, superficialmente. Parou na loja de chás. - Frutas vermelhas? - Ele ofereceu, fingindo adivinhar sua preferência.— Sim, senhor. - Ela co