A noite estava serena.
Helena ouvia com tranquilidade, aparentemente sem surpresa. As ligações constantes eram sempre atendidas pela secretária Juliana, ele estava sempre em compromissos, sempre trabalhando até tarde... Isso era claramente um sinal de cansaço do homem por uma mulher. Ele disse que estava exausto, e não parecia mentira.
Helena não se agarrou a ele, ao contrário, se sentiu aliviada. Levantou os olhos para Bruno, sem amor, sem ódio, e até sorriu.
— Está bem, Bruno. Assim não vamos mais ter que nos forçar a nada. Só que a infância das crianças não pode faltar o amor de um pai.
A mão esquerda de Bruno, que segurava o garfo, tremeu levemente. Momentos depois, ele sorriu suavemente, concordando:
— Claro.
Ele observava Helena, vendo ela se esforçar para não chorar. Afinal, depois de tantos anos de casamento, como não a conheceria? Helena o odiava, mas o coração humano era feito de carne, o convívio longo criaria sentimentos, inevitavelmente.
"Mas Helena, eu te enganei! Talvez