Melissa enlouqueceu, começou a gritar e xingar, dizendo palavras bem pesadas, até tentou cuspir em Helena.
Do lado de fora, alguém entrou às pressas com um trapo imundo e o enfiou à força em sua boca. Melissa só pôde arregalar os olhos cinzentos e turvos, cheios de ódio, fixos em Helena, enquanto da garganta escapavam apenas sons abafados e lamurientos.
Helena ajeitou levemente a gola do casaco e, com a mesma suavidade de sempre, ordenou:
— Tirem um pouco de sangue dela, quero saber se tem AIDS.
O homem concordou prontamente:
— Bem lembrado! Com uma vida tão nojenta, é bem possível.
Helena lançou a Melissa o último olhar, dizendo:
— Fique tranquila, eu vou preservar a sua vida. Mas você vai apodrecer aqui dentro, até envelhecer, até morrer.
E, sem dar atenção aos gemidos e impropérios que vinham de trás, Helena se virou e saiu.
Do lado de fora, o céu se tingia de um vermelho ardente, como se o sol poente tivesse incendiado a terra inteira. Helena ficou imóvel diante daquela claridade,