Bruno saiu do prédio, e pelo corredor atrás dele parecia ainda ecoar o grito estridente de Melissa.
Ao redor, um silêncio assustador, como se estivesse emboscado por inúmeros espíritos e demônios.
Bruno não acreditava em deuses, mas sentia que esses espíritos haviam se transformado em ganância, raiva e ignorância, se infiltrando em seus ossos e sangue. Seu destino de hoje foi causado justamente por esses demônios interiores.
Se ele não fosse tão apegado ao poder, teria percebido cedo seus sentimentos pela Helena. Não teria deixado uma mulher que o amava sofrer por quatro anos, perdendo a avó e o filho que carregava no ventre.
O monge do Templo da Esperança disse certa vez que ele estava cheio de rancor e poderia ferir aqueles ao seu redor, ninguém terminaria bem assim.
O vento frio da noite soprava forte, levantando os fios de cabelo de Bruno, trazendo um arrepio por todo o corpo. As luzes da rua alongavam sua sombra.
Ele entrou no carro gelado, e sua mente repassava os acontecimentos