Era a primeira vez que Bruno ficava assim.
Curvado, com o corpo forte inclinado sobre Helena, ele se aproximou de seu ouvido e disse com uma severidade inédita:
— Se apaixonou por ele, foi? Essa saia que está usando... Vestiu de propósito para ele? Me diz! Foi por ele que você se arrumou? Fala!
A luz do quarto oscilava, desordenada.
Helena ergueu o queixo, o pescoço fino tenso, os olhos desafiadores mirando o homem furioso diante dela. Então, de propósito, respondeu com uma calma provocadora:
— Sim. Vesti para o Manuel.
Os olhos escuros de Bruno se estreitaram. Ele segurou a nuca dela com força e disse, gelado:
— Está pedindo para morrer!
A chuva da noite não cessava, caía com força como grãos de feijão despejados do céu, com vento cortante.
E só na madrugada a tempestade se acalmou.
No quarto, com a luz amarelada e fraca, o corpo magro de Helena estava coberto por um lençol fino.
Ela se virou de costas para Bruno e falou com frieza:
— Você já conseguiu o que queria. Agora pode ir.
Bru