Quando Rafael chegou ao hospital, Paola não demorou muito e foi para casa.
Ele olhou para Lily, deitada, frágil, ainda inconsciente. Percebeu que já era muito tarde e que precisava descansar. Deitou-se em um dos sofás próximos à janela do quarto, mas, por mais que tentasse, o sono não vinha.
Ficou perdido em pensamentos. Se perguntava como seria quando Lily acordasse... e, mais ainda, como ele reagiria. Sabia que a relação dos dois estava longe de ser boa — na verdade, era péssima. Desde a morte dos pais dela, eles nunca mais conseguiram se conectar da mesma forma. Aquela distância, aquela frieza... como eles chegaram nesse ponto?
No silêncio sua mente começou a vagar, puxando lembranças que ele sequer sabia que ainda guardava.
De repente, ele se viu ali... anos atrás... no jardim da antiga casa da família Baudelaire. Ele, com seus nove anos, corria pelo gramado, enquanto Lily, com apenas cinco, tentava acompanhá-lo com passinhos desajeitados.
— Espera, Rafa! — gritava ela, rindo, com