Capítulo 5

Luke Anderson

— Espera! Porque não estou entendendo nada. — Brendan senta ao meu lado e Vince continua me observando, franzo a testa a despeito do seu rosto inchado e da ressaca que é nítida. Ambos detém a mesma expressão de choque.

— É isso o que estou dizendo! Eu sou pai. — rio sem emoção. Seguro a cabeça com as mãos e fecho os olhos. Sinto a palma da mão de Brendan nas minhas costas. — Sou pai, caralho! E de dois. — Encaro-o, fazendo gestos com os dedos, indicando o número para que finalmente entenda.

— Você não tá dizendo coisa com coisa, irmão. — Estala a língua.

— É, Luke! Você saiu cedo e voltou pai? Como assim? — Vince ri, mas faz uma careta de dor, encostando na testa. — Caralho! Tô com uma ressaca fodida!

— Vocês não estão ouvindo? —  reclamo, elevando o tom de voz. — São dois! 

— Dois o quê? — meu irmão interpela.

— Loren. As crianças são dela, eu tenho certeza! — Vejo-os arregalar os olhos em entendimento. Faço contas mentalmente. — E, consequentemente, minhas. De 2015 para cá são oito anos. Eles têm quase isso. Certeza!

— Explica direito. Você foi até a Evie, foi isso? — Faço que sim com a cabeça, sentindo o corpo tremer. — Conversou com ela? — digo que não. — Mas viu as crianças… 

— Sim. Acho que são gêmeos, já que são muito parecidos e devem ter a mesma idade Eles estavam numa cafeteria, no mesmo prédio em que ela mora.

— Caralho! E como tem certeza que são seus? Podem ser da própria Evie. De repente, engravidou naquela época. — Vince comenta e Brendan confirma.

— A menina é a cara da Loren e possui os cabelos dela. Não tem como não ser. — Vince me interrompe:

— E por que seriam seus? Pelo o que sei, você não é o único homem da face da terra. — Sinto uma certa acidez em seu tom de voz, mas não julgo. O cara teve uma boa dose do Luke babaca por um longo tempo.

— O menino se parece conosco… — Meu irmão arregala os olhos. — Tem os traços dos Andersons. Realmente não tenho dúvidas! Só não entendo como não soube antes.

— Deveria agradecer por essa merda! — Brendan diz, e Vince dispara:

— Loren não fez os filhos sozinha! Acho que você deveria conversar com a Evie, Luke. Saber se é verdade, sei lá.

— E me foder de vez? Tô fora! — Levanto da cama e caminho até a sacada. Os dois me acompanhando.

— Você já está amarrado e nem sabe, Luke. — Vince me corta. — Só não se casou ainda… — Encaro o meu amigo e seus olhos escuros me fitam de volta. Sua pele negra ganhando um tom mais avermelhado devido ao sol. — De repente, um filho lhe traria responsabilidades…

— Um não, amigo, são dois. Dois! — enfatizo. — E eu já tenho muitas, Vince, sem contar que não é como se Evie quisesse que eu soubesse das crianças. Ela nitidamente está se esquivando disso. — Dou de ombros. — E Charles quer uma cota de filhos novos, não dois mini adultos criados.

— Ei! Pode ser isso! — Brendan estala os dedos praticamente na minha cara. 

— Fodeu! Brendan e suas ideias… — ironizo, e ele continua: 

— Charles quer um herdeiro, não quer? — Franzo a sobrancelha. — E uma esposa… — Estreito os olhos. — E você quer viver livre… Junte o útil ao agradável! — Ele solta a bomba, enquanto Vince gargalha e eu arregalo os olhos.

— Ah, é? E com certeza eu me casaria com a Evie, não? —  desdenho. — Estou tentando fugir de um casamento e não me foder em outro.

Voilà

— E você bebeu o quê? Já sei, ficou amarrado de ponta cabeça durante muito tempo ontem?

— Pare de falar merda, Luke! — Vince ri. — E essa história é absurda! Vocês querem o quê? Um casamento por contrato?

— Não seria ruim… — Brendan dá de ombros e penso nos prós e contras disso tudo. Seria melhor do que me ver preso à Geórgia, ao seu pai arrogante e ainda viver sob o domínio de Charles. Eu ficaria extremamente sufocado. Afinal, um casamento falso pode ter suas vantagens… — Poderíamos descobrir mais sobre ela. 

Observo meu irmão enquanto penso em voz alta:

— De repente, um ponto fraco…

— Vocês não estão cogitando essa ideia, estão? — Vince questiona e Brendan emenda:

— É o futuro de um homem, meu amigo.

— E a vida de uma mulher e de duas crianças! — Vincent contrapõe.

— Mas será que todos não se beneficiariam também? — Coloco a mão direita no ombro do meu amigo. — Uma mesada, quem sabe?

— E sexo à vontade. — Brendan interpela.

— Não seria mal. — Penso nas pernas bem torneadas de Evie, mas ao mesmo tempo em seu gênio fodido. —  Mas ela deverá me dividir com algumas amigas! — gargalho.

— Essa merda não vai dar certo! —  Vincent insiste.

— Isso um bom detetive nos dirá. — respondo enquanto presencio Brendan digitar no celular as palavras: detetive e particular. — É! Acho que pode dar muito certo. 

++++

No domingo, ao invés de voltarmos para o rancho, como o esperado, mudei a rota e segui para o prédio em ruínas onde Evie mora. Estou em frente ao apartamento com a ansiedade me consumindo, uma vez que tenho informações suficientes de sua vida, obtidas pelo detetive. Sinto minhas pernas trêmulas, mas não é o momento de dar para trás. Já tem muito em jogo, começando pelas crianças, já que elas — qualquer uma delas —, e eu não temos um relacionamento agradável. Detesto narizes sujos e não suporto a ideia de trocar fraldas. Graças aos céus que eles já são crescidos, porque ouvir choro de neném e… 

— O que quer? — Congelo. Pisco algumas vezes, observando os olhos verdes do menino me encararem tempo demais. Sinto que estou suando. — Está doente? 

— Nawn! — um resmungo sai da minha garganta. Que merda eu disse? O que estou fazendo aqui mesmo? Vamos Luke, ele é apenas um fedelho. — A pirralh… quer dizer, a Evie, é…. merda! — O menino arregala os olhos e percebo que xinguei. —  Ah caralh… Droga! — grito, e ele abre um sorrisinho genuíno.

— A tia Vie? — Faço que sim com a cabeça, sentindo minhas mãos suarem também. — Está na sala. Entre! — Tia! Eu sabia!

Engulo em seco ao acompanhá-lo. 

O apartamento é minúsculo e parece que acabou de ter uma festa rave na sala, porém, de pestinhas, porque há brinquedos espalhados por todo o lugar. De onde estou, enxergo Evie sentada em um sofá velho e há uma cabeça cheia de madeixas ruivas recostada em suas pernas. As duas estão focadas na televisão.

— Tia Vie… — O menino abre a boca. — Esse moço quer falar com você… — E é nesse momento que Evie e eu nos encaramos. Seus olhos assustados. A menina se vira na minha direção e é estranho, pois parece que estou vendo a mim e a Loren juntos em suas feições. Foco em Evie novamente, porque não consigo olhar para a garota e tento não correr para longe dessa loucura.

— Acho que precisamos conversar, pirralha…

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