Lilly
Ando ao lado junto com os demais estudantes para a entrada, tentando manter minhas pernas firmes, mas o medo não estava ajudando.
Estou parada bem no meio do corredor quando alguém passa correndo e esbarra em mim. Olho para baixo e vejo um monte de livros caídos ao chão; seus longos cabelos acobreados estão perfeitamente arrumados com um laço.
- Desculpa... Desculpa... Eu sou muito desastrada, apenas não estava tentando chegar atrasada na reunião.
Eu me abaixo imediatamente e começo a ajudá-la a pegar os livros do chão. Nossos olhos se encontram e ela abre um sorriso amigável, levantando delicadamente seus óculos para arrumá-los.
- Você é nova por aqui, não é?
- Sim, esse é o meu primeiro dia!
- Eu sou Luiza Lambert, mas pode me chamar de Iza.
- Eu sou Lilly, Lilly Miller!
- Como sabe que eu sou nova? É apenas o primeiro dia de aula.
- Não recebemos muitos alunos novos, então sempre sabemos quem são.
- Você sabe onde fica o auditório? Ela pergunta docemente enquanto terminar de arrumar suas coisas.
- Não, não sei onde fica nada nesse lugar. Não é melhor a gente levantar? – digo, percebendo que ainda estamos ajoelhadas no chão.
- Verdade! – ela me responde. Quando ela se levanta, seu corpo se choca novamente com alguém que cai em cima dela.
- Ai, meu Deus... – digo assustada tento segurar Luiza.
- Porra, garota, presta atenção por onde anda! Ouço um cara não muito mais velho que a dizendo de forma ríspida.
- Você que deveria prestar atenção e não sair correndo em cima das pessoas, seu ogro. – Retruco para o garoto de cabelos loiros. Ele se levanta do chão e caminha lentamente em minha direção. Dou um passo para trás e acabo percebendo que chamamos a atenção das pessoas ao nosso redor.
- Que porra você pensa que é, garota, para falar comigo dessa maneira?
Eu nem percebi, mas ele estava tão perto que podia sentir sua respiração em meu rosto, seus olhos eram azuis iguais o meu.
- O que foi, o gato comeu a sua língua?
- Não, apenas não gosto de responder ogros que pensam que são melhores do que os outros eu o rebato.
- Você sabe quem eu sou? – Ele questiona com um sorriso sarcástico.
- Não! E nem quero saber!
Puxo Iza pelo braço e saio arrastando-a, sem fazer a mínima ideia de onde estava indo.
- Garota, você é maluca. Não acredito que você falou assim com Austin.
- Por quê? Ele estava sendo grosseiro com você!
- Realmente, você não sabe nada sobre aqui. Acho melhor dar umas dicas.
- A família de Austin é dona desse lugar, um dos irmãos mais velhos dele é nosso diretor.
- Então a família dele tem dinheiro?
- Dinheiro? A família dele é podre de rica. são donos de quase toda a cidade. O grande problema é que ele sabe disso, então ninguém enfrenta ele porque sabe que ele sempre se safa de tudo.
Começo a pensar nas palavras de Iza. Talvez não fosse uma boa ideia arrumar confusão logo no primeiro dia; o senhor Fox iria ficar furioso e poderia me separar de mamãe.
Iza e eu fomos logo para o auditório principal, que estava praticamente quase lotado pelos alunos. Iza senta perto de mim e aproveito o momento para observar as pessoas ao redor. Esse lugar exala luxo e dinheiro; todos parecem um bando de esnobes. Meu Deus, como pude cair em uma merda dessa ?
Logo nosso diretor subiu ao palco e uma luz foi direcionada sobre seu corpo. Ele não era velho como o antigo diretor da minha universidade, muito pelo contrário, ele era muito bonito aparentando estar na casa dos trinta e poucos anos, o seu olhar era marcante ficava em evidência com as armações escuras de seus óculos de lente. Ao longe, podia ouvir sussurros e cochichos de pessoas falando o quanto ele era lindo.
Mas tudo o que ele falava não conseguia prestar atenção desde que ele subiu ao palco. Não consigo tirar a sensação de que ele me lembra alguma pessoa.
Assim que a reunião terminou, Iza me levou até a diretoria. Era costume o diretor conversar com os novos alunos e recebê-los no primeiro dia. Me sento na sala de espera e meus olhos focam na secretária que está à minha frente. Ela também era loira e jovem, porém, para um lugar com muitos estudantes, sua roupa estava justa demais e muito decotada, junto com uns lábios bem chamativos.
Após um bom tempo esperando, ela se levanta de seu lugar e me acompanha até a porta, dando três batidas leves.
- Entre! – Ouço a voz do outro lado da porta. Ela abre e dá passagem para eu entrar, ficando ao meu lado.
- Senhor Fox, essa é a nova aluna Lilly Miller.
Fox... Por que ele tem esse sobrenome? Será que isso foi mais uma artimanha para o senhor Fox me vigiar? Será que meu novo diretor era filho ou parente dele? Meu coração começa a ficar acelerado e tento me acalmar para que ele não perceba meu nervosismo.
- Obrigada, Daffine . Pode sair! – Ele fala em tom monótono com sua secretária, que sai encostando a porta atrás de mim. Fico parada no mesmo lugar como uma estátua, até que ele quebra o silêncio dentro da sala.
- Pode sentar, senhorita Miller.
Me sento na cadeira em frente à sua mesa. Meu medo não me deixa encarar seus olhos, então fixo meu olhar para a papelada que está em cima da mesa e vejo meu nome escrito.
- Você tem muita sorte; não é qualquer pessoa que paga uma Faculdade de elite para alguém que nem é seu parente. Suas palavras fazem meu coração acelerar ainda mais, então ele sabia que o senhor Fox era o responsável por isso.
- Vejo em sua ficha que é uma aluna dedicada, tem notas boas, poucas faltas, nenhuma advertência. Isso é bom. Não terá problemas em seguir as regras de nossa instituição e espero que consiga acompanhar nosso ritmo acadêmico.
- Esses são seus horários e aulas extracurriculares. Pode ir para a sala de aula. – Ele me despensa em um tom frio. Me levanto imediatamente e saio de sua sala, caminhando pelo corredor, procurando minha sala de aula. Quando a acho, bato na porta e o professor me deixa entrar. Nossa sala não é muito cheia, então todos estão me observando. Fico feliz ao ver Iza sentada em um canto sozinha. Caminho em sua direção e me sento ao seu lado, olho para ela com um olhar gentil e volto a prestar atenção na explicação do professor. Tinha que me sair bem para não ter problemas com o senhor Fox, principalmente se essa fosse a universidade dele.
Quando o sinal toca para o horário de almoço, sigo Iza para o nosso refeitório. Quando entramos no salão, o barulho de conversas e risadas toma conta do lugar. Iza e eu entramos na fila para pegar nosso almoço e sinto a sensação de estar sendo observada. Quando me viro, meus olhos encontram os olhos do tal Austin me observando como se quisesse me matar só por estar respirando.
Quando Iza e eu pegamos nossas bandejas, nos sentamos em uma mesa mais afastada. Então, tomo coragem para perguntar sobre o tal Austin e sua família.
- Iza, o quanto devo me preocupar com Austin?
- Bom, além dele ser mimado e capitão do nosso time de hóquei, eu faria o máximo para não ficar na mira dele. E o que você fez hoje foi literalmente isso. Ninguém nunca enfrenta ele.
- Bom, então deve ser por isso que ele estava me fuzilando com os olhos quando estávamos na fila. – Digo, olhando novamente para a mesa onde Austin estava sentado, com seus amigos. Iza percebe para onde estou olhando e comenta.
- Aquela é Sofia, namorada de Austin; ela é como se fosse a rainha da escola.
Fixo meus olhos nela, que está sentada no colo de Austin, trocando beijos e carícias. Sofia era muito bonita; eles combinavam como casal.
Depois do almoço, fomos em direção à nossa próxima aula. Antes de ir embora, iria à diretoria para me inscrever no programa de balé da escola.
Quando saio para a saída, vejo que o mesmo motorista está me esperando em frente à escola. Me despeço de Iza e entro dentro do carro e reparo em alguém no último andar, perto da diretoria, observando pela janela. Hoje mamãe teria que me dar algumas respostas a respeito do senhor Fox, gostando ou não. Quando voltei para meu prédio, cumprimentei o porteiro que parece apreensivo. Entro no elevador, que para rapidamente no meu andar. Quando saio e destranco a porta, vejo uma figura parada, sentada em minha sala de estar. Sua aparência era idêntica à de meu diretor, nossos olhos se encontram o medo percorre minha espinha rapidamente. Quando ele percebe minha presença, rapidamente se levanta e passa por mim pela porta. Sinto seu cheiro amadeirado invadir minhas narinas quando ele para abruptamente atrás de mim.
- Você tem até hoje para contar tudo a ela; se não, eu mesmo vou tomar minhas providências.