57. SÂMIA
O que tem na cama do Haniel eu não sei, só sei que eu não queria levantar dela, mas eu precisava, porque ainda tinha que ligar para a minha tia. Ao sair da cama, retirei o curativo do pé e andei um pouco. Parece que nem o furei. Haniel ainda dormia, agarrado ao travesseiro. Queria entender esse homem: foi superáspero comigo ontem e, quando me viu em apuros, me socorreu. Haniel é cheio de camadas demais para eu tentar entender.
Fiz minha higiene, me arrumei, retirei o restante da decoração e guardei as coisas numa despensa. Aproveitei que ainda era cedo e mandei mensagem para a minha tia, pedindo notícias da minha avó, afinal, meu tempo tem ficado escasso nesta casa. E Anita apareceu atrás de mim como uma alma penada.
— Eu sabia que o senhor Haniel não ia aceitar a decoração. Ele só amou o Natal enquanto esteve com a senhora Cíntia — Anita falou.
— Não sabia que empregada se metia na vida dos patrões. Acho que está mais do que na hora de você ser despedida.
— Isso nunca vai acontec