O dia começava cedo no hospital São Gabriel. Helena organizava prontuários na sala de apoio da enfermagem quando ouviu vozes alteradas vindo do corredor. Curiosa, aproximou-se discretamente da porta entreaberta.
Na ala dos residentes, Rafael estava em frente a Lara. A postura dele era rígida, e sua voz, normalmente calma, tinha um tom firme e decidido.— Eu preciso que entenda uma coisa, Lara — disse ele, com o jaleco entreaberto e os olhos fixos nela. — Eu estou em um relacionamento. Com alguém por quem tenho profundo respeito e sentimentos reais.Lara tentou disfarçar a expressão de frustração com um sorriso presunçoso.— Achei que médicos experientes soubessem separar o pessoal do profissional.— E exatamente por saber separar, estou aqui deixando claro que suas insinuações precisam parar agora. Você é competente, mas ultrapassou limites. E isso não é apenas inconveniente — é antiético.Helena congelou no lugar, o coração acel