O hospital era sombrio, com corredores silenciosos, e a luz amarelada ainda não havia sido trocada pela clareza do dia.
Apenas sombras, tão tênues que pareciam prestes a se dissipar, me acompanhavam enquanto eu, trôpega, correu até o quarto privado no andar superior.
Meu corpo, que havia esperado a noite inteira, começava a aquecer-se com o batimento acelerado do coração; meus pés frios recuperavam lentamente a sensação.
Dentro do quarto, um homem estava tossindo, e eu lutava internamente: quando entrasse, deveria ou não levar um copo d’água para Bruno?
Enquanto pensava, minhas pernas pareciam se desconectar do restante do corpo.
Uma sensação intensa de formigamento subia dos pés, a ponto de eu não conseguir me mover.
A tosse de Bruno persistia.
Desesperada, ergui a barra do vestido, como se apenas ao olhar para os pés pudesse me certificar de que ainda estavam ali.
Comecei a pisar lentamente sobre o espesso carpete, sem saber qual era a dor mais insuportável: a que atravessava me