Contrariedades a caminho!

Briana chegou à cidade de Lucky no final da tarde, por conta de um enorme congestionamento ocasionado por um acidente na rodovia. A morena estava exausta, pois aquela viagem durou mais do que ela tinha previsto, porém tirando esse fato, ela se sentia aliviada por já estar a caminho da residência de seus tios. Briana não demorou a chegar ao bairro onde eles residiam, dirigiu por mais alguns minutos, até que de longe pode avistar a elegante casa cor salmão de dois pavimentos, com um bonito e florido jardim de rosas vermelhas. Tinha que concordar com seu primo Kelvin, realmente sua tia possuía um ótimo bom gosto para decoração.

Quando Briana estacionou o carro em frente ao casarão, ela suspirou e deu um sorriso sincero, então pegou sua bolsa ao lado do carona e saiu do veículo, indo em direção a porta de entrada do local.

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Enquanto isso, Glenna estava na cozinha terminando de cozinhar o bolo de chocolate, que tinha feito especialmente para sua sobrinha. Aquela deliciosa guloseima já estava despertando o interesse de seus filhos, que estavam próximos da mesa sentados, fingindo que olhavam o celular. No entanto Glenna sabia muito bem o que eles queriam, era mais do que óbvio, a constatação certeira a fez revirar os olhos, pois tanto Thomas como Kelvin pareciam dois garotos travessos que esperavam o bolo sair do forno para atacá-lo.

— Esse bolo é pra Briana! Vocês só vão comê-lo quando ela chegar! – avisou a morena autoritária.

— Só um pedacinho, mãe! Por favor! A Briana não vai se importar se eu comer antes dela – implorou Kelvin chateado, arrancando uma gargalhada do irmão, que achava engraçada aquela situação

— Kelvin, filho, que idade você têm? Cinco anos? Acho que você já é crescidinho suficiente para controlar essa sua fome de leão – Glenna repreendeu.

De repente a conversa foi interrompida pelo barulho da campainha, que tocou de forma insistente, fazendo Glenna desligar o forninho e correr rapidamente até a sala, onde abriu a porta e deu de cara com Briana, que sorriu e abraçou a tia contente.

— Ah querida! Que bom que você chegou! Como foi a viagem? – perguntou Glenna ao puxar a sobrinha para dentro de casa, para em seguida trancar a porta.

— Oi, Tia Glenna! A viagem foi cansativa, pois levei mais tempo do que pensava para chegar aqui, por conta de um acidente na rodovia! – replicou Briana.

— Você deve estar com fome! Eu fiz um delicioso bolo de chocolate para você. Vamos até a cozinha, os rapazes estão lá – gesticulou a morena sendo seguida pela sobrinha.

Quando Briana ingressou na espaçosa cozinha de sua tia, foi abraçada por seus primos de forma carinhosa, atitude que a deixou surpresa.

— Calma! Calma, meninos! Eu prometo que não vou fugir! Assim vocês vão me amassar – brincou a morena se soltando dos dois.

— Que bom que você veio Briana. Você está bem? – pediu Thomas atencioso enquanto puxava a prima pela mão para sentar perto dele.

— Sim, estou bem e vou ficar melhor ainda agora que vou começar uma nova vida aqui! – respondeu a jovem confiante.

— Ficamos felizes em saber que você se recuperou bem! – Falou Glenna ao mesmo tempo que tirava do forninho o bolo de chocolate e colocava em cima da mesa.

— Bem... foi difícil, mas graças a deus estou aqui com vocês, não quero nunca mais passar pelo que passei, prefiro esquecer, podemos falar de outra coisa? – suplicou a jovem séria.

— Com certeza, Briana! – concordou Thomas.

— Então, Kelvin, me fale um pouco do seu batalhão, como é trabalhar lá com o tio Robert? – perguntou curiosa, enquanto pegava um pedaço de bolo de chocolate oferecido por sua tia.

— O nosso batalhão é super conhecido pela eficiência dele nos resgates, a comida é maravilhosa, Peter e Kane são os cadetes que melhor cozinham lá. Você deve tomar cuidado com o Kamari, pois ele é meio pervertido, tanto que já apanhou algumas vezes da nossa paramédica por espioná-la tomando banho, não se engane com a aparência dele, de um senhor idoso bonzinho e inocente.  Trabalhar com o meu pai tem seus pontos positivos e também seus negativos, gosto do jeito como ele comanda o batalhão, mesmo que ele exija mais de mim do que dos outros – respondeu sincero o moreno ao mesmo tempo que devorava uma fatia de bolo rapidamente.

— Me diga uma coisa primo, você vai ser o meu tenente ou vai ser outra pessoa? – inquiriu curiosa.

— Não, o seu tenente vai ser o Victor, e já vou te adiantando, ele é super exigente, além de ser rabugento, você vai precisar saber lidar com a fera.

— Estou vendo que vou pegar um tenente casca grossa, aja paciência

— É melhor você se comportar Briana e deixar esse seu gênio um pouco de lado, senão vai brigar com ele no primeiro dia de trabalho e falo sério, Victor não é de levar desaforo para casa.

— Certo! Vou tentar o meu melhor, eu prometo! Mas ele também tem que colaborar – anuiu a morena tomando um pouco de suco.

— Briana, onde estão suas malas? – perguntou Thomas tentando mudar de assunto, pois notou que o clima estava ficando tenso no lugar.

— No meu carro, você poderia pegá-las, por favor? – pediu ao mesmo tempo que dava a chave do seu Sentra para o moreno.

— Kelvin, você poderia me ajudar a trazer as coisas de Briana? – gesticulou o promotor antes de caminhar para fora da cozinha.

— Sim, já estou indo! – anuiu Kelvin terminando de comer mais uma fatia de bolo, para depois se levantar e seguir o irmão.

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Após a saída dos rapazes, Briana suspirou e resolveu pedir para sua tia o que tinha acontecido com Richard, pois não tinha mais ouvido falar dele, já há algum tempo e as mensagens que enviava para ele eram visualizadas, mas nunca respondidas. Ela tinha chegado a questionar Thomas sobre o que tinha acontecido com Richard, mas ele era sempre evasivo e desviava do assunto, o que a deixou preocupada com o primo, pois os dois sempre se deram bem.

— Tia Glenna, o que houve com Richard? Por que ele não está mais morando com vocês? – inquiriu séria fitando a morena, que a olhou tensa e depois se sentou de frente a ela.

— Bem, não sei por onde começar, pois não gosto de falar muito sobre isso, mas vou lhe contar meio por cima. Bem... Robert expulsou Richard de casa e não foi por ele ser dono de um estabelecimento de Swing, mas por causa do sócio que ele arrumou que não é uma pessoa de boa índole.

— Quem é esse cara? Ele tem alguma ficha na polícia ou é mafioso? Pois acredito que o tio Robert só faria o que fez se a coisa fosse séria, ele ama demais os filhos – opinou Briana convicta.

— O sócio de Richard se chama Zarius Vilabory, ele é um homem muito rico e faz parte da alta sociedade da cidade, e é bem influente, mas ele tem um lado obscuro, digamos que podre e que poucos conhecem. Tanto eu como Thomas sabemos, pois o FBI e a CIA passaram para a gente certas informações sigilosas a respeito dele. Vou direto ao ponto, Zarius é um traficante internacional de escravas sexuais, ligado a seqüestros e a prostituição. No entanto ninguém conseguiu provas necessárias para incriminá-lo, pois as testemunhas sempre desapareciam de forma misteriosa, nunca eram encontradas, algumas até foram assassinadas da pior forma possível. Tanto seu primo, como eu e o seu tio achamos que a casa de Swing é apenas um negócio de fachada para esconder crimes, mas Richard disse que estávamos exagerando e que não iria desistir do negócio dele, por meras especulações. Robert ficou furioso com ele e o expulsou de casa e depois disso já faz algum tempo que ele não liga mais para nós, isso me deixa muito triste e preocupada – murmurou Glenna chateada.

— Que chato isso tia, não fique assim, uma hora ou outra o Richard vai se tocar que está fazendo uma burrada em não ter acreditado em vocês!

— Só espero que quando isso acontecer, não seja tarde demais para ele – replicou preocupada.

E assim, sobrinha e tia conversaram por mais alguns minutos, até Kelvin e Thomas voltarem para a cozinha, após colocarem as malas de Briana no quarto antigo do irmão deles.

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Enquanto isso, bem longe da casa dos Backstrong, Richard estacionava seu BMW conversível em frente ao seu estabelecimento, cujo qual a fachada era em estilo neoclássico, com um chafariz em frente, arbustos e árvores num canto que simulavam um pequeno jardim, com bancos para sentar.

Ao sair do veículo, Richard foi recebido pelo segurança da casa de Swing, que o conduziu para dentro do local, ele tinha chegado mais cedo do que era acostumado, para sua estranheza encontrou uma movimentação lá dentro um tanto suspeita, avistou pessoas que nunca tinha visto por lá e que estavam saindo do escritório de Zarius, segurando duas jovens pelo braço, que pareciam meio áreas. Foi nesse nítido momento, que a briga que ele teve com sua família voltou fortemente em sua mente, pois algo lhe dizia que alguma coisa ali não estava certa, porém resolveu por hora ignorar o que sua intuição tentava lhe dizer, prometendo a si próprio que depois tentaria descobrir o que estava acontecendo. De repente seus devaneios foram cortados pela aproximação de Zarius, que estava meio sem jeito.

— Boa noite, Richard! Eu não te esperava tão cedo na casa, você costuma aparecer somente depois da meia noite – falou o loiro nitidamente incomodado.

— Boa noite, Zarius! Hoje resolvi vir mais cedo, pois queria arrumar algumas coisas no bar, mudar o jeito que as garçonetes servem os clientes nos quartos e salas – respondeu o moreno sério ao mesmo tempo que caminhava até o salão principal da casa, onde ficava o barzinho.

— A compreendi, você devia ter me falado, assim eu teria agilizado as coisas para você!

— Eu não queria te incomodar, sócio. Já que você é um homem muito ocupado – retrucou Richard pensativo.

— Certo, então! Vou voltar para o escritório e encerrar algumas coisas por lá e já venho te ajudar – declarou Zarius antes de se afastar de seu sócio.

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Domingo passou num piscar de olhos, e segunda-feira começou com tudo para Robert, que ao chegar em seu batalhão, suspirou e mandou chamar Victor, pois precisava comunicá-lo a respeito de Briana. O moreno estava nervoso, porque sabia que seu tenente iria chiar ao saber que o substituto de Paul era sua sobrinha Briana, no entanto resolveu enfrentá-lo, pois quem mandava lá era ele e a ordem de colocá-la ali veio do comissário e tinha um bom motivo. De repente seus pensamentos foram interrompidos pela batida na porta e a entrada de Victor na sala.

— Mandou me chamar chefe? – pediu Victor atencioso.

— Sim, mandei! Sente-se – gesticulou Robert, fazendo o tenente acomodar-se na cadeira a sua frente.

— Algum problema?

— Não! Só quero te comunicar que achamos o substituto para o Paul, ela se apresentará ao batalhão hoje à tarde!

— O QUÊ? ELA? Pensei que iria ser um cara que iria substituir Paul, não uma cadete, não aceito! Mande ela de volta ou a transfira para o batalhão do distrito 23, lá já tem duas cadetes, tenho certeza que não serão contra ter mais uma – rosnou Victor se levantando, enfurecido, fazendo Robert fechar a cara.

— Não posso fazer isso, Victor! A transferência foi ordenada pelo comissário, a cadete é de São Francisco, já esta nessa função há três anos – retrucou sério o comandante.

— Então, a coloque no caminhão do Kelvin, que no meu eu não quero!

— Isso não é uma opção Victor ou uma escolha! A única vaga disponível é em seu caminhão e não me contrarie, pois quem manda aqui ainda sou eu, e olha que verifiquei isso hoje de manhã quando cheguei ao meu escritório! Deixe de ser machista homem! As coisas mudaram, acredito que ela vá fazer um bom trabalho assim como Paul! Tenha fé! – vociferou Robert impaciente e chateado com a reação de seu tenente.

— Como quiser comandante, mas já vou avisando, se essa garota vacilar ou me irritar ela vai levar suspensão ou vai implorar para trocar de batalhão ou de caminhão. Chame-me a tarde quando ela chegar – anuiu contrariado Victor, antes de sair da sala.

Após a saída de Victor, Robert suspirou desgostoso, porque aquela era apenas a primeira parte de seus incômodos, só estava esperando o momento que Sambers soubesse que Briana era sua sobrinha, a confusão iria somente aumentar. Sua cabeça já começava a doer, só de pensar no incomodo que iria passar.

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