Corações em chamas!
Corações em chamas!
Por: J. A. Rose
Mudanças necessárias!

Lucky era uma cidade litorânea de setecentos mil habitantes, que ficava próxima a Los Angeles, ela possuía lindas praias de tirar o fôlego, além de ser cercada por montanhas. Nesse cenário quente e afrodisíaco, várias histórias se desenvolviam com suas peculiaridades, algumas cheias de esperança, outras com pitadas de tristeza, uma mistura de encontros e desencontros.

O orgulho dos cidadãos de Lucky englobava suas lindas praias, a vida noturna, a gastronomia e o mais importante, o serviço dos bombeiros, pois era rápido e eficaz, ganhando vários reconhecimentos dentro daquele estado e fora dele.

Há mais de dez anos o batalhão do distrito 19 estava sob o comando de Robert Backstrong, o mais competente e corajoso bombeiro que já existiu do estado da Califórnia. Ele era rígido, mas também muito leal, levava em conta a amizade acima de tudo e defendia seus subordinados com unhas e dentes.

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Nesse momento, Robert estacionava o carro em frente a sua moradia de dois pavimentos, que ficava num bairro de classe média. Ele não demorou a descer do veículo e caminhar até a varanda, onde subiu a pequena escada e entrou rapidamente na sala de estar de sua casa, onde constatou que Thomas não estava em casa, que deveria estar se divertindo em algum lugar bem longe dali, pois era sexta-feira a noite e geralmente depois que saia de um julgamento o filho queria esfriar a cabeça. Até que o cargo de promotor estadual caia como uma luva para Thomas, que sempre foi hiperativo como a mãe. Enquanto isso, seu outro filho fazia plantão no batalhão, isso o deixava mais sossegado, pois Kelvin era responsável e qualquer problema entrava em contato com ele.

Como se encontrava sozinho naquela enorme casa, Robert suspirou e subiu a escadaria para tomar um banho relaxante, pois queria esperar sua esposa, que ainda não tinha chegado. Para o seu aborrecimento, Glenna gostava de fazer plantões, porém naquele dia em especial ela mandou uma mensagem que chegaria em casa dentro de uma hora, pois seu expediente no departamento de polícia estaria encerrado e enfim os dois poderiam se divertir um pouco, como a muito tempo não faziam, por conta de seus trabalhos que exigiam muito deles e também por causa dos filhos mais novos que ainda moravam com eles e não os davam liberdade.

Já debaixo do chuveiro Robert se deixou relaxar, suprimindo todos os pensamentos que vinham em sua mente e o perturbavam, ficou quase uma hora se escaldando debaixo daquela água quentinha, saiu do banheiro só com a toalha na cintura, quando entrou no quarto teve uma surpresa mais do que agradável.

Glenna sorriu ao ver o marido cheiroso e seminu, coberto somente por uma tolha felpuda ao redor da cintura, isso a fez lamber os lábios e o olhar de forma sedutora.

— E então tigrão pronto para ação? Preparado para apagar o meu fogo? – Questionou Glenna abrindo os botões de sua camisa, deixando amostra seu sutiã rendado bordô, fazendo de imediato Robert dar um sorriso de canto, um tanto malicioso.

— Mas claro amor, minha mangueira está sempre pronta para ação! – Sussurrou antes de caminhar rapidamente até a cama e puxar a esposa para um beijo avassalador, que foi correspondido de imediato.

Quando Glenna se deu conta, ela e seu marido já estavam se amando na cama de forma sôfrega e intensa. A boca maravilhosa de Robert deixava a morena vendo estrelas.

Após algum tempo já totalmente saciados, o casal se abraçou recuperando o fôlego e foi nesse momento de tranqüilidade que Glenna resolveu entrar num assunto que tinha conversado com seu marido alguns dias atrás, mas ele não tinha lhe dado um resposta e ela precisava saber se ele iria ajudar sua sobrinha ou não.

— Querido, preciso te perguntar algo... você aceitou a transferência de Briana para o seu batalhão? Assinou o papel como te solicitei? – pediu em expectativa a morena, notando a face do marido se contorcer numa careta de hesitação.

— Glenna, eu vou ser sincero contigo. Eu fiquei receoso de fazer isso, pois não iria pegar bem colocar a sobrinha de minha esposa para trabalhar no mesmo local que eu, meus subordinados poderiam achar que estou abusando do meu poder, sendo que já tenho nosso filho atuando no mesmo batalhão. Tinha até falado com um amigo meu de outro batalhão para aceitá-la, no entanto Thomas me surpreendeu, pois mexeu uns pauzinhos e fez o comissário me ligar exigindo que Briana fosse integrada no meu batalhão. Então, eu não pude negar, pois o motivo de transferência dela é mais do que uma simples mudança de residência, tem algo mais profundo, não sei por que você não me contou toda a verdade, tive que descobrir por terceiros, sendo que a garota faz parte da minha família – falou sério Robert encarando sua amada que se mexeu incomodada na cama.

— Briana me fez prometer que não contaria nada a você, pois se sentia desconfortável com a situação, não queria que ninguém soubesse. Apenas poucas pessoas.

— Na próxima vez Glenna, me conte tudo! Não quero mais que você me esconda nada que diga respeito a nossa família! Entendeu? – perguntou pegando nas mãos da mulher, que o olhou arrependida.

— Entendi, mas seria contra minha ética contar algo que me foi pedido para fazer sigilo, mesmo que a pessoa fosse da minha família, compreende isso?

— Eu sei amor, mas se você tivesse contado tudo o que tinha ocorrido com Briana, eu assinaria na hora aquele papel de transferência, não ficaria dividido e receoso. A propósito, avise sua sobrinha que ela terá que se apresentar no batalhão na segunda-feira na parte da tarde.

— Eu compreendo isso... mas agora vamos voltar ao que estávamos fazendo? Nosso tempo é tão curto, que precisamos aproveitar – sussurrou Glenna puxando o marido para um beijo, enquanto suas mãos desciam novamente para seu membro, que já estava novamente em ponto de ataque, o que a fez sorrir.

Aquela noite estava sendo de extremo prazer para o casal que se entregou novamente nos braços um do outro, como se não houvesse amanhã.

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No dia seguinte, na cidade de São Francisco, no apartamento de Briana, ela preparava o café da manhã, quando de repente o som do celular chamou sua atenção, indicando que ela tinha recebido uma mensagem. Mais do que ligeiro, a morena desligou o fogão e colocou a omelete que estava pronta no prato e correu até o balcão da cozinha, onde pegou o celular, o desbloqueou e leu a mensagem de texto que sua tia Glenna tinha lhe mandado, ao terminar de lê-la suspirou aliviada, pois enfim teria paz e poderia deixar todo aquele pesadelo que viveu para trás, seria eternamente grata a sua tia e primo.

Após comer Briana foi até a sua suíte, onde abriu o armário, pegou algumas malas e começou a enchê-las com todas as roupas que achava pela frente, guardando tudo sem cuidado, pois ela estava pouco se importando se iria amassá-las ou não, só queria dar o fora daquela cidade o mais breve possível. Decidiu que iria para Lucky depois do almoço, a viagem de carro duraria no máximo três horas, claro se não pegasse engarrafamento na rodovia, porém isso não importava, porque era melhor do que continuar ali. Depois mais tarde avisaria sua irmã a respeito de sua partida, pois deixaria o apartamento aos cuidados dela.

Seus pensamentos estavam a mil, de repente as forças que ela tinha perdido voltaram com tudo, lhe impulsionando a lutar novamente, ter as rédeas de sua vida outra vez em suas mãos. Agora tudo ficaria bem, ela moraria por um tempo com seus tios e depois alugaria um apartamento só pra ela, as coisas começariam a melhorar.

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                                                                                                                                  Naquela manhã, Victor acordou com uma horrível dor de cabeça, que foi causada pelo excesso de bebida, que era usada como um anestésico por ele, pois o fazia esquecer a dor da perda, porém ele sabia que precisava parar de fazer isso, antes que fosse tarde demais. E para piorar, depois de suas noitadas ele sempre acordava com uma estranha ao seu lado na cama, que só servia para lhe proporcionar um breve prazer e nada mais.

Após a morte violenta de sua esposa, Victor ainda sentia-se preso a ela, ainda se lembrava do cheiro dela. Ele parecia que estava num eterno luto, tudo ao seu redor tinha perdido o sentido, a graça, nada mais o satisfazia. Até andar na praia não era como antes, tudo agora o irritava, até casais de namorados felizes passeando na rua. Como ele tinha saudades da convivência com sua amada esposa, porém ele supunha que a felicidade que teve ao lado dela nunca mais voltaria para a vida dele.

Já fazia três anos que estava tentando sobreviver sem Lisy, todo dia quando levantava sentia um grande vazio tomar conta de seu peito. Nada mais tinha graça em sua vida, se não fosse seu trabalho, com certeza tinha ficado louco, insano ou teria se afundado na bebida, por mais que não fosse muito fã dela.

De repente, os devaneios de Victor são interrompidos pelo bocejo de uma bela ruiva, que tinha dormido com ele noite passada. Aquela lembrança, lhe fez ficar carrancudo e se levantar da cama, tateando no chão uma calça de abrigo, a qual vestiu rapidamente, antes de encarar a moça, que o olhava curiosa e com um sorriso sacana nos lábios.

— E então querido... a fim de repetir a noite passada? – pediu a garota fazendo charme.

— Não quero mais nada de você, pode se vestir e dar o fora daqui! Eu tenho coisas mais interessantes para fazer agora do que perder tempo com você – respondeu de forma grosseira, enquanto vestia uma camiseta do corpo de bombeiro.

A garota ficou sem palavras diante da maneira que foi tratada, tanto que se levantou rápido da cama, se vestiu e saiu chateada da moradia do moreno, agora dando razão a amiga que tinha lhe advertido a respeito de Victor e do seu gênio.

Após a saída da ruiva, Victor pegou a chave do carro e resolveu que iria tomar um café bem reforçado na lanchonete da esposa do Sr. Kamari, que servia uma comida de primeira.

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Nesse mesmo momento, a sirene tocou no batalhão do distrito 19, fazendo Kelvin engolir as panquecas que estava comendo já fazia alguns minutos e se levantar ligeiro, enquanto uma voz avisava o que tinha acontecido e o local do atendimento daquela chamada.

Acidente entre um carro e um caminhão com produtos químicos na rodovia Star Lucky, na altura do cruzamento com a Brinks Life. Chamada para o Caminhão 23 e ambulância 74.

— Kane, você verificou as mangueiras e os outros materiais? – pediu Kelvin sério.

— Sim, tenente, está tudo certo!

— Taylor, hoje será você que vai dirigir! – ordenou o moreno se vestindo, junto com seus outros cadetes.

— Pode deixar chefe! – murmurou o homem calvo entrando no caminhão e o ligando.

Mais do que depressa Kelvin, Kane, Peter, Will e Kamari ingressaram no veiculo, que partiu ligeiramente em direção a ocorrência. Não demorou para eles chegarem ao local, onde o isolaram com a ajuda da polícia e foram atender a chamada.

O acidente tinha sido terrível, o carro foi atingido na traseira e lançado para fora da pista de encontro com uma árvore, o caminhão felizmente não estava com vazamento químico, porém seu condutor estava em pânico. Então Kelvin, Kane e Will foram até o veiculo acidentado e puderem constatar que havia uma mulher e uma criança dentro do veículo, a loira estava bem machucada e a criança desacordada, de repente um cheiro de gasolina se fez presente, fazendo Will ficar temeroso e avisar seu tenente, que pediu imediatamente para que buscassem a cerra para abrir a porta que estava emperrada. Os paramédicos não tardaram a se aproximar, Lorena e Lorenzo observavam tudo de maneira cauteloso e atenciosa.

— Está aqui tenente! – murmurou Will entregando a serra ao moreno, que rapidamente e com cuidado usou a ferramenta e conseguiu remover a porta traseira do carro.

— Agora é com vocês Lorena e Lorenzo, podem checar como está a menina – ordenou o tenente atencioso, sendo prontamente atendido pelos paramédicos que de forma cuidadosa removeram a criança do veículo.

— Só falta a mãe agora senhor! – declarou Peter preocupado.

Kelvin apenas sacudiu a cabeça de forma afirmativa e foi junto com Will e Kane retirar a moça, que estava ainda zonza por conta do acidente. No final o salvamento aos feridos foi um sucesso como sempre.

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E assim o expediente de Kelvin tinha chegado ao fim e ele foi deixado em casa pelo caminhão de bombeiro. Quando o moreno ingressou em sua moradia ouviu a voz de seu irmão gêmeo e de sua mãe na sala, os dois pareciam felizes com alguma coisa.

— Já cheguei em casa! – anunciou Kelvin deixando sua mochila num dos cantos da sala.

— Que ótimo filho! – Falou Glenna com um sorriso.

— Até que enfim maninho, já estava sentindo falta – sussurrou debochado o promotor.

— O que houve? Por que vocês estão tão felizes? – questionou curioso.

— Sua prima Briana irá trabalhar no batalhão de vocês! Seu pai concordou na transferência dela – revelou a morena contente.

— Fico feliz por Briana, mas acho que ela vai para o caminhão do Victor e ele não é tão paciente como eu e nem sei se ele vai curtir ter uma mulher no caminhão dele – Comentou Kelvin pensativo, pois conhecia muito bem o gênio do amigo.

— Bem, ele vai ter que se acostumar, você sabe muito bem que sua prima também é muito geniosa.

— Nem quero ver a confusão que vai dar entre eles, no entanto vou deixar que papai resolva esse problema, não quero me meter numa possível briga dos dois – sussurrou o moreno cruzando os braços.

— Fique frio maninho, tudo vai se ajeitar. A propósito, nós temos que arrumar o antigo quarto de Richard para a nossa prima ficar – gesticulou Thomas subindo as escadas, sendo seguido pelo irmão.

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