O beijo sob a lua prateada havia sido um divisor de águas. Para Isabella, era a confirmação de um amor que nascia, uma paixão avassaladora que a consumia. Para Kaelen, era a materialização de seu maior medo, a quebra de um juramento ancestral e o início de um perigo iminente. Ele havia se afastado abruptamente, deixando Bella confusa e magoada, mas a verdade era que ele estava aterrorizado. Não por ela, mas por si mesmo e pelas consequências de seus sentimentos. A cada dia que passava, a ligação de alma, o mate bond, se fortalecia, puxando-o para ela com uma força que ele nunca havia experimentado. Era uma tortura, um dilema entre o dever para com sua alcateia e o desejo incontrolável por aquela humana que havia invadido seu mundo.

Kaelen tentou se afastar, mas era inútil. Bella, com sua persistência gentil e sua curiosidade insaciável, encontrava sempre uma forma de se aproximar. Ele a observava de longe, na biblioteca, no café, e sentia a necessidade de protegê-la, de mantê-la segura, mesmo que isso significasse se expor. Ele sabia que estava brincando com fogo, mas o calor que ela irradiava era irresistível. Ele se pegava revelando pequenos detalhes sobre sua vida, sobre a floresta, sobre a sensação de liberdade sob a lua, sem nunca, é claro, expor sua verdadeira natureza. Bella absorvia cada palavra, seus olhos brilhando com um fascínio que o deixava sem fôlego.

— Você parece conhecer a floresta como a palma da sua mão — Bella comentou uma tarde, enquanto caminhavam por uma trilha menos frequentada. — É como se você fizesse parte dela.

Kaelen sorriu, um sorriso raro e enigmático que fazia o coração de Bella disparar.

— Eu cresci nela. É meu lar. — Ele parou, observando o sol se pôr entre as árvores, pintando o céu com tons de laranja e roxo. — Há uma liberdade que você só encontra na natureza, Bella. Uma conexão com algo maior que você mesma.

Bella sentiu a verdade em suas palavras, uma ressonância profunda que a atraía para aquele mundo selvagem que ele representava. Ela se aproximou, e Kaelen sentiu o cheiro dela, uma mistura de jasmim e algo doce, que o inebriava. Ele queria puxá-la para si, abraçá-la, mas a voz da razão, a voz de Liam, ecoava em sua mente. O perigo era real.

Liam, o Beta de Kaelen, estava cada vez mais preocupado. Ele via a forma como Kaelen olhava para Bella, a forma como ele a protegia, e sabia que o Alfa estava perdendo o controle.

— Kaelen, precisamos conversar — Liam disse, sua voz tensa, em uma reunião secreta na toca da alcateia. — Essa humana… ela é um risco. Você está colocando todos nós em perigo.

Kaelen rosnou, seus olhos dourados brilhando.

— Ela não é um risco. Ela é… diferente.

— Diferente? — Liam zombou. — Ela é humana, Kaelen! E você sabe o que isso significa. As leis são claras. Você não pode se envolver com ela. O que Marcus Thorne faria se descobrisse?

O nome de Marcus Thorne fez Kaelen enrijecer. O caçador de lobisomens era uma ameaça constante, uma sombra espreitando nas bordas de seu território. Ele havia perdido muitos de sua espécie para Thorne, e a ideia de Bella se tornar mais uma vítima era insuportável. Mas como ele poderia se afastar dela? O mate bond era uma força poderosa, uma ligação que transcendia a razão.

Enquanto Kaelen lutava contra seus demônios internos, Marcus Thorne estava cada vez mais perto. Ele havia seguido as pistas, os sussurros, os rastros de energia que o levavam àquela floresta. Ele sabia que havia uma alcateia ali, e ele não descansaria até que o último lobisomem fosse caçado. Ele estava em seu esconderijo improvisado, limpando suas armas, cada uma delas banhada em prata.

— Em breve, lobos — ele murmurou para si mesmo, um sorriso cruel em seus lábios. — Em breve, vocês serão apenas uma lembrança.

O perigo se aproximava, e Kaelen e Bella, presos em sua dança de sedução e segredos, estavam prestes a descobrir que o mundo que eles conheciam estava prestes a ser virado de cabeça para baixo. O destino, com suas reviravoltas cruéis, estava apenas começando a tecer sua teia.