Aproximei-me de uma mesa tomada por taças cobertas de vinho branco. A mão foi sozinha até uma delas e desenhada. No mesmo instante, o som em cascata preencheu o salão: uma trilha aguda de vidro se tocando, os primeiros copos deslizando e, então, desabando diante dos meus olhos. Só então entendi — era uma torre de taças.
— Senhora Calderón! — uma voz masculina surgiu ao lado. Mãos firmes me pegaram pela cintura e me arrastaram um passo para trás.
O restante veio abaixo. Os vidros se espalharam pelo piso brilhante; cabeças se viraram, uma conversa se partiu em murmúrios. Olhai para quem me segurava. Era o senhor Duval. O sangue gelou nas veias; a respiração travou no alto do peito.
— Está tudo bem com a senhora? — indagou, o semblante composto.
— Está… — respondi num fio de voz, piscando rápido. - UE…
— Vai ficar tudo bem — a voz veio doce, polida, mas algo nela tinha um brilho que arranhou a pele. — O importante é que a salvei.
— Sim, me salvou — senti o rosto queimado por inteiro.
— M