O carro parou em frente à mansão e o motorista desceu rapidamente para me ajudar com as sacolas. Enquanto subíamos os degraus da entrada, Joana, a empregada, apareceu sorridente e pronta para auxiliar.
— Deixa que eu levo isso para o quarto da senhora — disse ela, pegando algumas das embalagens de minhas mãos.
Acompanhei-a pelo corredor amplo, sentindo o peso do silêncio entre nós. Até que Joana, com um olhar curioso, quebrou o clima:
— A senhora ainda não dorme com o patrão?
Um calor subiu ao meu rosto. Desviei o olhar, fingindo me interessar por uma das sacolas.
— É… ainda tenho vergonha — murmurei, evitando sua expressão perspicaz.
Queria dizer a verdade. Que Victor Calderón não era apenas meu marido no papel, mas também meu chefe. Que nosso casamento era um acordo—eu, vendendo meu nome e meu tempo em troca do tratamento do meu irmão e da salvação da clínica da minha mãe. Que eu estava ali por obrigação, não por amor.
Mas engoli as palavras. Joana não precisava saber disso. Ninguém