Laís
A manhã depois do relatório nasceu diferente. O portão da ONG já tinha fila antes das oito: mães perguntando sobre novas vagas, voluntários oferecendo tempo, um professor trazendo uma pasta com projetos para parceria. O clima era de colheita. As vozes que antes vinham carregadas de dúvida agora soavam como aplauso.
Na feira, ouvi comentários enquanto comprava pão de queijo com Rafaela: “Essa ONG aí mostrou serviço, viu?”. Outro completou: “Se dependesse só de falação, ninguém plantava nada. Eles mostraram trabalho”. As palavras me alimentaram mais que o próprio café.
Na rádio, a manchete ecoava: “Raízes Vivas apresenta relatório de impacto e amplia credibilidade”. O apresentador terminou com: “Enquanto isso, o empresário Felipe Vieira ainda não apresentou provas”. Quase deixei escapar um sorriso em voz alta. Eduardo, do outro lado do balcão, sorriu de volta — talvez a primeira vez em dias.
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Eduardo
Pela primeira vez, respirei sem a sensação de estar com o peito preso. O relató