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Capítulo 2 – O que foi que a gente arrumou?

 

Juliet Pierce

Eu ainda estava decidindo qual sensação esse lugar me causava. Mas no instante em que meus olhos encontraram aquelas coisas, eu não sentia nada, apenas paralisei. 

Ficamos paradas por alguns segundos. Nem eu, nem Samy nos mexemos. Era como se nossos olhos não conseguissem decidir para onde olhar primeiro.

— Isso… isso aqui é um vestiário? — sussurrei.

— Não. Isso aqui é um set de filme pornô de outro planeta — ela respondeu, abrindo os braços. — Nós realmente estamos aqui só para sermos garçonetes, né?

Samy me perguntou, sem nem ao menos olhar pra mim. 

Engoli em seco, antes de responder:

— Eu espero que sim… 

Permanecemos paradas, observando o lugar, avaliando e claro absorvendo tudo aquilo.

O lugar era amplo, com armários escuros de madeira nas paredes e caixas organizadoras perfeitamente etiquetadas. Em um cabideiro, no entanto, havia roupas que, honestamente, são peças que nem para uma festa à fantasia eu consideraria. Eram espartilhos de couro, vestidos de renda transparentes e máscaras.

Caminhei devagar, como quem pisa em terreno sagrado. Ou minado.

Em cima do banco havia duas peças de roupa embaladas em plástico transparente. Uma para mim. Outra para Samy. Abri o saco, e peguei as roupas.

A roupa era ousada demais para simples garçonetes, uma blusa decotada de couro e uma meia-calça preta que, ao tocar, percebi ser transparente. Usar aquilo, era o mesmo que estar sem nada.

A saia cobria somente o necessário, e embaixo do banco haviam saltos.

— A gente vai usar isso? — perguntei com a voz meio trêmula. 

— Parece que sim. — ela respondeu.

— Isso é um espartilho? — Samy me perguntou.

— Parece que sim. — respondi e sorrimos uma para a outra, mas não era de alegria.

Tentei ignorar o arrepio que correu pela minha espinha. Mas era impossível.

No canto da sala, uma estante exibia uma série de… objetos.

Alguns eu reconheci de filmes. Outros... preferia nem imaginar para que serviam.

Algemas de couro com forro vermelho, mordaças com bolas de silicone, vendas de cetim, chicotes curtos e longos, colares com argolas metálicas, o que parecia um bastão de acrílico com luz embutida, e… uma peça de metal que definitivamente não era um brinco.

— Juliet… o que é isso aqui? — Samy segurava uma espécie de cinto largo com fivelas e tiras que mais pareciam saídas de um filme do Mad Max.

— Não sei… mas parece complicado. E caro.

Nós rimos, nervosas.

Mas a verdade é que, por trás do susto, alguma coisa dentro de mim… se acendeu. Não era desejo ainda. Era curiosidade. Medo, também. Mas havia algo a mais. Uma espécie de frio na barriga que não era só por nervosismo.

— Ju… será que a gente entrou numa furada? — Samy perguntou.

— Não sei. Mas acho que estamos prestes a descobrir.

Voltei até a porta para garantir que ela estivesse fechada. Depois, Samy e eu nos trocamos, Deus essas roupas revelam mais do que esperava. Olhei no espelho, e não me reconheci, soltei meus cabelos e conferi a maquiagem.

Me virei para Samy, nos encaramos, ainda em choque pelo lugar e pelas roupas que usávamos. Saímos do vestiário, e ficamos no lugar como Atlas mandou, passaram poucos minutos até que ele retornasse.

Ele nos observou, um brilho de algo que não consegui identificar passando por seus olhos.

 — Prontas? — perguntou, a voz grave e calma.

 — Sim senhor Atlas…  — Eu disse, e assim como antes vi algo em seus olhos. O que me deixou mais nervosa, me ajeitei sentindo o tecido do espartilho me sufocar.

Atlas notou nosso desconforto e fez um gesto para que o seguíssemos até uma área mais reservada, perto de uma pilastra, onde a música era um pouco mais baixa.

— Antes de começarem, precisam entender algumas coisas sobre a Paradise — começou ele, a voz baixa e séria. — Este não é um clube de sexo, e sim um espaço de exploração, onde as pessoas vêm para viver suas fantasias de forma consensual e segura. O que vocês viram lá fora é o BDSM: Bondage, Disciplina, Dominação e Submissão, Sadismo e Masoquismo.

Ele fez uma pausa, dando tempo para que a gente processasse a informação. Samy me apertou a mão, os olhos arregalados.

— A regra mais importante aqui é o consentimento. Tudo o que acontece neste clube é previamente acordado entre as partes. Ninguém faz nada com ninguém sem permissão. Isso também vale para vocês. Se alguém, seja um cliente ou outro funcionário, se aproximar de forma indesejada, vocês devem dizer "Não" ou "Pare". Imediatamente.

Samy levantou a mão, hesitante, como uma aluna na escola.

— E se eles não pararem? — perguntou ela.

— O Wolf, que vocês conheceram na porta, está sempre de olho. Se ele não estiver por perto, gritem o nome dele. Se não puderem, procurem por mim. A segurança de vocês é nossa prioridade.

Atlas continuou, sua voz mantendo a calma que eu tanto invejava.

— As outras regras são simples. Primeiro: observem, mas não toquem. O que acontece aqui dentro é um espetáculo particular. Não se intrometam, não comentem, não tirem fotos. Sejam invisíveis.

— Segundo: o Código de Conduta. Vocês são garçonetes. Isso significa que devem estar prontas para servir qualquer pessoa, mas não são obrigadas a aceitar um pedido que as faça sentir desconfortáveis. Se o pedido for... peculiar, recusem educadamente. Se o cliente insistir, chamem-me.

— E por último: os Safewords. Vocês ouvirão pessoas usando palavras de segurança para indicar quando querem parar ou diminuir a intensidade de uma cena. As palavras são: "Verde" para continuar, "Amarelo" para diminuir, e "Vermelho" para parar imediatamente. Essas palavras são sagradas. Se ouvirem "Vermelho", a cena para, sem perguntas.

Ele nos olhou, um olhar de avaliação em seus olhos castanhos.

— Entendido?

Samy e eu nos entreolhamos, os corações acelerados. O mundo que ele descrevia era estranho, mas as regras faziam sentido. Era uma forma organizada de caos. Um caos seguro.

— Entendido — respondi por nós duas, com mais firmeza do que esperava.

— Ótimo. Agora, vamos ao bar. O bartender, Caio, vai explicar o cardápio.

Atlas se virou e caminhou em direção ao balcão iluminado, deixando Samy e eu para trás, trocando um olhar que dizia: O que foi que a gente arrumou?

Quando chegamos ao bar, atrás do balcão havia um rapaz, sorriso cativante, cabelos negros bem cortados e olhos curiosos. 

— Meninas, esse é o Caio. 

Ele nos cumprimentou, Atlas pediu que o rapaz nos instruísse e ajudasse no que fosse necessário. Avisou que estaria pelo salão, e que deveríamos chamá-lo se houvesse algum problema.

Mas antes dele sair, eu o chamei.

— Senhor Atlas. — Ele se virou.

— Gostaria de fazer um pedido.

— E o que seria?

— Sei que pode parecer besteira, e já peço desculpas por isso. — engoli seco. — Mas por acaso, seria possível usarmos uma das máscaras do vestiário? 

Atlas me olhou curioso.

— Por qual motivo, precisaria de uma máscara?

— Me sentiria mais confortável. Acho que com ela, irei sentir mais segurança, as pessoas não vão saber quem eu sou. 

— Algum conhecido seu frequenta nosso clube?

— Que eu saiba não, mas acredito que as pessoas aqui não costumam contar algo assim durante um café.

Atlas sorriu pra mim.

— Desculpe, se eu pareci atrevida demais. Se não tiver como, eu entendo.

Ele se aproximou, parando bem na minha frente.

— Está tudo bem, querida. Você não foi atrevida, acho que entendemos o significado dessa palavra de forma diferente. 

Ele me encarou, deu um sorriso de lado, se virou para o caio.

— Arrume máscaras para elas. — E com essa última ordem, ele saiu.

Caio rapidamente nos trouxe as máscaras, nos explicou como o bar funcionava e pediu para circularmos. Samy foi para um lado, e eu para o outro.

Caminhei pelo lugar, repassando as regras do Atlas na minha cabeça como se aquilo fosse um mantra. E distraída, acabei esbarrando em um armário de aço.

Ele vestia uma camisa preta, com alguns botões abertos, e a manga enrolada até os cotovelos, barba bem feita, cabelo castanho e olhos verde escuro, daqueles raros e que hipnotizam. Sua tatuagem descia pelos braços até as mão e dedos. 

Por alguns segundos, ou talvez tenham sido minutos, eu não fazia idéia. Fiquei admirando, quer dizer olhando… é estou só olhando, sem interesse. 

— Imagino que seja a nova garçonete? — Ele perguntou, a voz dele era grave, e sexy.

Sexy? O que tá acontecendo Juliet?

Não consegui falar, eu só balancei a cabeça freneticamente em um “sim”.

— Sou um dos donos, Atlas te passou as regras?

— Sim senhor. — Eu disse e minha voz saiu mais baixa do que deveria.

Os olhos dele brilharam, o mesmo brilho que vi nos olhos de Atlas. E por reflexo acabei abaixando a cabeça. Senti os dedos dele em meu queixo, o levantando com cuidado, mas também firmeza.

— Então volte ao trabalho querida.

— Siii… — Eu quase não conseguia responder tamanha a intensidade daquele olhar. 

Tentei novamente. 

— Sim senhor, me desculpe.

Ele me soltou, e eu saí quase correndo. Encontrei Samy no caminho, os olhos arregalados, acho que seu tour pelo salão foi tão interessante quanto o meu.

Nós duas voltamos para perto de Caio, no bar. Mas eu senti um arrepio na minha nuca, uma sensação de que alguém estava me olhando. 

Quando virei para trás, meus olhos encontraram os dele.

O homem dos olhos verdes raros.

Samy chamou minha atenção…

— Ju?! Está tudo bem?

Sem desviar os olhos dele, respondi para ela:

— Sim, só estou pensando… Que a noite, só está começando.

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