A noite estava sendo tranquila, o pessoal aqui raramente bebe. Samy e eu acabamos nos acostumamos com o que acontecia aqui.
Meus pés já estavam doloridos pelo salto, de verdade, esses não são sapatos para um garçonete.
O homem dos olhos verdes.
A todo instante eu sentia seus olhos em mim, ele não interagia com ninguém a não ser com o loiro simpático que estava ao seu lado. Caio disse que eles são os donos.
Todas as vezes que eles dois pediam algo, implorava a Samy para que ela fosse. Meu coração acelerava só daquele homem me olhar de longe, não queria imaginar o que aconteceria se ficasse perto dele.
Atlas sempre estava por perto, ele era atencioso, e deixava sempre claro aos caras que se aproximavam que “elas não curtem”. E isso bastava para os “Dons”, é assim que eles são chamados por aqui.
Uma moça que disse ser “submissa” nos contou que há muitos Dons procurando uma. Por isso que eles sempre se aproximavam da gente.
Estava parada em frente ao bar, quando Caio me chamou.
— Ju, preciso que leve uma bandeja no quarto 12.
— Quarto? Aqui tem quartos?
Caio sorriu pra mim.
— Sim, existem cenas que não são abertas a todos. Alguns Dons prezam por suas privacidades.
— Ok, e onde fica?
Ele apontou para o palco que ficava à nossa frente.
— Ao lado do palco tem um corredor, lá é área privativa. Não entre sem bater, espere que ele abra e não se intrometa em nada que esteja acontecendo lá. Combinado?
Assenti, com um sorriso, mas não pude evitar o frio na barriga. Meus olhos já tinham se acostumado com as coisas aqui fora… mas o que será que realmente acontecia nos quartos?
Segui o caminho como Caio me instruiu. Sentia que minhas mãos tremiam, mas não era medo, era de ansiedade sobre o que encontraria atrás das portas. Parei em frente a porta 12, bati duas vezes e aguardei, mas ninguém respondeu.
Lembrei das palavras dele: “Espere que ele abra”. E foi o que fiz, esperei. Um casal surgiu no corredor, o homem parecia me devorar com os olhos, o que, pelo visto, não agradou a mulher.
Bati novamente na porta e dessa vez ela se abriu, o homem na porta, era o mesmo que vi logo na entrada. Ele não disse nada, só fez sinal para que eu entrasse.
— Com licença senhor… — Eu disse e caminhei rapidamente até a mesa, deixando a bandeja ali. Meus olhos acabaram indo até a mulher, que estava ajoelhada com um colar… Pera, não é um colar… Era uma coleira em seu pescoço, e a guia estava nas mãos do homem que quando percebeu que eu estava olhando sorriu para mim.
— Obrigada senhor. — Eu disse e caminhei em passos largos para fora do quarto fechando a porta atrás de mim. Meu coração era uma verdadeira escola de samba.
Encostei na porta tentando me acalmar. Fechei os olhos por segundos, até que senti uma mão na minha cintura. Abri os olhos no susto.
— Olá querida… — Era o homem que tinha me encarado minutos atrás.
— Boa noite senhor, posso ajudá-lo? — Tentei manter a voz firme, mas falhei.
— Sim, poderia me acompanhar até o quarto.
Aquelas palavras me deixaram em alerta, tentei sair do seu aperto mas não consegui.
— Desculpe senhor, mas eu sou só uma garçonete.
— Por isso, preciso dos seus serviços. — Ele me deu um leve aperto, e aquilo foi o suficiente para meu corpo inteiro começar a tremer. — Meu quarto está cheio de copos, e garrafas vazias. Preciso que as tire de lá.
Mesmo com receio, eu assenti com um aceno, ele saiu da minha frente abrindo caminho.
— Por aqui. — Disse, me conduzindo ao quarto.
Assim que passamos pela porta, olhei para mesa e notei que estava vazia. Ouvi um barulho de trinco atrás de mim, ele havia fechado a porta.
— O senhor disse que haviam coisas a serem retiradas.
— Acho que me enganei. — Ele disse se aproximando.
— Nesse caso senhor, não tenho nada para fazer aqui. — No instante em que comecei a caminhar até a porta. As mãos dele se prenderam em meu braço.
— Não autorizei que saísse. — Tentei puxar meu braço, mas ele era forte. Por um instante, me lembrei de George, e todas as vezes que me agarrava dessa forma, e o resultado disso sempre era uma surra.
— Por favor, senhor, como eu disse antes, sou só uma garçonete.
Ele me puxou para si, tentei me soltar, ele desceu os lábios nos meus. Assim que encostou eu o mordi.
Foi aí que ele veio. O tapa. Ele estalou em meu rosto, ecoou pelo quarto. Tropecei nos saltos e acabei caindo no chão, rapidamente ele se colocou em cima de mim.
Ele desceu o rosto próximo ao meu, passando o nariz pelo meu pescoço e me cheirando.
— Você vai me obedecer ratinha. — Ele mordeu o lóbulo da minha orelha. — Porque se não, irei castigá-la.
— Por favor, eu não faço parte disso. Não sou como essas moças.
Ele tentava me beijar de novo, mas eu virava o rosto.
— Por favor, me solte.
— Isso ratinha, implora pra mim.
Eu lutava com ele mas era inútil, ele era grande, forte. Ele desceu os lábios pelo meu corpo, me lembrei das coisas que o Atlas disse, as palavras, ele não podia fazer nada sem meu consentimento.
— Eu não quero!! — Disse entre as lágrimas. — Não pode me obrigar, o senhor Atlas disse!
— Atlas é um idiota, e você agora é minha linda ratinha…
— NÃO!! — Gritei. — PARE! PARE! PARE!!
Mas era inútil, eu precisava de alguém. George atingiu minha mente mais uma vez, lembrei de todas as vezes que ele me possuía sem minha permissão.
Será que estou fadada a isso?
“Se ouvirem "Vermelho", a cena para, sem perguntas.”
Parecia que eu tinha ouvido a voz de Atlas, mas na realidade foi só o meu desespero trazendo a lembrança da nossa conversa.
— VERMELHO! VERMELHO! VERMELHO! — Gritei em desespero, ele segurava meus braços pra cima com um mão, a outra descia pelo meu corpo, ele a enfiou debaixo da minha saia, e me alisava ali.
Não conseguia conter as lágrimas, os soluços, enquanto sentia seu membro me pressionando e suas mãos me acariciando. Fechei os olhos, e gritei com tudo que eu tinha.
— VERMELHOOOOO!!
E foi nesse instante que a porta praticamente voou. E por ela passou, ele…