Os dias estavam passando depressa, engolidos pela correria das últimas semanas. A reforma da clínica seguia a todo vapor — havia poeira, barulho, decisões para tomar a cada instante, mas tudo isso trazia um tipo de exaustão boa, como se cada martelada nas paredes também ajudasse a reconstruir algo dentro de mim.
Era emocionante ver o projeto sair do papel, tijolo por tijolo. Pela primeira vez em muito tempo, eu voltava a me enxergar fazendo o que amo: cuidando, acolhendo, reerguendo não só outras pessoas — mas a mim mesma também.
Enquanto isso, na chácara, os últimos detalhes da decoração estavam sendo ajustados. Bernardo e eu fazíamos escolhas juntos, e mesmo com estilos diferentes, conseguíamos encontrar um equilíbrio. Cada cantinho estava ficando com a nossa cara, como se aquela casa fosse, de fato, o reflexo do que estávamos construindo — devagar, mas com verdade.
Eu me pegava estranhando esse sentimento bom. A calma. A sensação de pertencer. Por tanto tempo, viver com levez