O dia amanheceu com um céu azul claro, e o aroma de café recém-passado preenchia o casarão. Eu já estava vestida quando desci para o café da manhã e encontrei Bernardo sentado à mesa, os dedos tamborilando suavemente contra uma pasta preta de couro.
Ele ergueu o olhar assim que me viu e sorriu de lado.
— Bom dia, esposa.
Revirei os olhos e puxei uma cadeira.
— Ainda não sou sua esposa.
— Detalhes. — Ele tomou um gole do café, como se aquilo fosse apenas um pequeno contratempo.
- Onde está a Lena e o Diogo? - Pergunto me servindo de uma xícara de café.
- Saíram cedo pra transportadora. Será que podemos conversar no escritório quando você terminar de comer? - Ele pergunta e assinto pegando uma fatia de bolo.
O escritório de Bernardo na fazenda era um espaço amplo, com estantes repletas de livros e documentos sobre a administração das terras. A madeira escura dos móveis e o aroma amadeirado do ambiente tornavam o lugar acolhedor, mas ainda assim carregado de seriedade.