O relógio marcava pouco depois de uma da manhã quando Lorenzo ouviu o primeiro som. Não era o bip constante dos aparelhos, nem o zumbido baixo das luzes do quarto hospitalar. Era um gemido contido. Um som que carregava desespero. E dor.
Levantou os olhos do relatório que fingia ler só para não encarar a impotência, e viu o corpo de Isadora se contorcer levemente sobre a cama. A testa franzida, os lábios entreabertos, o peito subindo com dificuldade. Ela murmurava algo em tom baixo e rouco. Algo como “não” e “para”.
Lorenzo se levantou de imediato. Abandonou a cadeira como se tivesse sido empurrado por uma força maior e se aproximou da cama, ajoelhando-se ao lado dela.
— Coelhinha... sou eu. Você está segura. — Sua voz foi um sussurro trêmulo, enquanto acariciava com cuidado os cabelos escuros espalhados no travesseiro.
Isadora abriu os olhos com um susto, ofegante. As pupilas dilatadas e os ombros tensos como se ainda estivesse em luta.
— Ele... ele estava aqui. — murmurou, perdida en